sábado, 13 de outubro de 2018

Frozen / Pânico na Neve (2010)


Três jovens são acidentalmente esquecidos num teleférico de uma estância de esqui. É noite, a temperatura é negativa, há uma tempestade de neve. Mas o frio não é o maior problema deles. Este é um daqueles casos em que o título português se aplica melhor do que o original. Sim, o frio é um problema também, mas o filme nunca se centrou na eventualidade de morrerem de hipotermia. Pelo contrário, se as temperaturas fossem assim tão baixas a história teria acabado muito mais cedo. Esquecidos no teleférico, a descoberto, pendurados a demasiada altura do chão, eles sabem que a estância de esqui vai ficar fechada a semana toda. Ninguém virá procurá-los. Não têm telemóveis com eles. Têm de sair dali ou morrerão de sede, de fome ou de frio, consoante as condições climatéricas a que ficarão expostos.
É um pouco incerto se a distância do chão é suficiente para saltar. Um deles tenta e parte ambas as pernas. Como se não fosse já uma situação terrível, de repente aparece uma alcateia de lobos atraída pelo sangue…
A premissa do filme é muito simples, mas as consequências são dramáticas. Este é um daqueles “podia acontecer a toda a gente” nas circunstâncias erradas. Não precisamos de investir muito nas personagens. O que conhecemos delas antes do acidente é suficiente para percebermos que não são excepcionais. São apenas pessoas normais apanhadas numa situação extrema em que têm de encontrar maneira de sobreviver.
E sim, existem alguns problemas de credibilidade neste filme. Por exemplo, que jovens desta faixa etária não levassem os telemóveis, mesmo arriscando-se a parti-los. Se fosse gente mais velha ainda acreditaria. Gente desta idade, não. Desde quando é que o risco de partir o telemóvel os impede? (Papá compra outro.) Mas de certeza que o filme arranjaria maneira de tornar os telemóveis inoperacionais (falta de rede) e ia dar ao mesmo. Por isso não considero uma falha significativa. Menos credível é que uma estância de esqui estivesse fechada desde domingo à noite até sexta-feira, isto é, a semana inteira, em plena época alta. Há sempre gente de férias, especialmente as pessoas que gostam de esquiar e que marcam as férias de propósito neste período. Isto já faz menos sentido. Mas a presença dos lobos, que também é estranha num local tão frequentado, até pode ser explicada por este lapso regular de actividade da estância. Uma estância, aliás, que devia ser encerrada por motivos de segurança. Bastou balançar um bocadinho o teleférico para saltar o parafuso principal que o mantinha preso à estrutura!
Mas nada disto é impossível e pode resultar de uma simples confluência de azares. Os nossos jovens estavam no sítio errado à hora errada. A partir do momento em que compreendemos a situação ficamos irremediavelmente agarrados ao filme. À medida que o perigo aumenta, temos de ver o final. É impossível não torcer por eles.
“Frozen” é um bom filme de “terror situacional”. Curto, tenso, sem desvios desnecessários, de um suspense de cortar à faca. Gostei e recomendo. O título é que podia ter sido mais bem escolhido.

Nota: os amantes de gore vão preferir ver a versão em DVD, que mostra cenas (não vou revelar de que tipo) que no filme original apenas se ouvem. Pessoalmente, bastou-me ouvir. Aplaudo a decisão de não cair na tentação de mostrar. Neste caso, Adam Green, o realizador, fez uma boa escolha em deixar certos pormenores à imaginação.


15 em 20

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