Well, I'm back...
What do you cry for?
When I'm dead,
will you cry more?
Well, I'm back...
what do you cry for?
When I'm dead,
will you cry more?
This has been a sequel
this is how the sequel ends
this has been a sequel
this is how the sequel ends...
Fields of the Nephilim, "The Sequel"
Tive um sonho, no outro dia. Sonhei com o meu funeral.
Ninguém apareceu. Era só eu, num caixão.
Pode-se pensar que tenha sido um sonho angustiante, ou mesmo perturbador, mas não foi. No que diz respeito à morte, não sou de enterrar a cabeça na areia. Já o mesmo não se pode dizer no que diz respeito à vida... De certa forma, não foi inesperado. É claro que ao acordar fiquei fula com as pessoas que eu acho que deviam lá estar mas não estavam. Mas não durante o funeral, em que estava morta, embora no sonho fizesse o papel de espectadora, e pouco me ralava se lá estavam ou não. Era um bocadinho tarde demais para me ralar, acho eu.
Tenho andado fisicamente doente. Tem sido penoso regressar à realidade após 14 meses de uma experiência avassaladora, de uma forma de êxtase que muito poucos mortais têm o privilégio de experimentar. Nada disso é importante agora. O que é importante é que me pus a pensar como era dantes. E demorei a perceber que dantes era como agora: eu sozinha em casa a beber para deixar as lágrimas correr livremente.
Nunca foi de outra forma, nunca será de outra forma.
No fim, sou só eu, a gata, e Deus.
Estou um bocado farta é das cólicas.
E é por isso que vou dizer-vos aquilo que há muito tempo ando para dizer: Sabem, a minha "vida" não se pega. O meu sofrimento não se pega. Não precisam de fugir. Mas se o fizerem, só significa que são cobardes e não há lugar para cobardia perto de mim.
E acho que é nisso que voltamos ao mesmo. Mais uma vez. Ao mesmo. Não há nada que eu despreze mais do que a cobardia. Principalmente aquela forma de cobardia cínica, que tenta desesperadamente esconder ou fingir. O que nos leva novamente ao mesmo. A mentira. A pior forma de mentira.
Não, não irei ao teu funeral. Enterra-te a ti mesmo nos teus joguinhos da vida. Mas não me enterrarás a mim também.
E não, não podes comentar. Tiveste muito tempo para falar. Tivesse-lo aproveitado.
Adeus.