quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz 1929... oops... 2009!

 
Líbano, 2006

Quando eu era miúda tive, durante anos, um velho professor de História que despertou em mim toda a reverência que por ela tenho, mas discordávamos numa coisa, o velho e eu, porque ele dizia que a História não se repetia e eu a ver que sim, mesmo ali debaixo dos nossos narizes. (Agora que penso nisso, ele era daquelas pessoas que, apesar do inegável valor intelectual, não via muita coisa que devia ver, e se pouco via muito menos previa.)
Como eu gostaria agora de lhe telefonar, caso ainda fosse vivo, o que desconheço, e provar-lhe por fim:
- O que é que eu dizia, s'tor?! Ela repete-se! Ela repete-se!
Já sei que ele ia responder:
- Rapariga, a História não se repete! - e depois repetir, com voz mais alta e gutural: - A História nunca se repete! - (ele também se repetia, viram?) - Os tempos não são iguais aos de 1929!
- Ò s'tor, a merda é igual, o cheiro é que é diferente! Deve ser a isso que chamam zeitgeist. Eu não falo a língua mas cheira cada vez pior, como aqueles cadáveres de animais que ficam ao sol e cada vez que lá se passa mais agoniam e menos estranham. Assim está o cheiro da coisa: cada vez mais nauseabundo e nós cada vez mais habituados. Podem dizer que ninguém sabe o que vai acontecer a seguir mas este caldinho devia ser reconhecido à légua. Não dou 10 anos até que todo o mundo se envolva em deflagrações, aqui, ali e acolá, fingindo que não, que não é a Terceira Guerra Mundial tal como Roma se recusava a admitir que havia brechas nas fronteiras bárbaras.
- Qual Roma qual carapuça! Roma caiu devido à corrupção!
(Silêncio.)
- Ò s'tor, o s'tor está morto, não está?
- Como é que sabes, rapariga?... Eu não te disse. Mas sim, já morri há uns anos. Foi o tabaquito...
- Pois. Isso explica que não veja os telejornais. É fácil perceber que está morto. Porque agora a corrupção é tão grande que não digo que seja preciso ir buscar os cestos da Revolução Francesa nem a cave sórdida da Revolução Russa (porque isso faz muita porcaria, e agora até já inventámos injecções que fazem o mesmo serviço sem sujar o chão) mas não acredito que isto vá lá sem rolarem cabeças. Bem em breve da Europa se erguerá a Besta, se não se ergueu já na América, e lá voltamos atrás outra vez.
- A História não volta atrás!
- E, no entanto, ela repete-se!
- Eu acredito na Humanidade e no seu progresso!
- Eu sei, s'tor, foi consigo que aprendi isso. Mas o mundo tem periodicamente uma necessidade autofágica de se alimentar do seu próprio sangue. O mundo, s'tor, é um vampiro.
- Foi depois das maiorias atrocidades que o mundo deu os mais importantes passos do Humanismo!
- Concordo de novo. Venham pois elas, e o mais cedo possível.
- Rapariga, não pode haver uma Terceira Guerra mundial porque os russos e os americanos têm armas nucleares capazes de destruir o mundo...
- Ó s'tor, páre lá com isso, o muro já caiu. Olhe, você ainda era vivo, não se lembra?
- A memória pós-morte fica afectada. Pois foi, já caiu o muro.
- Caiu o muro e agora andam todos ao mesmo, russos, americanos, chineses e até sul-americanos e iranianos: possuir os recursos naturais para vender quinquilharias. Olhe s'tor, isto desde o Cro-Magnon não mudou nada. Nadinha. E quando as tribos se encontram acaba tudo à mocada. No meio disto tudo, só não será a Europa a levar mais porrada se não se erguer a Besta. E ela erguer-se-à do lodo no momento oportuno. Graças aos cegos, s'tor, graças aos cegos e àqueles que pensam que em terra de cegos quem tem um olho é rei.
Evitei comentar o que se passa nesta terra, porque ele viu com os seus próprios olhos votos serem despejados das urnas para serem queimados no tempo de Salazar, mas não viu Manuel Alegre, companheiro dos 25 de Abris, admitir na televisão que o actual primeiro-ministro fez batota nas eleições internas do partido e achar isso "normal". Com o tempo tudo se torna normal. Queimar judeus, queimar palestinianos... Queimar pretos no Zimbabué, então, não interessa mesmo nada. Mais cólera, menos cólera, de cólera estamos todos a rebentar!

É num ano negro que vamos mergulhar, por isso celebrem bem o que resta deste! Até nos foi dado mais um segundo. Os cientistas, esses novos deuses da Humanidade, acrescentaram mais um segundo ao tempo eterno porque a Terra gira e não usa relógio. E, no entanto, ela gira!
Não vos vou desejar prosperidade porque não vai haver. Nem felicidade porque só pode ser feliz quem não tiver coração. Pensei em desejar paz, muita paz para o mundo, e engoli a hipocrisia.

Para este ano de 2009 desejo-vos, sim, tranquilidade!
Coragem para mudar o que pode ser mudado
Serenidade para aceitar o que não se pode mudar
E sabedoria para distinguir.

Um ano de 2009 com muita tranquilidade, aquela que vem de dentro e é imperturbável.

E deixo-vos também o meu brinde:

SAÚDE, DINHEIRO, E O RESTO VEM POR ACRÉSCIMO!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Cloverfield (2008)



"Cloverfield" é o nome de código da operação militar que bombardeou Nova Iorque para matar o monstro que atacou a cidade. É também o nome do último filme que deixou muitos espectadores do género de terror presos à cadeira como não acontecia há muitos anos. Por isso é, desde já, um filme a ver urgentemente para quem o perdeu nas salas.
Mas, aviso também, só funciona à primeira. É por isso que vou deixar alguns mistério em torno do enredo e prometo que não saberão como acaba.
Porque o importante aqui não é o monstro. O exército americano a atacar Godzilla já se viu. Também já se viu muito mais cómico ("Independence Day", "Mars Attacks!") e muito mais assustador ("Guerra dos Mundos", com Tom Cruise, 2005). Por isso não há muito a dizer do monstro, nem aqui saberão mais nada excepto que "algo nos encontrou". A verdadeira inteligência do filme está em abandonar o déjà vu e acompanhar de perto o grupo de amigos que, subitamente durante uma festa, se apercebe de que a cidade está a ser atacada. Um deles tem uma câmara digital e é através desta que se vê toda a história.
Já sei o que estão a pensar. Não, não outro "Blair Witch"! Descansai, pois aproveitando o conceito o realizador ultrapassou-o e consegue o que "Blair Witch" prometeu sem cumprir.
O interessante aqui, invulgar num filme do género, é a complicada trama psicológica que leva a dinâmica de um grupo de amigos não a fugir, como seria de esperar, mas a correr de encontro ao monstro. "Porquê?" é a questão, e a questão é que podia acontecer a todos nós nas mesmas circunstâncias. E é mesmo por isso que uma vez embrenhado na história, que só arranca depois de 18 minutos de verdadeira seca (propositada seca, como se percebe depois), só se consegue respirar quando já se pensa numa sequela.
Por falar em sequela, é mais que previsível que seja feita e ainda mais certo que não vai prestar. O filme é empolgante mas não é assim tão bom e não tem raízes sólidas para além do impacto inicial, e vou tentar explicar porquê.
Valerá a pena dizer que este filme nunca teria o mesmo efeito se fosse feito antes de 11 de Setembro de 2001? Não, claro que não teria. O escritor é inteligente até nisto, porque assim que começa a borrasca um dos personagens pergunta "é outro ataque terrorista?!", como para sossegar o espectador que não, não estão a aproveitar o horror verdadeiro para vender o filme e que deixar de fazer filmes de monstros a atacar cidades americanas é mais uma forma de permitir que os terroristas vençam. (É esta a lógica, quer se concorde ou não, e não me vou perder da crítica de cinema para tecer considerações político-sociológicas.)
O próprio realizador não nega que se inspirou no clássico "Godzilla". Até aí nada de mais. As homenagens são bonitas e ficam bem, mas o reverso da medalha é que quanto pior for o efeito mais fraquinha se torna a intenção. Falo em especial da decapitação da estátua da Liberdade. Ora, há muito tempo que os filmes de ficção científica fazem maldades à estátua da Liberdade. Desde o velhinho "O Planeta dos Macacos", em que o lendário Charlton Heston só percebe que está na Terra quando encontra a sua metade superior perdida numa praia qualquer, até ao mais recente "O Dia Depois de Amanhã" em que a estátua é submersa até à cintura pela onda do degelo e seguidamente abandonada ao manto de neve sobre uma civilização agonizante. Ambos são grandes momentos de cinema e mensagens altamente simbólicas, senão mesmo alertas políticos e ambientais. Em "Cloverfield" a decapitação é gratuita. Não se pode dizer que a cena não tenha pés nem cabeça (até tem muita cabeça, se lhe faltam os pés), porque faz sentido no contexto do filme, mas mesmo que a técnica seja perfeita o conteúdo é nulo. Lembra assim, sei lá, de repente, um avião a espetar-se contra um arranha céus sem que ninguém esteja à espera. Lembra assim, sei lá, de repente, capitalizar o medo dos nova iorquinos, americanos e civilização ocidental. (Mas prometi não enveredar por aí!) Acima de tudo, principalmente porque pretende ser uma homenagem, é um momento de bons efeitos especiais e mau cinema. Um momento a evitar quando não se tem um conteúdo à altura, e parece-me os escritores não perceberam que não tinham argumento para tanto esticanço e acabaram por cair na facilidade da "pornografia" simbológica. É por isso que uma sequela se adivinha desde já um desastre.
Vamos lá, o filme até é bom e funciona. Tem base psicológica. Nunca mais se esquece. Dá gozo e isso tudo. Nem sequer usa aqueles sustos habituais. Superou as expectativas. Deu para o que deu. Não dá para mais.

15 em 20.


 
 Cartoon do site Unspeakable Vault (Of Doom) Hahaha!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Prémios Precariedade 2008

www.premiosprecariedade.net

São todos tão lindos que seria uma tristeza não os elencar aqui, estas maravilhas de Portugal que em 2008 se distinguiram por votação como os melhores da Precariedade. Uma grande salva de palmas para eles todos!

PRÉMIO ACUMULAÇÃO
Muitos parabéns ao Vampiro Belmiro, em que votei com todo o prazer, como o maior vampiro de todos, ganhando assim a Américo Amorim, José de Mello e Elísio Soares dos Santos.



PRÉMIO SOUNDBYTE
Ganhou Manuela Ferreira Leite (por ter dito que actualmente todos os empregos são precários, uma lenga lenga que eu ando a ouvir dos patrões desde os anos 90 mas quando dizia a alguém chamavam-me DOIDA) ao Pingo Doce ("Sabe bem pagar tão pouco"... aos empregados) mas por mim teria ganho essa execrável figura Francisco VanZeller que disse "ou precários ou nada". O que fazias sem precários, ò Chico? Vai-te coçar.



PRÉMIO SEM VERGONHA
Ganhou com o meu voto o Pinóquio que em 2008 melhor se destacou. Não que os outros, especialmente Pinto Balsemão, não merecessem um ex aequo.



PRÉMIO FICÇÃO CONTEMPORÂNEA
Ganharam as Novas Oportunidades. Acho que votei nessa outra grande mentira, a Autoridade para as Condições do Trabalho (cujos próprios empregados também trabalham a recibo verde), mas penso que a ficção Porta 65 (65?!?!?) merecia um prémio qualquer de consolação.

 


GRANDE PRÉMIO PRECARIEDADE 2008
É com toda a justiça e por votação esmagadora atribuído a José Sócrates, não por ser o único responsável pela pouca vergonha a que se chegou (que não é nem pode ser) mas por não ter feito rigorosamente nada nos últimos anos em que foi primeiro-ministro para alterar a situação excepto promover um escandaloso Código do Trabalho em que legaliza os recibos verdes e torna ainda mais precários os contratos a prazo, sem falar sequer das ideias neo-esclavagistas de pôr os trabalhadores a trabalhar sem horário e sem ganharem horas extraordinárias. Este não merece só um prémio, nem uma sapatada, mas um valente pontapé no focinho com o pé dentro da bota.
Sócrates, és um nojo!

Tortura musical

Ele há coisas bizarras. Está tudo louco?

Está on-line uma petição para acabar com a tortura musical com fins políticos. A Zero dB (zero décibeis), plataforma fundada pela organização britânica Reprieve, denuncia o uso de música de bandas como Metallica, Rage Against The Machine, AC/DC ou cantoras como Britney Spears e Christina Aguilera na base militar de Guantánamo, no Sul de Cuba, pelo governo de George W. Bush.

In Blitz

Segundo a mesma notícia, na lista de música para tortura estão:

AC/DC - Hell's Bells
AC/DC - Shoot To Thrill
Aerosmith
Barney the Purple Dinosaur - Theme Tune
Bee Gees - Stayin' Alive
Britney Spears
Bruce Springsteen - Born In the USA
Christina Aguilera - Dirrty
David Gray - Babylon
Deicide - Fuck Your God
Don McLean - American Pie
Dope - Die MF Die
Dope - Take Your Best Shot
Dr. Dre
Drowning Pools - Bodies
Eminem - Kim
Eminem - Slim Shady
Eminem - White America
Li'l Kim
Limp Bizkit
Matchbox Twenty - Gold
Meat Loaf
Metallica - Enter Sandman
Neil Diamond - America
Nine Inch Nails - March of the Pigs
Nine Inch Nails - Mr. Self-Destruct
Prince - Raspberry Beret
Queen - We are The Champions
Rage Against the Machine - Killing in the Name Of
Red Hot Chilli Peppers
Saliva - Click Click Boom
Sesame Street - Theme Tune
Tupac - All Eyes on Me


Deduz-se que tanto os militares norte-americanos como os prisioneiros têm conhecimentos e gostos musicais muito limitados. Os primeiros desconhecem, por exemplo, Cradle of Filth. Os segundos deviam dar graças a Allah por os primeiros não conhecerem Cradle of Filth. E há muito, muito, muito pior (a avaliar pela quantidade de gente que não suportaria permanecer 10 minutos numa Graveyard Party) mas não vou dar ideias.
Está tudo doido.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Profecia

I do not recall distinctly when it began, but it was months ago. The general tension was horrible. To a season of political and social upheaval was added a strange and brooding apprehension of hideous physical danger; a danger widespread and all-embracing, such a danger as may be imagined only in the most terrible phantasms of the night. I recall that the people went about with pale and worried faces, and whispered warnings and prophecies which no one dared consciously repeat or acknowledge to himself that he had heard. A sense of monstrous guilt was upon the land, and out of the abysses between the stars swept chill currents that made men shiver in dark and lonely places. There was a daemoniac alteration in the sequence of the seasons--the autumn heat lingered fearsomely, and everyone felt that the world and perhaps the universe had passed from the control of known gods or forces to that of gods or forces which were unknown.


in "Nyarlathotep", por H. P. Lovecraft

Não deixa de ser curioso como tantos escritores e tão distintos apanham no "ar" o vento das trevas e o traduzem em ficção mal sabendo que escrevem profecias. Agitação social e alterações climáticas... e depois vem o fim.
Pela sua visionária actualidade, arrepia pensar que este conto foi escrito em 1920.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Grande Prémio Precariedade 2008




Vota aqui:

www.premiosprecariedade.net

Em quem votar? Tantas boas opções! Sócrates, Van Zeller, Belmiro, Pingo Doce, Porta 65, Novas Oportunidades, Manuela Ferreira Leite e outros! Mas só um pode ser o vencedor! Vamos dar-lhe uma prenda!
Votações abertas a todos!
Não percas!



GALA PRÉMIOS PRECARIEDADE, dia 13 de Dezembro 2008 às 22h no ATENEU, em Lisboa.

Lê aqui: precariosinflexiveis.blogspot.com

domingo, 7 de dezembro de 2008

A porta

EX OBLIVIONE

When the last days were upon me, and the ugly trifles of existence began to drive me to madness like the small drops of water that torturers let fall ceaselessly upon one spot of their victims body, I loved the irradiate refuge of sleep. In my dreams I found a little of the beauty I had vainly sought in life, and wandered through old gardens and enchanted woods.
Once when the wind was soft and scented I heard the south calling, and sailed endlessly and languorously under strange stars.
Once when the gentle rain fell I glided in a barge down a sunless stream under the earth till I reached another world of purple twilight, iridescent arbours, and undying roses.
And once I walked through a golden valley that led to shadowy groves and ruins, and ended in a mighty wall green with antique vines, and pierced by a little gate of bronze.
Many times I walked through that valley, and longer and longer would I pause in the spectral half-light where the giant trees squirmed and twisted grotesquely, and the grey ground stretched damply from trunk to trunk, sometimes disclosing the mould-stained stones of buried temples. And always the goal of my fancies was the mighty vine-grown wall with the little gate of bronze therein.
After awhile, as the days of waking became less and less bearable from their greyness and sameness, I would often drift in opiate peace through the valley and the shadowy groves, and wonder how I might seize them for my eternal dwelling-place, so that I need no more crawl back to a dull world stript of interest and new colours. And as I looked upon the little gate in the mighty wall, I felt that beyond it lay a dream-country from which, once it was entered, there would be no return.
So each night in sleep I strove to find the hidden latch of the gate in the ivied antique wall, though it was exceedingly well hidden. And I would tell myself that the realm beyond the wall was not more lasting merely, but more lovely and radiant as well.
Then one night in the dream-city of Zakarion I found a yellowed papyrus filled with the thoughts of dream-sages who dwelt of old in that city, and who were too wise ever to be born in the waking world. Therein were written many things concerning the world of dream, and among them was lore of a golden valley and a sacred grove with temples, and a high wall pierced by a little bronze gate. When I saw this lore, I knew that it touched on the scenes I had haunted, and I therefore read long in the yellowed papyrus.

Some of the dream-sages wrote gorgeously of the wonders beyond the irrepassable gate, but others told of horror and disappointment. I knew not which to believe, yet longed more and more to cross forever into the unknown land; for doubt and secrecy are the lure of lures, and no new horror can be more terrible than the daily torture of the commonplace.

So when I learned of the drug which would unlock the gate and drive me through, I resolved to take it when next I awaked.
Last night I swallowed the drug and floated dreamily into the golden valley and the shadowy groves; and when I came this time to the antique wall, I saw that the small gate of bronze was ajar. From beyond came a glow that weirdly lit the giant twisted trees and the tops of the buried temples, and I drifted on songfully, expectant of the glories of the land from whence I should never return.
But as the gate swung wider and the sorcery of the drug and the dream pushed me through, I knew that all sights and glories were at an end; for in that new realm was neither land nor sea, but only the white void of unpeopled and illimitable space.

So, happier than I had ever dared hope to be, I dissolved again into that native infinity of crystal oblivion from which the daemon Life had called me for one brief and desolate hour.



"Ex Oblivione", por H. P. Lovecraft

Kuranes

In a dream Kuranes saw the city in the valley, and the seacoast beyond, and the snowy peak overlooking the sea, and the gaily painted galleys that sail out of the harbour toward distant regions where the sea meets the sky. In a dream it was also that he came by his name of Kuranes, for when awake he was called by another name.

Perhaps it was natural for him to dream a new name; for he was the last of his family, and alone among the indifferent millions of London, so there were not many to speak to him and to remind him who he had been. His money and lands were gone, and he did not care for the ways of the people about him, but preferred to dream and write of his dreams. What he wrote was laughed at by those to whom he showed it, so that after a time he kept his writings to himself, and finally ceased to write.


in "Celephais", H. P. Lovecraft

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Dazkarieh



Já há algum tempo que ando de olho numa banda chamada Dazkarieh. Apesar de não pertencer de longe ao panorama gótico, enquadra-se perfeitamente no alternativo e pode agradar a quem gosta de música étnica e não recusa coisas novas. Vem este post a propósito do concerto que vão realizar dia 5, na galeria Zé dos Bois, em Lisboa.
Na altura em que os desencantei, por puro acaso, escrevi:
"A sonoridade e os instrumentos utilizados situam-nos na world music, numa fusão entre a música tradicional portuguesa" (o bom folclore), "as reminiscências célticas e árabes, as influências eruditas e o som rock.
Uma banda diferente a descobrir por toda a gente, especialmente quem também aprecia o primeiro trabalho dos Madredeus e outros projectos que por não serem de tão fácil acesso se perderam no esquecimento pop geral."
Para quem gosta de música étnica e de fusão, e de uma excelente vocalista feminina a acompanhar, aconselho vivamente a visita ao site oficial onde estão disponíveis para download algumas amostras de grande criatividade. Para tirar a prova dos nove, nada melhor do que ir ver ao vivo.
Para o contacto inicial, recomendo a audição de "Senhora da Azenha". Primeiro estranha-se, depois entranha-se.

www.dazkarieh.com

What Tarot Card Are You? (e ainda mais outro para a colecção)

You are The Moon

Hope, expectation, Bright promises.

The Moon is a card of magic and mystery - when prominent you know that nothing is as it seems, particularly when it concerns relationships. All logic is thrown out the window.

The Moon is all about visions and illusions, madness, genius and poetry. This is a card that has to do with sleep, and so with both dreams and nightmares. It is a scary card in that it warns that there might be hidden enemies, tricks and falsehoods. But it should also be remembered that this is a card of great creativity, of powerful magic, primal feelings and intuition. You may be going through a time of emotional and mental trial; if you have any past mental problems, you must be vigilant in taking your medication but avoid drugs or alcohol, as abuse of either will cause them irreparable damage. This time however, can also result in great creativity, psychic powers, visions and insight. You can and should trust your intuition.

What Tarot Card are You?
Take the Test to Find Out.