Esta é a prequela de “Insidious” antes da família Lambert. O filme até começou bem e fez-me interessar pelas personagens. Quinn, uma jovem que perdera a mãe há cerca de um ano, procura a médium Elise Rainier para lhe pedir uma consulta com a mãe falecida. Quinn está convencida de que sente a presença da mãe na sua casa e até já a tentou contactar sozinha. Elise avisa-a de que isso é perigoso e de seguida diz uma coisa muito interessante: quando se fala a um morto, todos os mortos ouvem. (O conceito é interessante mas não creio que quando me lembro de um amigo já desaparecido e lhe digo “ainda não acredito que já não estás aqui” os mortos se ponham a ouvir uma conversa que não lhes diz respeito vinda de alguém que não lhes interessa nada. Mas a ideia que o filme explora não é nova. No “Exorcista” também foi quando se puseram a brincar com uma ouija board que Regan ficou possuída. Por outro lado, sempre fiquei com a ideia de que o problema não foi exactamente a ouija board mas terem-na usado como uma brincadeira, sem o respeito devido. Por outro lado ainda, também não acredito que tenha sido por isto que Regan ficou possuída, mas antes como veículo para chegar ao padre exorcista que já tinha um historial com Pazuzu. Mas voltando a “Insidious”...)
A médium Elise Rainier também tem uma história interessante. O marido tinha-se suicidado há pouco tempo, vítima de depressão. Elise ainda dorme abraçada à camisola dele. Obviamente que o tentou contactar, vimos a saber mais tarde, e que para isso teve de ir à região das Trevas no Longínquo (segundo a nomenclatura da própria). Isto fez com que o fantasma da chamada Noiva Negra se tenha agarrado a ela e a queira matar. Porquê? Porque sim. Não façam perguntas difíceis.
Entretanto, Quinn continua a notar acontecimentos estranhos mas que podem ser explicados por motivos racionais. Como daquela vez em que acorda com um barulho no quarto que pode ou não ter sido um pesadelo. Ou daquela outra vez em que está a brincar às pancadas na parede com o vizinho do lado, outro adolescente que tem uma paixoneta por ela. Começam a trocar mensagens e é então que ele diz que nem sequer está em casa. Isto sim, é terror.
De seguida, Quinn é atropelada e sofre uma experiência de quase-morte que a leva ao Além. Mas, na verdade, a situação já acontecia antes, portanto não sei o que é que se queria insinuar com isto. Quinn até é atropelada precisamente porque vê a assombração que a persegue do outro lado da rua. Mas a partir daqui a situação torna-se ainda mais opressiva porque Quinn fica com as duas pernas partidas e não pode fugir do que a assombra. A vida em família também está completamente descontrolada desde que a mãe morreu. O pai não está a conseguir tomar conta de tudo e principalmente do miúdo mais novo, para além da dor de perder a mulher. Quinn, na sua adolescência, acusa-o de querer ignorar que a mãe morreu porque ele nem sequer fala dela. Tudo muito realista e dramático.
Até aqui eu estava a implorar: “Filme, não fiques histérico! Estás a ir tão bem, dá-me esta hora e meia de felicidade! Não fiques histérico, vá lá!” Mas isto é “Insidious”, infelizmente. É claro que passada meia hora ou 45 minutos o filme já estava a cair no histerismo, precisamente o contrário de “insidioso”.
Acontece que há um fantasma/demónio no prédio que quer possuir Quinn e que até já tinha feito uma vítima anterior. O prédio parece o hotel de “Shining”, muito convenientemente. Também não se percebe porque é que só agora é que o fantasma/demónio quer possuir Quinn. Se calhar tinha muito que fazer antes. O fantasma/demónio (sinceramente, nunca percebi o que era) é chamado de “o homem que não consegue respirar” e usa uma máscara de oxigénio. Porquê? Se calhar porque tem medo do Covid. Passando à frente. A entidade começa a ser cada vez mais violenta e por duas vezes arranca Quinn da cama e atira-a ao chão. O que é isto? Conotações sexuais? Por esta altura já não sei o que estava a ver exactamente.
Finalmente o pai assiste a algo que o convence da presença do sobrenatural e vai ele próprio pedir ajuda a Elise Rainier. Esta já sabia que Quinn precisava de ajuda. Apesar da relutância, aceita. Influenciado pelo miúdo mais novo, o pai também pede ajuda aos dois caça-fantasmas, que não conseguem ajudar. É assim que eles conhecem Elise. Ah! Como se me interessasse muito saber. Mas avançando.
Os caça-fantasmas são o suposto “comic relief” mas eu não lhes acho graça nenhuma. Todavia, não são eles que estragam “Insidious”, apesar de tentarem bastante. A certa altura Elise vai ao Longínquo, onde é confrontada por uma entidade maléfica. E que faz Elise, em espírito, no Além? Dá um soco ao fantasma. Não contente com isto ainda lhe diz “toma lá cabra!”.
Da outra vez desatei-me a rir com o diabo chifrudo, mas aqui parei o filme, bati na testa e abanei a cabeça. Estava a ir tão bem!
Daqui em diante são os clichés do costume e o filme perde o interesse todo. “Insidious” é como se alguém julgasse que um filme de terror não tem de fazer muito sentido e que pode ser apenas um sortido de imagens sinistras, como num vídeo de música. Eu já estava vacinada contra a série mas garanto que o princípio até prometia. Agora peço que as sequelas fiquem por aqui, e que ninguém se lembre de fazer uma nova prequela a explicar porque é que o fantasma/demónio não consegue respirar (tirando o facto de estar morto e/ou de ser um espírito) e precisa de uma máscara de oxigénio. As doenças respiratórias devem ser um grande problema no Além.
Muito, muito mau.
12 em 20 (pelo princípio promissor)
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