Para quem já não sabe a quantas vai, este é o quinto episódio de “Exterminador Implacável”. E vira tudo de pernas para o ar.
O início é como já o conhecemos. O modelo T-800 (um duplo com a cara do jovem Arnold Schwarzenegger) é enviado ao passado para matar Sarah Connor. A seguir a ele, aos trambolhões, chega também Kyle Reese, do futuro, para a salvar. É como se estivéssemos a ver uma versão do filme original. Só falta o tema “Bad to the Bone” a tocar.
É aqui que o filme nos troca as voltas. Sarah Connor (Emilia Clarke, a Daenerys de “Guerra dos Tronos”) não é a jovem indefesa que conhecemos do filme original porque algo mudou na vida dela aos nove anos: um modelo T-800 foi enviado do futuro para a proteger de um outro exterminador com a missão de a matar ainda mais cedo (de certeza um deles enviado a mando da Skynet e o outro da Resistência). A alteração de acontecimentos muda tudo. Este T-800 é o verdadeiro Arnold Schwarzenegger, a quem ela se afeiçoou de tal maneira que lhe chama Pops. O T-800 está velho (a parte de tecido humano envelheceu) mas não “obsoleto” (os circuitos funcionam).
Esta é uma situação que Kyle Reese não esperava e, obviamente, não confia no T-800. Especialmente porque este pergunta várias vezes a Sarah Connor se ambos já “acasalaram”, de modo a conceber John Connor, líder da Resistência do futuro. Admito, foi cómico.
Mas a Skynet parece estar sempre um passo à frente e já tinha enviado um T-1000 (daqueles de metal líquido) para corrigir o que o primeiro T-800 falhou quando o velho Pops lhe deu sumiço. Sarah, Reese e Pops têm de enfrentar este modelo mais sofisticado. De seguida, golpe de teatro, Sarah e Reese são enviados para 2017 (os acontecimentos iniciam-se em 1984) para acabar com a Skynet antes que esta se implante através do sistema Genisys, uma cloud que permite ao utilizador sincronizar todos os dispositivos num só sistema. (Não sincronizem, amigos, não sincronizem). O velhinho T-800 Pops lá esperaria por eles, cada vez mais envelhecido e de cabelos brancos, mas não obsoleto (como ele insiste em dizer). É então que lhes aparece John Connor, líder da Resistência, vindo do futuro ainda antes de ser concebido, para os ajudar a derrotar a Skynet no passado. Parece tudo muito bem, até o velhinho T-800 o identificar como um cyborg de última geração, feito de partículas magnéticas, ainda mais difícil de destruir do que o T-1000.
Isto é, John Connor, líder mítico da Resistência, foi corrompido e transformado em cyborg pela Skynet quando as máquinas perceberam que nunca ganhariam a guerra enquanto ele existisse. E assim temos a situação sem precedentes em que Sarah Connor e Kyle Reese enfrentam o próprio filho, transformado em inimigo nº 1, com a ajuda do velho T-800.
Há que dizê-lo, não esperava esta grande reviravolta. A mensagem do filme, ao contrário do “Exterminador” original, é de que não existe destino. Sarah não está destinada a ser mãe de John, Reese não está destinado a morrer, John Connor não tem de ser o líder da Resistência se a Skynet for destruída no presente (com uma ajudinha do futuro).
Gostei e achei mais interessante do que todas as sequelas mais recentes (com excepção da primeira, “Exterminador Implacável 2: O dia do julgamento”, claro). Este filme saiu da caixa para fora e surpreendeu. Aconselho a todos os fãs da saga.
Só há ali um momento no fim que não bate certo, quando Kyle Reese se encontra a si próprio em miúdo, em 2017, e este lhe diz que o programa Genisys é o início do fim. Se Reese tinha esta memória de infância tão nítida, não devia ter passado o filme todo sem saber o que era o Genisys. Não sei o que se pretendia com este momento, completamente dispensável, ainda por cima, mas a verdade é que a nível de coerência interna do personagem não resultou. Talvez quisessem obter outro resultado mas não funcionou na estrutura do filme?
14 em 20
domingo, 16 de janeiro de 2022
Terminator Genisys / Exterminador: Genisys (2015)
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