quinta-feira, 27 de maio de 2010

Actualização - Animais de Loures

Recebido por email:




Olá a todos!

Quase todos vocês conhecem a história dos cães que viviam num barracão, em cima de um amontoado de várias toneladas de ossos, e que foram encaminhados para o canil municipal de Loures.

Graças aos esforços de várias associações de protecção animal e de perticulares, e graças também à ajuda preciosa da seguradora Groupama e da Rede Animadomus, que ofereceram a esterilização, desparasitação e um seguro de saúde gratuito válido por 3 meses a todos estes animais, foi possível já retirar do canil cerca de 60 cães.

No entanto, muitos outros continuam, passado todo este tempo, a viver em jaulas exíguas do canil, sem ver a luz do dia, sem passear, sem afecto e sem acesso a alimentação de qualidade e cuidados de saúde básicos. Muitos deles já morreram nas instalações do canil.

Vimos pedir a todas as pessoas que se sensibilizaram com este caso um último esforço na divulgação destes animais. Só com o esforço de todos será possível mostrar aos animais que restam alguma coisa do mundo para além de solidão, medo e dor, que é tudo o que eles conheceram desde o dia em que nasceram.

Podem ver a actualização da situação de cada um dos animais nesta página:

http://www.animaisderua.org/eventos/animais_loures

As associações e FATs que acolheram animais de Loures precisam também muito de ajuda na alimentação e divulgação para adopção destes cães, para que consigam acolher outros. Caso queira ajudá-las de alguma forma, por favor contacte-nos para o geral@animaisderua.org, ou clique nos nomes das associações, na página acima referida, para aceder aos respectivos sites.

Abaixo segue um filme, produzido pela Wiseguys, sobre os animais do canil de Loures. Seguem também imagens de alguns dos animais que precisam de sair do canil com a máxima urgência, e da Lora, no estado em que estava quando saiu do canil.

Muito obrigada a todos.

A equipa da Animais de Rua



Filme sobre os animais de Loures:

http://vimeo.com/10638946
Compreende-se a gravidade da doença quando se ouve um ruído na janela e se sorri de prazer, e se deseja que entre por ali algo de terrível, um monstro, um assassino, um animal selvagem... algo de perigoso e excitante... algo de letal. O prazer indescritível da adrenalina da luta final.
Devia ser o que os gladiadores sentiam ao entrar na arena.

sábado, 22 de maio de 2010

Purga

É verdade, há muito tempo que este blog precisava de uma "purga" de links para outros blogs que já não estão activos ou foram apagados. Considero "não activos" todos os blogs sem actividade há mais de um ano. Os que não foram de facto apagados permanecem ainda linkados na secção R.I.P. (Rest In Peace).
De todos, os que me doeram mais mandar para lá, para o túmulo, foram os do meu "afilhado blogosférico" Goldmundo, mas ele continua a escrever por aí, logo não está tudo perdido. (Mesmo assim, a madrinha tem vontade de lhe aplicar duas nalgadas! E ele sabe...)
Tive pena de já não ter acesso ao Caccaocino, mas as coisas são como são.
Lamento também a paragem da Grande Loja do Queijo Limiano.

A minha lista de blogs colecciona efectivamente os que leio (ou por onde vou passando quando me dá na real gana, o que pode ser algo diferente). A grande verdade é que considero que a blogosfera começou com um grande "boom", e depois se desfez. Simplesmente desfez-se. Não tenho paciência para pôr os olhos em mais nenhum blog "foto+poema". Aliás, apareçam-me com mais um poema à frente e sou capaz de gritar. (Fiquei pior depois de ler "Só", de António Nobre, supostamente o livro mais triste de Portugal, que de facto é "triste" noutra acepção da palavra e sobre o qual nem me dei ao trabalho de escrever).
Se há pessoas que insistem em ter blogs pessoais, que os tornem realmente pessoais, que não se escondam atrás das palavras de outros. Isso não são blogs pessoais, são blogs de engate, e bastante maus, por sinal. (Já os houve bem bons, pois houve).

A verdade, a verdade, é que tenho andado um pouco arredia da blogosfera. Nos últimos tempos, antes de eu própria "quase desaparecer", só lia os blogs políticos (e esses continuam a existir). Neste tema, saliento o genial blog de escárnio e mal dizer que é, na minha opinião, o melhor da blogosfera portuguesa dentro do género: The Braganza Mothers. Se houvesse um Óscar provavelmente não lho/s dariam, mas era para ele/s que deveria ir.
Acontece que a certa altura fiquei doente, se calhar até fisicamente doente, de ler o passa neste país. Algures pela segunda eleição do Sócrates. E perdi o interesse.
E de que outra forma poderia ser, se tenho 38 anos e a minha vida já não vai a lado nenhum?
Para mim, acabou. É o fim da linha. A partir de agora nada muda, nada se transforma, tudo se perde. As merdas que se passam lá fora já não conseguem despertar em mim sequer um vestígio de emoção. (Bem, às vezes ainda os mando para o caralho, quando os vejo na televisão, mas nem vale a pena vir mandá-los para o caralho aqui. É demasiada perda de tempo. E para dizer novamente a verdade, os conselhos que teria a dar às gerações mais novas são tão sanguinários que ainda me metiam na prisão, e eu gosto do meu cantinho de escravidão aqui mesmo onde estou, obrigada.)
Passaram-se anos, anos!, desde Dezembro de 2003, e hoje em dia só me importam aqui as pessoas que são autênticas, as pessoas que se mostram, as pessoas que não têm medo de se revelar. Tudo o resto é merda igual à merda semelhante. Dou os meus parabéns àqueles (poucos) que continuam a ter coragem de ser autênticos, quer na política, quer no sarcasmo, quer no humor, quer na emoção, quer na escrita, quer na arte, aqueles que são "pessoas" aqui como são "pessoas" lá fora, aqueles que persistem apesar do passar dos anos, aqueles que fazem o que gostam e não se ralam do que pensam deles por isso.

A verdade, a verdade, é que por muitos meses deixei este blog quase abandonado devido a projectos pessoais menos transmissíveis. Se o tempo chegar, talvez esses projectos solitários venham a conhecer a audiência adequada.
Não penseis, por momentos, que estive sem fazer nada! Já devíeis saber, meus caros, que não é assim que funciono.

Resumindo e concluindo, fiquei com muito poucos blogs para ler. Queria conhecer mais. Os das pessoas autênticas, os das pessoas que escrevem com a alma. Eis uma excelente oportunidade de deixarem o link para blogs que escrevem ou que conhecem. A porta está aberta e o momento é agora.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O silêncio e merdas afins

A única vantagem de não ter afectos é que não se sente nada quando eles morrem.

*risos*

Quem estou eu a enganar? Sentiria eu mais por ti que tu por mim. Afinal, sou apenas "a disposable friend". Aposto que terias saudades minhas... ao sábado à noite. De resto, é como diz o outro: "I don't exist when you don't see me".

Está mesmo tudo mais que dito e redito.

terça-feira, 4 de maio de 2010

"O Castelo de Otranto", por Horace Walpole

Não sei se esta foi a primeira vez que li "O Castelo de Otranto". Lembro-me de ter estado várias vezes na Feira do Livro, com este nas mãos, folheando e questionando se deveria ou não comprar. Se comprei, e se li, não me lembrava absolutamente nada da história. Algo me diz que não cheguei a ler, por duas razões. A primeira, porque me parecia um conto demasiado pequeno em que gastar o meu dinheiro (sempre preferi histórias longas). A segunda, porque folheando não me pareceu suficientemente sobrenatural numa altura em que eu procurava sobretudo os clássicos mais marcantes.
Isto, de procurar o mais gritante, em si também é curioso, porque a um leitor é necessário conhecer os extremos antes de conseguir apreciar a subtileza do intermédio.
Só agora, finalmente, me debrucei sobre "O Castelo de Otranto", considerada a primeira novela gótica, e a li com outros olhos, e uma uma outra percepção tão vasta e profunda que milhentas ideias me surgiram de seguida. Não sei se conseguirei expor sequer algumas. Foi uma espécie de turbilhão que ainda tem de ser melhor estudado. (Quando digo "estudado", refiro-me à análise mais cuidada desta minha tese embrionária.)
"O Castelo de Otranto" conta uma história interessante sobre um tirano que tudo faz para manter a descendência masculina do seu principado de modo a que este não se extinga por falta de legítimos herdeiros. E é isto, não há nada mais. A maldição, os "efeitos sobrenaturais", são secundários. Por alguma razão lhes chamo "efeitos", como se aplica o termo nos filmes. O que é realmente interessante na história é a forma como Manfred tenta manipular todos os que entram em contacto com ele, e a profundidade psicológica desta personagem escrita no século XVIII (1764). Por isto, sim, fiquei maravilhada.
E decidi procurar mais sobre a "novela gótica". Diz a wikipedia: a novela gótica é um género literário que combina elementos de horror e romance.
Foi aqui que a minha mente se pôs a trabalhar a 1000 à hora. Não a respeito da novela gótica clássica, mas de tudo aquilo que actualmente caracteriza o movimento gótico como o conhecemos. Haverá, actualmente, uma literatura gótica, isto é, moderna? E terá já alguma coisa a ver com o clássico?
Afinal, quanta música gótica trata de fantasmas? Vejam-se os clássicos. As referências são muitas, mas os fantasmas já não estão no exterior. Os fantasmas, actualmente, são projecções dos medos inconscientes. (Freud fazia mesmo muita falta à literatura). E se é a profundidade psicológica de uma personagem como Manfred que me toca, não o é menos o drama existencial dos vampiros de Anne Rice, que já não são personagens de terror, são seres humanos que por acaso são vampiros e que por essa razão conseguem analisar a condição humana por uma lente privilegiada. Na minha opinião, há muito que a literatura que é lida pelo movimento gótico se afastou do "terror" clássico, mais ou menos da mesma maneira que alguém disse dos Joy Division que os seus temas eram góticos, e não consta que falassem de fantasmas. Pelo menos dos fantasmas de fora. E há muito tempo que o verdadeiro terror vem das profundidades da alma, sem sequer a necessidade de o projectar num monstro algures na noite lá fora. A banda que melhor conseguiu fazer esta ligação, escrevendo canções de amor que algumas pessoas interpretaram como a possessão por um íncubo, foram os Fields of the Nephilim. Quando alguém comentou isto, mais ou menos na brincadeira, eu lembro-me de ter perguntado: não é isso que é o sexo, qualquer e todo o sexo? Qual é a diferença? E se é assustador? E desde quando sentir que a felicidade depende de um ser que nos é alheio e incontrolável não é assustador? Para quê mais monstros, se já há tantos onde eles realmente existem e sempre existiram?
Eram muito ingénuos, estes primeiros escritores góticos, mas enfim... Freud fazia falta.