domingo, 3 de abril de 2022
The Girl in the Spider's Web / A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha (2018)
O título em português está errado: não é a rapariga que é apanhada na teia de aranha, é a rapariga que se mete na teia de aranha. Lisbeth Salander, hacker e justiceira, gosta de se meter em sarilhos. Este filme é um sucedâneo da saga de romances e filmes de que aqui falei na mini-série “Millennium 1 - Os homens que odeiam as mulheres” (2010). Perdi os restantes, mas parece que não perdi grande coisa.
A história é mínima: Salander tem de roubar um programa chamado Firefall, capaz de controlar todas as armas nucleares do mundo, a pedido do próprio ex-empregado da NSA que o criou, quando este percebe que fazer um programa tão perigoso não foi boa ideia. Lisbeth consegue roubar o programa, mas imediatamente começa a ser perseguida por um grupo de terroristas/criminosos sem escrúpulos. Basicamente, um filme de acção.
O que o distingue dos típicos filmes de acção é uma quantidade pornográfica (o adjectivo não é inocente) de sexualidade hardcore, quando não envolve mesmo sadismo e pedofilia. Ou seja, filme de acção com sexo pesado, gratuito, e perversões de pôr os cabelos em pé.
Lisbeth Salander já não é uma pessoa, é uma super-heroína. Uma das críticas que li comparava o filme aos típicos James Bond, para terem uma ideia. E Lisbeth, além de inteligente, tem uma sorte do caraças, é preciso dizê-lo.
Quando o grupo criminoso lhe invade o apartamento, Lisbeth tem uma sala de pânico preparada onde se esconder. Quando os assaltantes lhe explodem o apartamento, por sorte, Lisbeth estava num banho de imersão e consegue escapar às chamas dentro da água da banheira (que devia ter fervido, tendo em conta a explosão que foi, mas adiante…).
A fugir à polícia que acorre ao acontecimento, de mota, Lisbeth é encurralada e tem de saltar de uma ponte para o rio. Mas não há azar, porque é a Suécia e o rio está congelado. Sem derrapar nem nada, desaparece com a mota depois de atravessar o rio.
Mas o momento mais sortudo é quando os criminosos conseguem finalmente apanhá-la e drogá-la com uma dose letal de sedativo (?). Lisbeth está numa casa de banho do apartamento de um pai e filho pequeno. A última coisa que consegue fazer é alcançar um cesto em cima do lavatório, de onde convenientemente salta um tubo de anfetaminas que ela imediatamente toma para combater o efeito do sedativo, sobrevivendo assim, e em tão boas condições que minutos depois já está a conduzir, em perseguição do carro dos maus. Ora bem, porque toda a gente tem tubos de anfetaminas receitadas pelo médico, e toda a gente as deixa à mão de semear em cima do lavatório, especialmente quando se tem miúdos pequenos. Não é o que toda a gente faz? É claro que ela sabia que ia encontrar ali anfetaminas que a safassem, ao lado da pasta de dentes, que é onde se põem as anfetaminas para estarem mesmo a jeito.
A partir daqui o filme perdeu toda a seriedade para mim e desatei a rir para dentro, porque nem sequer é engraçado para rir para fora.
Só quero falar ainda da vilã. O outro tinha razão, porque é uma vilã mesmo à James Bond. Por exemplo, anda sempre vestida de vermelho, como o Diabo, para a gente perceber bem que ela é má. Tentar assassinar a irmã não chega.
Enfim, que dizer? É um filme muito mau, com uma história fraquinha e diálogos “martelados” à força, em que ninguém parece um ser humano. Mais disto não, obrigada. Pena, porque a mini-série “Millennium 1 - Os homens que odeiam as mulheres” é muito boa e diferente dos clichés de Hollywood. A rapariga que se mete na teia de aranha só tem o que merece.
(12 em 20, porque adorei o luxo daqueles apartamentos suecos, espaçosos, aquecidos e mobilados com o minimalismo da IKEA)
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