domingo, 8 de setembro de 2024

Lucifer / Lúcifer (2016 - 2021)

Há muito tempo que eu tinha curiosidade em ver esta série mas só agora tive oportunidade (obrigada SyFy). “Lucifer” vem altamente recomendado, primeiro por uma amiga com gostos similares aos meus, segundo por ter sido mencionado em “Sobrenatural” pelo próprio Lúcifer (o Lúcifer deles) quando este diz que podia “tirar umas férias e ir combater o crime”. Alguns dos actores de “Lucifer” também participam em “Sobrenatural”.
O Lúcifer de “Sobrenatural” resumiu bem o enredo: Lúcifer está farto de ser o Rei do Inferno (porque o Pai – sim, esse Pai – o condenou a ser o castigador dos pecadores que vão para lá) e decide ir tirar umas férias de playboy em Los Angeles, onde tem uma discoteca chamada Lux (não é a nossa) e passa a vida nos copos, em festas e orgias, e a não fazer nada de útil, e continua a sentir-se aborrecido.
É por acaso que conhece a detective Chloe Decker, uma mulher pragmática, divorciada e mãe, que não podia ser mais o seu oposto. O grande poder de Lúcifer é fazer com que as pessoas lhe confessem o seu maior desejo* (e conceder favores, é claro) mas Lúcifer fica estupefacto porque o dom não funciona com Chloe. Aliás, nenhum dos seus charmes funciona com Chloe, que nem acredita que ele é o Diabo, muito embora Lúcifer lho diga repetidamente.
(* O objectivo é que as pessoas confessem os seus desejos mais maléficos, sombrios e medonhos, mas às vezes o tiro sai pela culatra quando alguém diz: “o meu maior desejo é criar um santuário para gatos”.)
Esta parte é inteligente e teológica: Chloe é tão íntegra que o Diabo não tem poder sobre ela; por outro lado, como se costuma dizer, a maior proeza do Diabo foi convencer as pessoas de que ele não existe, logo, bem feita para ele.
No entanto, Chloe e Lúcifer estabelecem uma boa parceria a resolver homicídios. Na verdade, uma das razões porque não procurei esta série mais cedo foi mesmo a parte do policial, que não é o meu género favorito. Todavia, e felizmente, os episódios despacham os homicídios-da-semana depressa graças aos poderes diabólicos do protagonista e ficamos com todo o tempo para aprofundar os esforços de Lúcifer, um anjo, para compreender a humanidade. Quem se lembra de Castiel sabe que isto não é fácil para um anjo, muito embora Castiel fosse um anjo “bom” e Lúcifer, a princípio, seja um narcisista convencido que só pensa nele próprio e que irrita as pessoas à sua volta. Lúcifer não é maléfico mas o seu hedonismo não o deixa ver um palmo à frente do nariz se o assunto não lhe interessar directamente. Esta discrepância, que ele não entende, leva-o ao divã de uma psiquiatra, onde ele arranja sempre maneira de distorcer as palavras dela segundo lhe convém.
Mas nem tudo são rosas para Lúcifer. Amenadiel, um anjo do Senhor (para citar Castiel), é enviado à terra para mandar Lúcifer de volta para o seu lugar no Inferno, onde Amenadiel ficou (contrariado) a substituir o Príncipe das Trevas. Obviamente, nenhum deles quer lá regressar. Amenadiel encontra-se igualmente na convivência de humanos pela primeira vez e isso também lhe causa confusão. Depois de se envolver sexualmente com Mazikeen, um demónio (feminino e muito sensual) ao serviço de Lúcifer, Amenadiel começa também a desenvolver sentimentos por humanos, o que não ajuda a sua imparcialidade angélica mas que o faz perceber a atracção de Lúcifer pela vida terrena.
A metáfora vai mais longe. À medida que Lúcifer se envolve com Chloe, começa a aperceber-se de que perto dela deixa de ser imortal e invencível, tornando-se vulnerável como um mero humano (a metáfora é de que o Diabo só tem poder a quem lho atribui), o que também tem conotações românticas que nenhum deles quer reconhecer.
Quanto mais avançamos na série mais nos embrenhamos na mitologia divina/angélica/bíblica, o que é sempre divertido.
Esperem, já vos disse que “Lucifer” é essencialmente divertido, ainda mais do que “Sobrenatural”? A série não almeja exactamente arrancar gargalhadas mas já me provocou umas quantas e as “piadas” não são exactamente do tipo óbvio. (Podia contar-vos algumas mas não quero estragar a surpresa.) “Lucifer” vai agradar a todos os saudosos de “Sobrenatural” mas vale bem por si própria. É ir já a correr ver.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

PARA QUEM GOSTA DE: Sobrenatural, SurrealEstate, anjos, demónios, drama, comédia






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