Admito que sou doidinha por ver o início de um apocalipse zombie. As primeiras suspeitas, nunca levadas a sério quando são relatadas. O primeiro zombie, em “Fear the Walking Dead”, a avançar direito a uma bonita casa suburbana pelo caminho entre os relvados impecáveis. Rick Grimes a sair do hospital e a encontrar uma menina zombie com uma boneca ainda na mão. A confusão das autoridades, sem saberem o que fazer. Por fim, o desagregar da sociedade que “Fear the Walking Dead” nos prometeu mas não cumpriu o suficiente.
Depois desta fase inicial os sobreviventes aprendem a viver com os zombies, aprendem a evitá-los e matá-los, e cai tudo numa rotina que raramente passa do mesmo. “Day of the Dead” é uma série despretensiosa do canal SyFy que retrata o primeiro dia da invasão zombie. Infelizmente, as críticas arrasaram a série, no meu entender injustamente. Em grande parte porque usa o título homónimo do filme de George A. Romero, o que, concordo, não era necessário.
Toda a acção se passa no mesmo dia, numa pequena cidade americana em que há eleições para decidir quem será o novo Mayor e em que se prepara um casamento. Um dia normal como todos os outros. Mas, entretanto, uma companhia de extracção de gás faz uma determinada perfuração que encontra algo estranho: um homem (zombie) atado no fundo de uma gruta que nunca devia ter sido aberta. Alguém chama um detective incauto, que é mordido. Começa a infestação.
Mas estes zombies não são os mesmos de “The Walking Dead”. Não morrem com uma bala na cabeça, não morrem com coisa nenhuma. Só se pode rebentá-los com explosivos, prendê-los ou atrasá-los com tiros nos joelhos. Outra coisa interessante: alguns dos zombies mais “frescos” retêm algo das memórias de quem são/foram, o que não se vê muitas vezes. E os zombies mais frescos não se arrastam; correm. Os habitantes da pequena cidade oscilam entre a incredulidade e o terror.
Este não é um dramalhão como “The Walking Dead”, mas tem drama que baste. Os dez episódios permitem explorar e desenvolver as personagens, inclusive os vilões, que se movem naquela área cinzenta em que lhes conseguimos compreender as razões. Os momentos de humor são mesmo engraçados e inesperados, mas sem abusar. Há mortes com fartura, algumas bastante violentas, mas a série não quis entrar demasiado por aí. Esta é uma série em que, mais do que mortos a comer os vivos, os vivos se tentam organizar para derrotar os mortos, o que não vai ser fácil, porque para conseguirem unir-se nessa causa comum têm de esquecer os conflitos que a pequena cidade foi acumulando ao longo dos anos.
“Day of the Dead” entretém bastante e tem momentos de verdadeiro terror, especialmente no princípio, quando ainda ninguém acredita nos zombies. Quanto a estes, não são, de longe, tão bons como os de Nicotero, mas também estão bem caracterizados e são convincentes.
Não posso concordar com as críticas negativas e aconselho a toda a gente que gosta de zombies, com um drama à mistura que não pretende traumatizar-nos para toda a vida. Mesmo assim, é duvidoso que a série seja renovada, apesar de lançar as bases para isso a uma escala maior. De certa forma, tenho pena. Gostava de ver mais. Mas se era para pior (e nestes casos quase sempre é) mais vale ficar por aqui.
domingo, 17 de abril de 2022
Day of the Dead (2021 - ?)
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