Voltamos à mesma conversa do costume. Eu não quero que me levem para lado nenhum, e não admito que insistam. Sim, perdi pessoas porque não podia acompanhá-las e a vida se encarrega de nos afastar. Os que puderem estar comigo onde eu estou, muito bem, fantástico. Se não for possível, tudo bem também. Não estou a queixar-me. Estou a dizer como as coisas são.
Gold, de facto podias prestar maia atenção. Tu e toda a gente. Está tudo mais interessado em ouvir-se a si próprio e a "encaixar" as pessoas dentro dos esterótipos que existem na nossa cabeça. O que acontece é que quando aparece algo de novo que não cabe na "caixa", nos passa ao lado.
porque ha quem comente para se ouvir e o som ganha matéria quando expressado em palavras, por isso comentam, alguns, e tens conclusoes desse tipo... mas as pessoas afastam se na mesma, por mt finehiro que tenhas, e por mt boa vontade que demonstres...;)
Gotika, não sei falar por "toda a gente". Que me lembre, nunca quis levar ninguém para sítio nenhum (bom, quando tinha oito anos sonhava que um dia seria imperador do universo e as galáxias iriam tremer à minha passagem... mas isso passou depressa). E também sempre resisti (mais docemente do que tu, ou mais sonsamente...) a que me levassem fosse onde fosse.
Não sei falar por toda a gente, e quando te falo não pretendo sequer falar por ti. Talvez esse fosse, sabes, o segredo simples de um mundo mais normal: que nunca ninguém dissesse "nós", e que nunca ninguém dissesse "eles"... mas isso é já outra história.
No entanto, às vezes não sou de mim. E não sei se entendes (tu ou outro qualquer) o que isto quer mesmo dizer. Alguns escritores falam disso, alguns poetas ("quando falo com sinceridade, não sei com que sinceridade falo", disse o Pessoa). Quando quero fumar - estou com um principio de infecção pulmonar, tenho tido febre e não consigo deixar o tabaco como o médico mandou - quem quer fumar em mim, por mim? Quando tenho medo, quem é este medo mais forte que eu? Que coisas somos, cá dentro da fronteira da pele?
Talvez já me conheças o suficiente - quantos comentários teremos trocado, quantas coisas lido? - para saber que parte de mim anda calada, queira-o eu ou não. Duma parte desse calar sei eu a causa (eu, Goldmundo, o único de mim que reconheço como o eu verdadeiro): às vezes vejo pessoas sozinhas como se fossem sendo arrastadas. Como aquele quadro (sabes?) que todos os góticos cultos veneram, a Ofélia tão bonita, mãos postas de morrer descendo as águas de um rio lento. Às vezes vejo coisas de não dever ser.
Uma vez disseste-me "tenho pena que as pessoas não se limitem a ver o que lá está, e queiram ver outras coisas". Sei. Olhamos para uma menina e queremos ver uma princesa coroada de ervas. Olhamos para nós e queremos ver uma coisa simples. Olhamos para o outro e queremos ver o entendimento inteiro.
Não sei. Ou sei tão pouco que nem sei o queria dizer com tudo isto. Estou a falar, como se desenhasse distraidamente. Não ligues. Mas sabes, às vezes olho o gesto de alguém, ou a palavra ou o silêncio, e digo para mim "não foi teu este gesto, este silêncio; alguém te anda comandando. Libertasses-te, e resplandecerias". Sim, e depois quase sempre calo-me. Alguém me comanda também. Terrível.
Tristes aqueles que se regem por principios tão vis como o dinheiro. A amizade deverá estar acima de tudo, é o sentimento por excelência... o próprio Amor mais não é que Amizade sublimada.
Em vez de dizeres que perdeste amigos porque não tinhas dinheiro, deverias dar graças a deus pelo facto de tão pobre gente ter-se afastado de ti...
Aprende que companheiros de estrada temos muitos ao longo da vida, Amigos... se chegares ao fim dos teus dias com uma mão cheia deles és uma pessoa verdadeiramente Rica! :)
“Descansa do som no silêncio, e do silêncio digna-te tornar ao som. Sozinho, se souberes estar só, deixa-te ir por vezes até à multidão” Victor Segalen
Cá para mim, isso é conversa de quem nunca perdeu amigos que acabaram por se esquecer do nosso telefone porque a resposta era sempre "não posso ir". Já disse que não me estou a queixar nem a queixar-me da qualidade dos amigos. A culpa não é deles nem nunca foi. Parvos seriam se não arranjassem quem fosse. A amizade, tal como a tristeza, requer companhia, meus caros. E já nem vou falar do natal, em que não se pensa nos amigos de todo. Merda para o natal, odeio o natal. Do que vos falo é uma espécie de inevitabilidade como o natal. No natal, ou se tem família ou não se tem. E como os amigos, ou se tem dinheiro para ir ao cinema ou o amigo arranja outra companhia. ao fim de 20 vezes, o amigo arranja outro amigo. É a vida. Continuo a falar para o boneco.
15 comentários:
fracos amigos esses, gotika (os do dinheiro)
falar pode ser mais dificil. eu ouço mal (no sentido verdadeiro). já tive pessoas zangadas comigo porque nao as compreendi.
Voltamos à mesma conversa do costume. Eu não quero que me levem para lado nenhum, e não admito que insistam.
Sim, perdi pessoas porque não podia acompanhá-las e a vida se encarrega de nos afastar.
Os que puderem estar comigo onde eu estou, muito bem, fantástico. Se não for possível, tudo bem também.
Não estou a queixar-me. Estou a dizer como as coisas são.
Gold, de facto podias prestar maia atenção. Tu e toda a gente. Está tudo mais interessado em ouvir-se a si próprio e a "encaixar" as pessoas dentro dos esterótipos que existem na nossa cabeça. O que acontece é que quando aparece algo de novo que não cabe na "caixa", nos passa ao lado.
porque ha quem comente para se ouvir e o som ganha matéria quando expressado em palavras, por isso comentam, alguns, e tens conclusoes desse tipo... mas as pessoas afastam se na mesma, por mt finehiro que tenhas, e por mt boa vontade que demonstres...;)
Gotika, não sei falar por "toda a gente". Que me lembre, nunca quis levar ninguém para sítio nenhum (bom, quando tinha oito anos sonhava que um dia seria imperador do universo e as galáxias iriam tremer à minha passagem... mas isso passou depressa). E também sempre resisti (mais docemente do que tu, ou mais sonsamente...) a que me levassem fosse onde fosse.
Não sei falar por toda a gente, e quando te falo não pretendo sequer falar por ti. Talvez esse fosse, sabes, o segredo simples de um mundo mais normal: que nunca ninguém dissesse "nós", e que nunca ninguém dissesse "eles"... mas isso é já outra história.
No entanto, às vezes não sou de mim. E não sei se entendes (tu ou outro qualquer) o que isto quer mesmo dizer. Alguns escritores falam disso, alguns poetas ("quando falo com sinceridade, não sei com que sinceridade falo", disse o Pessoa). Quando quero fumar - estou com um principio de infecção pulmonar, tenho tido febre e não consigo deixar o tabaco como o médico mandou - quem quer fumar em mim, por mim? Quando tenho medo, quem é este medo mais forte que eu? Que coisas somos, cá dentro da fronteira da pele?
Talvez já me conheças o suficiente - quantos comentários teremos trocado, quantas coisas lido? - para saber que parte de mim anda calada, queira-o eu ou não. Duma parte desse calar sei eu a causa (eu, Goldmundo, o único de mim que reconheço como o eu verdadeiro): às vezes vejo pessoas sozinhas como se fossem sendo arrastadas. Como aquele quadro (sabes?) que todos os góticos cultos veneram, a Ofélia tão bonita, mãos postas de morrer descendo as águas de um rio lento. Às vezes vejo coisas de não dever ser.
Uma vez disseste-me "tenho pena que as pessoas não se limitem a ver o que lá está, e queiram ver outras coisas". Sei. Olhamos para uma menina e queremos ver uma princesa coroada de ervas. Olhamos para nós e queremos ver uma coisa simples. Olhamos para o outro e queremos ver o entendimento inteiro.
Não sei. Ou sei tão pouco que nem sei o queria dizer com tudo isto. Estou a falar, como se desenhasse distraidamente. Não ligues. Mas sabes, às vezes olho o gesto de alguém, ou a palavra ou o silêncio, e digo para mim "não foi teu este gesto, este silêncio; alguém te anda comandando. Libertasses-te, e resplandecerias". Sim, e depois quase sempre calo-me. Alguém me comanda também. Terrível.
O Grunfo tem razão. O dinheiro faz aos parvos o que o alho faz aos vampiros. É apenas um modo de detectar imbecis ocultos. Mais nada.
Tristes aqueles que se regem por principios tão vis como o dinheiro. A amizade deverá estar acima de tudo, é o sentimento por excelência... o próprio Amor mais não é que Amizade sublimada.
Em vez de dizeres que perdeste amigos porque não tinhas dinheiro, deverias dar graças a deus pelo facto de tão pobre gente ter-se afastado de ti...
Aprende que companheiros de estrada temos muitos ao longo da vida, Amigos... se chegares ao fim dos teus dias com uma mão cheia deles és uma pessoa verdadeiramente Rica! :)
“Descansa do som no silêncio, e do silêncio digna-te tornar ao som. Sozinho, se souberes estar só, deixa-te ir por vezes até à multidão” Victor Segalen
Cá para mim, isso é conversa de quem nunca perdeu amigos que acabaram por se esquecer do nosso telefone porque a resposta era sempre "não posso ir".
Já disse que não me estou a queixar nem a queixar-me da qualidade dos amigos. A culpa não é deles nem nunca foi. Parvos seriam se não arranjassem quem fosse. A amizade, tal como a tristeza, requer companhia, meus caros.
E já nem vou falar do natal, em que não se pensa nos amigos de todo. Merda para o natal, odeio o natal.
Do que vos falo é uma espécie de inevitabilidade como o natal. No natal, ou se tem família ou não se tem. E como os amigos, ou se tem dinheiro para ir ao cinema ou o amigo arranja outra companhia. ao fim de 20 vezes, o amigo arranja outro amigo. É a vida.
Continuo a falar para o boneco.
Porque é que falo? Estou a enervar-me em vão.
Devia tirar a merda dos comentários outra vez.
Gotika queres vir passear comigo?
não estou a brincar! nem te quero irritar!
queres vir passear comigo?
Rima e é verdade. Ó Klatuu, faltavas tu :P
Swang, tens toada arazao, as pessoas desligam se e nao é pelo dinehiro, é por napo quererem estar connosco eponto final! NÃO NOS QUEREM, SIMPLES!
Faz como eu: arranja amigos que também não tenham dinheiro!
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