Terceiro episódio de Edward o-vampiro-que-brilha e Bella a-rapariga-que-só-quer-ser-vampira. E agora também temos Jacob o-lobisomem-que-quer-comer-a-Bella-no-melhor-dos-sentidos.
Fiquei um pouco confusa logo a começar. Nunca me passou pela cabeça que a situação com a vampira Victoria (a ruiva que aprendeu a correr por entre as árvores num ângulo de 90º como na Matrix) não estivesse já resolvida. Isto é que é tenacidade. Victoria quer mesmo muito vingar-se por causa de coisas que aconteceram no primeiro livro/filme e de que eu já não me lembro. Mas recordo que foi o bando da Victoria que se meteu com os Cullen por isso ela não tem razão nenhuma. As pessoas têm mesmo de aprender a desprender-se e partir para outra. Victoria precisa de ler um livrinho de auto-ajuda.
Victoria continua obcecada em matar Bella para que Edward sinta a dor de perder um amor, como ela sentiu. E também dá muito jeito ao enredo principal, porque obriga os vampiros e os lobisomens a fazer uma aliança para se revezarem a proteger Bella.
Entretanto, e depois sabemos que foi Victoria também, alguém cria um exército de vampiros recém-transformados (a quem chamam recém-nascidos) para atacar os Cullen em grande escala. Na mitologia de Twilight os vampiros são fisicamente mais fortes quando são transformados há pouco tempo. Geralmente é o oposto, o que faz com que os vampiros muito antigos sejam praticamente invencíveis. Esta ideia de maior fragilidade física mas de aquisição de outras capacidades é interessante e foge aos lugares comuns do mito do vampiro.
Por falar em mitologia, neste filme temos um flashback que nos explica como começou a animosidade entre os lobisomens e os vampiros. Mas temos também a resposta à questão que coloquei na crítica ao filme anterior, New Moon: os lobisomens têm consciência do que fazem enquanto lobos? Sim, têm. E conseguem, efectivamente, transformar-se quando querem, sem qualquer influência lunar. Até há uma cena em que os lobisomens vão a um encontro com os vampiros em forma de lobos porque se sentem mais seguros assim. (É uma cena algo ridícula, se não mesmo infantil, em que de repente temos os vampiros a combinar estratégia com os lobos silenciosos -- também era melhor se falassem! -- enquanto Bella faz festinhas ao lobo Jacob. Por falar nisso, o CGI dos lobos não é nada realista. Parece um desenho animado para crianças.)
Eu também gosto muito de animais.
Ora, como dizia na crítica anterior, isto é problemático. Se os lobisomens têm consciência do que fazem como lobos são tão maus como os vampiros e não têm autoridade moral para se sentirem superiores. Duvido que esta questão existencial alguma vez seja abordada no universo Twilight mas fica a minha nota.
Também disse que estava a torcer pelo Jacob, mas neste filme o jovem lobisomem está a passar pela fase “parva” e não podia estar a sair-se pior com a Bella. Mas que outra coisa esperar? O rapazinho tem 16 ou 17 anos, ainda tem muito que aprender sobre como encantar o sexo oposto. O Edward tem 90 anos de lábia e anda atrás de uma miúda do liceu. Desculpem, fãs, factos são factos. Pobre Jacob, não tem a mínima hipótese.
O envolvimento dos Vulturi é, como sempre, o que mais gosto na saga. Porque me lembram os vampiros Riceanos, claro está. Armand ficaria orgulhoso destes Vulturi.
Não percebi, no filme, de que matéria são feitos os vampiros. Pedra, gelo, é por isso que brilham? É o que parece no filme, ou é culpa dos efeitos especiais. (Akasha foi durante séculos uma vampira “petrificada” mas isso era porque não se alimentava. Quando voltou à “vida” parecia completamente de carne e osso.) Quando os vampiros de Twilight são decapitados não há sangue a jorrar e carne à mostra. Parecem objectos partidos, o que lhes retira a humanidade. Como é que podemos ter pena de uma boneca partida? É isto que Bella quer ser?
Por último, nunca é explicado o título do filme. Qual eclipse? Penso que se referem ao exército que era liderado por um testa-de-ferro aparentemente criado por Victoria. Desta forma, ela estava “eclipsada” atrás dele. Será? Eu acho rebuscadíssimo mas não encontro outra explicação. Talvez o livro tenha explicado melhor.
12 em 20