Este era o filme da quarentena que eu queria ver, embora na verdade não fosse preciso quarentena para ele acontecer. O enredo é muito simples: seis amigos, mortos de tédio por causa da quarentena Covid, decidem fazer uma sessão de espiritismo via Zoom e em vez de contactarem um espírito benévolo acabam por invocar um poltergeist ou coisa pior.
A princípio não estão sozinhos. Para os guiar, igualmente pelo Zoom, têm uma médium especialista. Apenas uma ou duas pessoas levam a séance a sério. Os outros estão completamente no gozo e até fazem um jogo em que têm de beber sempre que a médium disser “astral plane”. Em suma, em vez de cumprirem o desejo da anfitriã da reunião para que fiquem atentos e sejam respeitosos, fazem exactamente o contrário e estão na brincadeira (foi por causa de brincadeiras desrespeitosas com uma Ouija Board que Regan ficou possuída no “Exorcista”).
A sessão começa normalmente e a médium pede-lhes que se concentrem e tentem pensar num ente querido falecido com quem estabelecer contacto. É então que uma das amigas decide inventar uma história de um antigo colega de escola que se enforcou, só para se divertirem mais.
Subitamente, a ligação de internet com a médium é interrompida e os amigos ficam completamente sozinhos, sem qualquer orientação. É também quando as coisas começam a acontecer, e acontecem a todos independentemente de estarem em locais diferentes.
“Host” é muito curto (apenas 60 minutos, a duração de um episódio da Netflix) e totalmente filmado pelas câmaras dos computadores e telemóveis dos personagens. Este é um filme de 2020 que parece todo ele ter sido feito por pessoas em quarentena, cada uma em sua casa (se tal coisa é possível), mas resulta. Fiquei um pouco decepcionada, admito, porque o aspecto da quarentena Covid, o que em princípio seria toda a razão de ser do Zoom, não foi quase aproveitada. Aliás a fórmula não é original e mesmo antes dos lockdowns já tinha sido explorada em filmes como Unfriended: Dark Web.
No entanto, “Host” funciona pelo nível de violência que apresenta, criando no espectador uma sensação de que lhe podia acontecer a ele. Não aconselhável para ver à noite, sozinho em casa, depois de uma sessão de Zoom.
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