terça-feira, 23 de março de 2010

"Os Dez Mandamentos" (2006) mini-série



Nesta altura pré-pascal já é costume que as estações de televisão exibam filmes e séries de teor bíblico. Há pouco tempo assisti a uma mini-série intitulada "Os Dez Mandamentos" que relata vida de Moisés desde que é salvo pela princesa egípcia até à descida do Monte Sinai com as pedras da Lei. Devo confessar que o que me chamou mais à atenção, logo no genérico, foi o nome de Naveen Andrews, que conheço muito bem de outros "delírios". Naveen Andrews é o Sahid de "Lost". Aqui, interpreta o irmão adoptivo egípcio de Moisés, e é a ele que cabe uma das frases mais importantes, logo após a praga da morte dos primogénitos, e que de alguma forma estabelece a perspectiva pela qual é analisado todo enredo: "Que Deus cruel deve ser esse!". É o Deus vingativo do Velho Testamento, Yahvee, Senhor dos Exércitos, cujo anjo exterminador corre as ruas do Egipto e ceifa a vida de crianças e velhos, homens e animais. Moisés assemelha-se muitas vezes a Cristo, nos momentos de crise em que vê a sua vida individual sacrificada aos desígnios superiores do Divino e deseja que afastem dele essa "taça", em que deseja não ter sido ele "o Escolhido".
Desde o início, os hebreus combatem pelo seu direito de existir como povo livre... e matam. No fim, divididos quando ao Deus que devem seguir, hebreus chacinam-se uns aos outros, homens, mulheres, crianças. Matam-se uns aos outros por causa de Deus, esse Deus que não se vê.
É difícil assistir a esta mini-série e não ficar indisposto, e muito zangado com Deus e com a religião, seja ela qual for. Certamente não é o louvor edificante que estamos habituados a ver por esta altura. Mas já dizia o Mestre "conhece a verdade e a verdade libertar-te-à". Antes a verdade que as mentiras do costume.

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