domingo, 29 de setembro de 2024

The Nun / A Freira Maldita (2018)


O filme devia chamar-se “A Abadia” (nome que lhe dão, quando deviam chamar-lhe “convento”) mas penso que “The Nun” é a prequela (?) de “The Conjuring 2” e que a tal Freira Maldita vem de lá. Em “The Nun” temos alguns flashbacks com o casal Warren de “The Conjuring” em que vemos Vera Farmiga no papel de Lorraine Warren.
Na verdade, “The Nun” não se passa em nenhuma abadia nem mosteiro nem convento mas sim num castelo medieval na Roménia, mandado construir por um nobre que lá tentou estabelecer um portal para o inferno. A Igreja acabou por tomar posse do castelo e, para “conter” o portal, este foi transformado em convento. As monjas tinham por missão a “adoração perpétua”, isto é, revezar-se a rezar dia e noite para que o portal não se abrisse.
Em 1952, abalado pelos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial, algo muda no convento e o portal abre-se (pelo menos é esta a explicação do filme).
No início do filme uma jovem freira é encontrada enforcada da janela do convento. Nós sabemos porquê, mas o Vaticano não sabe e envia para lá o padre Burke, investigador de milagres e de tudo o que é sobrenatural, e a noviça Irene, escolhida por ter visões com a Virgem Maria.
Irene é Taissa Farmiga (conhecida de “American Horror Story”), irmã mais nova de Vera Farmiga (a Norma Bates de “Bates Motel”), e as parecenças são tão notórias que por algum tempo pensei que Taissa estaria a interpretar uma Lorraine Warren mais nova, ou que, pelo menos, iria ver as duas Farmigas a contracenar juntas. (E faço este aparte para salientar que seria uma delícia tê-las juntas, como irmãs ou mãe e filha.) Mas ainda não foi desta.
O filme vale pelo cenário. Um castelo em ruínas no meio da floresta densa, onde só se consegue ir de carroça, a sensação de isolamento e de que algo está muito errado, as cruzes espetadas no chão em toda a volta, não para proteger o convento mas para impedir o Mal de escapar, o cemitério do castelo, em que ainda se usavam as sinetas do tempo da peste quando as pessoas tinham medo de ser enterradas vivas. Frenchie, o jovem franco-canadiano que abastece o convento e que descobriu o corpo, diz aos investigadores que os habitantes da vila cospem para o chão sempre que se menciona a abadia. Mais ambiente do que isto é impossível.
Assim que chegam, Frenchie encontra o corpo da freira onde a tinha deixado, mas na posição sentada. Isto significa duas coisas: que existe gente no convento e que alguém moveu o corpo mas não o enterrou durante dias e dias, o que não bate certo com um comportamento religioso.
Mas as freiras sempre aparecem à irmã Irene e convidam-na a entrar. O padre fica em aposentos contíguos mas exteriores e passa a noite a ser assombrado por um exorcismo do passado que correu mal. A madre abadessa também lhe aparece, coberta por um véu, e é sinistra que baste.
Há duas cenas muito boas entretanto: o padre é atacado e enterrado vivo numa das sepulturas com a sineta. É Irene quem o salva. A outra cena é quando Irene está a rezar com as outras freiras e é atacada também. Algo de invisível lhe rasga as costas do hábito branco de noviça e a chicoteia. As marcas do chicote formam um pentagrama de sangue. Irene nunca pára de rezar. Isto sim, é terror.
A partir daqui o filme envereda pelos clichés e pelos sustos do costume e estraga tudo o que tinha feito até então. É sempre uma pena quando isto acontece mas actualmente parece ser a norma. Os realizadores parecem ter medo de não conseguir assustar as pessoas com terror psicológico, como na primeira parte do filme.
Voltando ao princípio, o que se passa aqui é um demónio que quer possuir um veículo qualquer para sair dali, seja freira, seja padre, seja quem for que apanhar. A Freira Maldita aparece aqui e ali mas sem ver o filme anterior não lhe achei nada de tão ameaçador que merecesse o título do filme. Por outro lado, ainda bem que vi este primeiro. Assim posso avaliar se a prequela bate certo com a sequela.

13 em 20 (pelo castelo na floresta)

 

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