domingo, 7 de dezembro de 2008

Kuranes

In a dream Kuranes saw the city in the valley, and the seacoast beyond, and the snowy peak overlooking the sea, and the gaily painted galleys that sail out of the harbour toward distant regions where the sea meets the sky. In a dream it was also that he came by his name of Kuranes, for when awake he was called by another name.

Perhaps it was natural for him to dream a new name; for he was the last of his family, and alone among the indifferent millions of London, so there were not many to speak to him and to remind him who he had been. His money and lands were gone, and he did not care for the ways of the people about him, but preferred to dream and write of his dreams. What he wrote was laughed at by those to whom he showed it, so that after a time he kept his writings to himself, and finally ceased to write.


in "Celephais", H. P. Lovecraft

3 comentários:

DaucusKarota disse...

É uma historia fixe esta "Celephais", lembra muito uma outra obra - "Os Demónios de Randolph Carter" - também de Lovecraft.
Este trecho em concreto que aqui citas é particularmente curioso, pois remete a identidade pessoal para o reconhecimento social e, sem ele, difunde-se esta em prol do delírio - "Perhaps it was natural for him to dream a new name" - processo tipicamente esquizóide, tal como a personalidade de Lovecraft!!!

katrina a gotika disse...

Tenho outra opinião. Não considero Lovecraft nada esquizóide. Alguns dos seus personagens é que são "lunáticos", mas o autor nunca se mistura. As histórias do Randolph Carter são o pior que ele escreveu, na minha opinião.
Mas sim, Kuranes é do tipo Randolph Carter. Uma criatura que sonha com um mundo completamente à parte. É poético, não esquizóide. Aliás, neste conto Kuranes até é descrito pelo autor como consumidor de droga (não me lembro qual ou se esta é especificada) para poder "sonhar melhor". Deste modo é explicado como Kuranes passou a viver nos/dos seus delírios.

DaucusKarota disse...

O facto de ser uma questão poetica não quer dizer que o processo subjacente não seja esquizóide. Muito dificilmente um qualquer processo de linhagem neurótica produziria "poesia" como a que Lovecraft cria. Seja como for, a biografia de Lovecraft aí está para, eventualmente, o confirmar... de resto, não conheci o senhor, portanto só posso especular.
As histórias do Randolhp Carter são, de facto, mais maçudas do grande parte do resto da obra de Lovecraft, mas têm uma imagética muito interessante que acho valer a pena ser lido.