(Para começar, o título em português não tem nada a ver com o filme. Isto não é a história do “último vampiro”, nem dos “últimos vampiros”, nem sequer dos “últimos humanos”. Fica a clarificação.)
Uma pandemia (alegadamente causada por um morcego) transformou a esmagadora maioria da população mundial em vampiros. Dez anos depois restam apenas 5% de seres humanos, muitos deles mantidos em cativeiro em condições desumanas para extracção de sangue. Os que conseguiram escapar e esconder-se são perseguidos e capturados por um exército de vampiros criado para esse efeito. Mas nem tudo são rosas neste mundo controlado por vampiros. Com a diminuição dos seres humanos vem também a escassez de sangue, que se torna cada vez mais caro. “Daybreakers” não é exactamente um “filme sério” mas existe espaço para a crítica social: nesta distopia, muito semelhante à nossa sociedade, os mais pobres não conseguem acompanhar o preço do sangue. Isto tem consequências graves, uma vez que os vampiros não alimentados se transformam em “nosferatus” (a palavra é minha) de orelhas pontiagudas, asas de morcego, monstros sem emoções nem racionalidade que inclusivamente atacam outros vampiros. Por esta razão, os vampiros que ainda conservam características humanas são os próprios a tentar exterminar esta raça de desprivilegiados (que tiveram o azar de ser pobres).
Um hematologista, Edward, e a sua equipa de uma indústria farmacêutica (de vampiros), trabalha para conseguir fabricar um substituto para o sangue humano, sem grande sucesso. Edward sente compaixão pelos seres humanos aprisionados (recusando beber sangue humano e sobrevivendo de uma dieta de sangue de porco) e tenciona antes encontrar uma cura para o vampirismo. Já o seu chefe nem quer ouvir falar de tal coisa porque tinha cancro antes de ser vampiro e considera que o vampirismo é a cura para a morte.
No entanto, quando Edward já está em risco de se tornar ele próprio num “nosferatu”, um encontro fortuito com um grupo de humanos fugitivos leva-o a apurar que a cura foi acidentalmente descoberta por um deles. Edward submete-se à mesma cura em ambiente controlado e funciona: torna a ser humano. Mas antes de conseguir espalhar a notícia é traído por um colega da farmacêutica que afirma já ter conseguido criar um substituto para o sangue humano. Contudo, é tarde demais. A escassez está a tornar a maior parte dos vampiros em monstros e já nem há rações de sangue suficientes para o exército, o que significa que os militares se estão a transformar em “nosferatus” também. Um aspecto inesperado da “cura” acaba numa carnificina entre vampiros, a melhor cena do filme.
Não sei como é que “Daybreakers” me escapou este tempo todo, mas devo confessar que nem os vampiros me conseguiram aquecer nem arrefecer. “Daybreakers” é demasiado filme de acção para o meu gosto (tiros/setas, perseguições, militares) e os personagens demasiado bidimensionais para me lembrar deles depois de o filme acabar. Serve para entreter e fazer pensar um bocadinho, mas só isso.
Nota curiosa: estes vampiros são em tudo o vampiro clássico que só pode ser morto com uma estaca no coração, tem caninos salientes, arde ao sol e essa lenda toda, incluindo não se reflectir ao espelho. No entanto, conseguem ser filmados em câmaras digitais. Eu sempre pensei que o princípio do espelho se aplicava também a filmagens (e fotografias), mas se calhar estou muito enganada.
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