Este filme interessou-me muito porque segue a vida de Dan Torrance, o miúdo que todos conhecemos de “The Shining”. Ele e a mãe são os sobreviventes dos acontecimentos horríficos do hotel Overlook onde o pai de Dan morreu depois de ter tentado matar a família por estar possuído pelos espíritos maléficos do hotel.
Ainda em miúdo, Dan tem uma conversa com o fantasma de Dick Hallorann, o cozinheiro do Overlook a quem Dan enviou um SOS psíquico em vão. Dan decide esconder os seus poderes psíquicos, talvez devido ao trauma.
Não admira que já adulto Dan seja um homem deprimido e perturbado, que se refugia no alcoolismo. Um dia decide deixar o álcool e vai trabalhar como auxiliar de um lar de idosos. O lar tem uma gata que parece saber sempre quem vai morrer a seguir, deitando-se aos pés da cama do moribundo. Dan segue-a e descobre que tem um dom para tranquilizar os doentes terminais, o que lhe vale a alcunha de Doctor Sleep.
Esta vida “pacata”, na “clandestinidade”, é interrompida quando Dan recebe um apelo psíquico da uma rapariguinha chamada Abra, alguém com poderes psíquicos iguais aos dele. Abra assistiu, em sonhos, ao homicídio de um rapazinho por um grupo de vampiros. Digo “vampiros” no sentido lato, uma vez que não bebem sangue mas alimentam-se das almas das vítimas, especialmente do medo e da dor.
Relutantemente, Dan aceita conhecer Adra mas aconselha-a a esconder os seus dons uma vez que este grupo de vampiros quase imortais tem poderes únicos. Se ela os viu, eles também a “viram”, o que não só a coloca em risco como também à família dela.
Este ninho de vampiros, saliento, é deveras assustador. Por exemplo, guardam o “resto” das almas não consumidas em recipientes que mantêm para emergências e preferem exactamente as almas das pessoas que têm poderes psíquicos, como Dan ou Abra.
Num último encontro com o fantasma de Dick Hallorann, este diz-lhe que é seu dever ajudar a miúda, e Dan concorda. Mas para derrotar estes vampiros poderosos Dan tem um trunfo: voltar ao Overlook, onde todos os espíritos famintos os aguardam. Foi bom ver o Overloook outra vez, embora não seja o Overlook de Stanley Kubrick. Este é um hotel abandonado, fechado e decrépito, uma sombra da sua glória (e ameaça) passada. Saliento a conversa que Dan tem com o barman fantasmagórico, que tudo indica ser o próprio Jack Torrance que ficou preso para sempre no Overlook.
Confesso que esperava mais de “Doctor Sleep” (e de Dan Torrance) e que o final me deixou desiludida e até um pouco triste. Não queria daqui uma saga, mas Dan Torrance tinha um “shining” extraordinário capaz de chamar Dick Hallorann à distância (a ponto de o próprio Dan preferir esconder as suas capacidades), e não vi esses imensos poderes psíquicos aqui.
“Doctor Sleep” é um filme de nostalgia, principalmente, com algumas imagens do original “The Shining” e tudo, com um argumento sólido que se sustenta por si só, mas para um sucessor de “The Shining” penso que todos queríamos mais.
15 em 20
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