E porque logo é Halloween, aqui vai um post do diário pessoal do terror quotidiano, 100% Gotika™.
Transcrevo de seguida parte do artigo de opinião de Pedro Gomes Sanches, “Portugal: crónica de uma morte anunciada?”, publicado no Observador online a 25 de Outubro.
É sempre tão saboroso quando encontro quem diz tudo o que eu já ando aqui a dizer há 17 anos! Só é pena os mesmos não terem aberto os olhos mais cedo, e agora já é tarde para mim. Se calhar bateu lá à porta dele? Desculpem lá o cinismo, é o que tenho observado nestes 17 anos de blogosfera, desde o tempo em que eu dizia coisas destas e me mandavam para o psiquiatra porque estava “deprimida” (nunca lhes tinha batido à porta deles):
Até aqui concordo com tudo. Excepto com a parte de jovens qualificados “sem expectativa de ganhar mais que mil euros”. Quais mil euros, ó pázinho? Onde é que se ganha mil euros, até já com experiência profissional de 20 anos? No meu tempo os jovens qualificados iam trabalhar para as empresas de borla, como estagiários, durante anos! Com os paizinhos a financiar.
Mas depois o autor estraga tudo, e revela a sua agenda política, quando diz: “Neste país manda o Governo mais incompetente de que há memória, pelo menos, desde o PREC.”
A memória do autor do artigo não pode andar muito bem, porque eu lembro-me de muito mais incompetência e, acima de tudo, de corrupção endémica e sistémica. Este é o governo mais incompetente desde o PREC? Não me façam rir. Isto não começou aqui nem ali, isto vem “de longe, de muito longe”, como diz a canção, e todos têm sido incompetentes e, acima de tudo, corruptos.
Este também foi o governo que se deparou com as maiores tragédias que tenho em memória no pós-25 de Abril (corrijam-me se falhar alguma), os incêndios de 2017 e a pandemia. Já nem falo da pedreira de Borba porque já é normal que de vez em quando caia uma ponte (Entre-os-Rios, 2001, 59 mortos), devido à inépcia e incúria na sua conservação (em Portugal o dinheiro tem sempre para onde ir menos para onde é importante, não se sabe já?).
Mas se pensam que estou aqui a defender o Costa, nem lá perto. O Costa anda numa deriva autoritária, não porque goste, coitado, mas porque o obrigam, porque se as pessoas fizessem o que ele quer o Costa não precisava de ser autoritário. (Não fui à procura do link para isto nem acho que precise. Toda a gente ouviu.)
O Costa precisa de um “abanão”, como ele próprio diz, assim tipo a polícia a mandá-lo parar na rua e a pedir-lhe os documentos que provem que é Primeiro-Ministro, porque é sempre muito agradável ser parado na rua, como um criminoso, para provar que vamos trabalhar, como se o simples facto de ir trabalhar não fosse já suficientemente desagradável. E já agora, ao Presidente da República também: “Mostre lá os documentos de Presidente, faxavor.”
Aliás, todos os partidos do “arco” estavam a precisar de um abanão, e tiveram-no quando lhes entraram pela porta dentro quatro novos partidos, algo impensável, por exemplo, quando comecei este blog. Eleger o Bloco de Esquerda lá para dentro já custou o que custou, digo eu que ajudei.
Aqui não me interessam as doutrinas, ideologias e filosofias dos novos partidos na Assembleia, mas apenas que foram eleitos. Interessa-me que houve um número significativo de portugueses que se fartou de votar com a carneirada e começou a votar nas alternativas que se lhe apresentaram. Portugueses que quiseram “ser a ovelha negra” (os leitores mais antigos lembrar-se-ão deste slogan do PSR). Portugueses que realmente deram um “abanão” aos partidos comodamente instalados a distribuir tachos pelos amigos, família, e negociatas ainda mais sórdidas.
Ainda se deve ter esperança, afinal, no povo português?
Quando é que são mesmo as próximas eleições?