terça-feira, 19 de março de 2024
12 Years a Slave / 12 Anos Escravo (2013)
Por alguma razão, este filme não teve em mim o impacto que devia ter tido. A história é baseada em factos verídicos. Um homem negro de Nova Iorque, Solomon Northup, nascido livre, é raptado e forçado a viver em escravidão na Luisiana durante doze anos até conseguir ser libertado e voltar a casa. As suas memórias foram registadas em livro.
O filme claramente quer mostrar-nos o que foi a escravatura no sul dos Estados Unidos. Acontece que nada disto é novidade para mim, como o deve ter sido para outros espectadores. Cresci com a telenovela brasileira “A Escrava Isaura” e assisti ao soberbo “Raízes” (“Roots”). Em vários filmes e séries do género já assisti a tudo o que vi aqui e pior. (Até em “Outlander”, imagine-se.) Logo, não houve factor novidade. Conheço estas atrocidades todas.
O que faltou? O filme quer mostrar-nos o que era a escravatura, mas nunca nos mostra quem é de facto Solomon Northup. Sim, é um homem decente, sabemos que quer sobreviver e escapar e regressar para a sua família (quem não quereria?), mas tudo isto é demasiado genérico e bidimensional. Solomon Northup não é um personagem em si próprio; é um símbolo. Muitas vezes dei por mim a pensar antes em “The Handmaid’s Tale”, que estava a ver na altura, e em como em narrativas semelhantes (as Servas são forçadas à escravidão pela violência) as personagens são tão bem desenvolvidas.
E depois temos a aparição deus ex machina de Bratt Pitt, qual anjo salvador, que só ali está para ajudar Solomon, finalmente.
Ou seja, o filme adquire uma tonalidade quase panfletária em vez de contar a história do homem de carne e osso que foi Solomon Northup. Exemplo disto é que só lhe vemos a família no princípio e no fim. Se calhar o objectivo do filme era mesmo que não olhássemos para o homem mas antes para os horrores da escravatura. Se era isso, objectivo conseguido, mas podia-se conseguir melhor.
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1 comentário:
Brilho radiante em sua postagem! Esclarecedor, bem articulado e um prazer de ler. Obrigado por compartilhar sua valiosa perspectiva. Aprofunde-se em análises de mecânicas de jogo do Aviador em nosso blog.
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