Esta não será uma série fácil de ver para algumas pessoas. É a história de um grupo de adolescentes com cancro que vivem numa instituição para jovens terminais. À meia noite, um grupo deles encontra-se na biblioteca e participa no tal Midnight Club, onde cada um tem de contar uma história aos outros. Os membros do clube têm um pacto: o primeiro a morrer tem de tentar enviar uma mensagem a provar que existe vida para além da morte.
Algo nesta série me recordou o clássico “O Clube dos Poetas Mortos”, mas muito mais literalmente. A invocação que dá início aos trabalhos é um brinde bastante tocante:
“Aos que vieram antes e aos que virão depois.
A nós agora e aos do Além.
Visíveis ou invisíveis. Aqui, mas não aqui.”
Ilonka é uma excelente aluna de 17 anos, prestes a entrar numa universidade de prestígio e com a vida toda à sua frente, quando é diagnosticada com cancro da tiróide. Um ano depois, quando os tratamentos fracassam, Ilonka pesquisa na internet sobre a instituição da Dra. Stanton para jovens terminais, onde, nos anos 60, uma rapariga igualmente diagnosticada com cancro da tiróide desapareceu durante uma semana e regressou curada. Ilonka inscreve-se nessa esperança, mas depressa descobre que o companheirismo entre outros jovens na mesma situação é quase tão valioso como uma cura. Afinal, apesar das limitações do cancro, ainda há algum tempo para viver.
No entanto, Ilonka mantém a esperança de descobrir o segredo que curou a rapariga dos anos 60, o que a leva a envolver-se com um grupo de adeptos de remédios naturais cujas práticas não são tão inofensivas como parecem.
Como história de terror, “The Midnight Club” não resulta muito bem. Chegando ao fim da série podemos mesmo perguntar-nos se alguma coisa do que aconteceu teve base sobrenatural ou não. Os miúdos têm visões, especialmente de uma sombra que os persegue e que todos identificam como a morte a vir buscá-los, mas por outro lado concordam que as visões podem ser resultado das carradas de medicação que têm de tomar e da ansiedade natural que a situação lhes causa. No último episódio pode aparecer ou não o tal “sinal do outro mundo”, mas é tão facilmente explicável por motivos plausíveis que fica à interpretação de cada um. O terror, aqui, é mesmo um terror muito natural: são miúdos que ainda mal começaram a viver e que já estão a morrer.
Penso que o ponto fraco desta série foram mesmo as histórias. Em todos os episódios vemos a história que está a ser contada. O Clube prefere as histórias de terror (porque “é difícil assustar quem já recebeu as piores notícias que podia receber”) mas os géneros podem variar do policial à ficção científica. De cada vez que uma história é contada quase nos esquecemos do enredo principal. É verdade que estas histórias vão ser importantes para compreendermos um dos episódios mais surrealistas, mas se cortássemos radicalmente as histórias a série ficaria reduzida a dois ou três episódios mais potentes sobre as vidas das personagens propriamente ditas.
Mesmo assim, “The Midnight Club” é uma série sensível que encara a morte de frente e até as histórias contadas pelos personagens fazem grandes momentos de televisão. Recomendo vivamente.
ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez
PARA QUEM GOSTA DE: The Haunting of Hill House, The Fall of The House of Usher, Midnight Mass, Mike Flanagan, cultos
domingo, 16 de junho de 2024
The Midnight Club (2022)
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