domingo, 17 de abril de 2022

Day of the Dead (2021 - ?)

Admito que sou doidinha por ver o início de um apocalipse zombie. As primeiras suspeitas, nunca levadas a sério quando são relatadas. O primeiro zombie, em “Fear the Walking Dead”, a avançar direito a uma bonita casa suburbana pelo caminho entre os relvados impecáveis. Rick Grimes a sair do hospital e a encontrar uma menina zombie com uma boneca ainda na mão. A confusão das autoridades, sem saberem o que fazer. Por fim, o desagregar da sociedade que “Fear the Walking Dead” nos prometeu mas não cumpriu o suficiente.
Depois desta fase inicial os sobreviventes aprendem a viver com os zombies, aprendem a evitá-los e matá-los, e cai tudo numa rotina que raramente passa do mesmo. “Day of the Dead” é uma série despretensiosa do canal SyFy que retrata o primeiro dia da invasão zombie. Infelizmente, as críticas arrasaram a série, no meu entender injustamente. Em grande parte porque usa o título homónimo do filme de George A. Romero, o que, concordo, não era necessário.
Toda a acção se passa no mesmo dia, numa pequena cidade americana em que há eleições para decidir quem será o novo Mayor e em que se prepara um casamento. Um dia normal como todos os outros. Mas, entretanto, uma companhia de extracção de gás faz uma determinada perfuração que encontra algo estranho: um homem (zombie) atado no fundo de uma gruta que nunca devia ter sido aberta. Alguém chama um detective incauto, que é mordido. Começa a infestação.
Mas estes zombies não são os mesmos de “The Walking Dead”. Não morrem com uma bala na cabeça, não morrem com coisa nenhuma. Só se pode rebentá-los com explosivos, prendê-los ou atrasá-los com tiros nos joelhos. Outra coisa interessante: alguns dos zombies mais “frescos” retêm algo das memórias de quem são/foram, o que não se vê muitas vezes. E os zombies mais frescos não se arrastam; correm. Os habitantes da pequena cidade oscilam entre a incredulidade e o terror.
Este não é um dramalhão como “The Walking Dead”, mas tem drama que baste. Os dez episódios permitem explorar e desenvolver as personagens, inclusive os vilões, que se movem naquela área cinzenta em que lhes conseguimos compreender as razões. Os momentos de humor são mesmo engraçados e inesperados, mas sem abusar. Há mortes com fartura, algumas bastante violentas, mas a série não quis entrar demasiado por aí. Esta é uma série em que, mais do que mortos a comer os vivos, os vivos se tentam organizar para derrotar os mortos, o que não vai ser fácil, porque para conseguirem unir-se nessa causa comum têm de esquecer os conflitos que a pequena cidade foi acumulando ao longo dos anos.
“Day of the Dead” entretém bastante e tem momentos de verdadeiro terror, especialmente no princípio, quando ainda ninguém acredita nos zombies. Quanto a estes, não são, de longe, tão bons como os de Nicotero, mas também estão bem caracterizados e são convincentes.
Não posso concordar com as críticas negativas e aconselho a toda a gente que gosta de zombies, com um drama à mistura que não pretende traumatizar-nos para toda a vida. Mesmo assim, é duvidoso que a série seja renovada, apesar de lançar as bases para isso a uma escala maior. De certa forma, tenho pena. Gostava de ver mais. Mas se era para pior (e nestes casos quase sempre é) mais vale ficar por aqui.


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