domingo, 31 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
He was always late on principle, his principle being that punctuality is the thief of time.
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The Picture of Dorian Gray
sábado, 30 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"A blush is very becoming, Duchess," remarked Lord Henry.
"Only when one is young," she answered. "When an old woman like myself blushes, it is a very bad sign. Ah! Lord Henry, I wish you would tell me how to become young again."
He thought for a moment. "Can you remember any great error that you committed in your early days, Duchess?" he asked, looking at her across the table.
"A great many, I fear," she cried.
"Then commit them over again," he said gravely. "To get back one’s youth, one has merely to repeat one’s follies."
"Only when one is young," she answered. "When an old woman like myself blushes, it is a very bad sign. Ah! Lord Henry, I wish you would tell me how to become young again."
He thought for a moment. "Can you remember any great error that you committed in your early days, Duchess?" he asked, looking at her across the table.
"A great many, I fear," she cried.
"Then commit them over again," he said gravely. "To get back one’s youth, one has merely to repeat one’s follies."
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The Picture of Dorian Gray
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"I can sympathise with everything except suffering," said Lord Henry, shrugging his shoulders. "I cannot sympathise with that. It is too ugly, too horrible, too distressing. There is something terribly morbid in the modern sympathy with pain. One should sympathise with the colour, the beauty, the joy of life. The less said about life’s sores, the better."
"Still, the East End is a very important problem," remarked Sir Thomas with a grave shake of the head.
"Quite so," answered the young lord. "It is the problem of slavery, and we try to solve it by amusing the slaves."
"Still, the East End is a very important problem," remarked Sir Thomas with a grave shake of the head.
"Quite so," answered the young lord. "It is the problem of slavery, and we try to solve it by amusing the slaves."
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The Picture of Dorian Gray
O meu Tarot
E agora para algo completamente diferente...
Hoje tive necessidade de fazer uma consulta de Tarot devido a algo na minha vida que pode vir a ser importante (ou não) quando percebi que me faltava uma carta no baralho dos Arcanos Maiores, nada mais nada menos do que o Diabo... Este baralho nunca saiu daqui e bem que dei voltas às gavetas à procura dele, do Diabo. Ora, isto de perder uma carta dos Arcanos Maiores já é suficientemente perturbador, agora saber que o diabo anda à solta cá em casa e não consigo dar com ele... É no mínimo estranho. Aposto que há-de aparecer debaixo de um móvel, algures, porque não pode estar noutro lado. Os Diabos, em forma de carta, não voam pelas janelas...
Felizmente, tenho outro baralho, mais velhinho, que serviu para o que se precisava.
Foi então, à procura desse baralho há muito abandonado (deve ter sido o meu primeiro baralho), que encontrei as cartas do Tarot desenhadas por mim. É um acto de humildade publicá-las aqui, para provar sem sombra de dúvida que não sou uma artista. Em minha defesa, posso explicar o seu método de fabrico: em cartolina cortada à tesoura, desenhei e pintei a lápis de cor e caneta de feltro, e depois passei-lhes por cima verniz transparente. Tinha eu entre 18 e 20 anos e não tinha internet, e precisava de me entreter, certo? Os desenhos parecem-me (sempre me pareceram) infantis, estilizados, parte de um universo povoado de personagens que só eu conseguia conceber. Garanto que já não desenho assim. Para bem da Arte em geral, já não desenho de todo. Suspirai de alívio!
Depois mandei digitalizar os originais e imprimi-los em papel de carta, cortado a guilhotina profissional -- já não me lembrava disto... deve ter custado um bom dinheiro -- para que possam ser usadas em consultas a sério. Vamos a ver se servem bem a fabricante.
Deixo-vos as que saíram "melhorzinhas" dos Arcanos Maiores e das figuras dos Arcanos Menores. Ainda comecei a fazer o resto mas desisti. Devo ter perdido o interesse porque não havia caras para desenhar. Era demasiado abstracto. Sim, eu sei, podia ter inventado figuras para ilustrarem um 2 de paus, por exemplo, mas queria manter-me o mais fiel possível ao Tarot de Marselha. Hoje acho que foi um erro (devia ter apostado mais em Papisas em pontilhado e na minha própria imaginação) mas hoje já não tenho tempo para estes ócios, um deles, agora que sou rica e tenho um scanner (uau!), corrigir digitalmente as cores e as imperfeições. Fica talvez para a minha velhice, se eu vivesse tanto tempo, o que não vai acontecer.
Aqui estão elas e só peço por tudo o que é mais sagrado: não gozem!
Ok, podem gozar.
Hoje tive necessidade de fazer uma consulta de Tarot devido a algo na minha vida que pode vir a ser importante (ou não) quando percebi que me faltava uma carta no baralho dos Arcanos Maiores, nada mais nada menos do que o Diabo... Este baralho nunca saiu daqui e bem que dei voltas às gavetas à procura dele, do Diabo. Ora, isto de perder uma carta dos Arcanos Maiores já é suficientemente perturbador, agora saber que o diabo anda à solta cá em casa e não consigo dar com ele... É no mínimo estranho. Aposto que há-de aparecer debaixo de um móvel, algures, porque não pode estar noutro lado. Os Diabos, em forma de carta, não voam pelas janelas...
Felizmente, tenho outro baralho, mais velhinho, que serviu para o que se precisava.
Foi então, à procura desse baralho há muito abandonado (deve ter sido o meu primeiro baralho), que encontrei as cartas do Tarot desenhadas por mim. É um acto de humildade publicá-las aqui, para provar sem sombra de dúvida que não sou uma artista. Em minha defesa, posso explicar o seu método de fabrico: em cartolina cortada à tesoura, desenhei e pintei a lápis de cor e caneta de feltro, e depois passei-lhes por cima verniz transparente. Tinha eu entre 18 e 20 anos e não tinha internet, e precisava de me entreter, certo? Os desenhos parecem-me (sempre me pareceram) infantis, estilizados, parte de um universo povoado de personagens que só eu conseguia conceber. Garanto que já não desenho assim. Para bem da Arte em geral, já não desenho de todo. Suspirai de alívio!
Depois mandei digitalizar os originais e imprimi-los em papel de carta, cortado a guilhotina profissional -- já não me lembrava disto... deve ter custado um bom dinheiro -- para que possam ser usadas em consultas a sério. Vamos a ver se servem bem a fabricante.
Deixo-vos as que saíram "melhorzinhas" dos Arcanos Maiores e das figuras dos Arcanos Menores. Ainda comecei a fazer o resto mas desisti. Devo ter perdido o interesse porque não havia caras para desenhar. Era demasiado abstracto. Sim, eu sei, podia ter inventado figuras para ilustrarem um 2 de paus, por exemplo, mas queria manter-me o mais fiel possível ao Tarot de Marselha. Hoje acho que foi um erro (devia ter apostado mais em Papisas em pontilhado e na minha própria imaginação) mas hoje já não tenho tempo para estes ócios, um deles, agora que sou rica e tenho um scanner (uau!), corrigir digitalmente as cores e as imperfeições. Fica talvez para a minha velhice, se eu vivesse tanto tempo, o que não vai acontecer.
Aqui estão elas e só peço por tudo o que é mais sagrado: não gozem!
Papisa, Imperatriz, Os Amantes
O Enforcado, O Diabo, A Estrela
A Lua, O Sol, O Mundo
Para meu desgosto, na Lua o cão da direita quase não se vê, e o mesmo aconteceu com o touro do Mundo, em baixo à esquerda. O que raio estava eu a pensar? Devem-se ter acabado as canetas mais claras...
Rei de Moedas, Rainha de Moedas, Pajem de Moedas
Rei de Taças, Rainha de Taças, Cavaleiro de Taças
A "troca de olhares" entre as cartas do Rei e da Rainha não é acidental. Taças é o naipe da sedução. Da mesma forma, o Cavaleiro também não dirige o seu olhar em vão.
Rainha de Bastões, Cavaleiro de Bastões
A Rainha ficou lindíssima, o Rei saiu feiíssimo. Para outro grande desgosto, nada do naipe de Espadas se aproveita. Precisava de mais canetas e de mais cores, muitas mais cores.
Ok, podem gozar.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
Sir Thomas waved his hand. "Mr. Erskine of Treadley has the world on his shelves. We practical men like to see things, not to read about them. The Americans are an extremely interesting people. They are absolutely reasonable. I think that is their distinguishing characteristic. Yes, Mr. Erskine, an absolutely reasonable people. I assure you there is no nonsense about the Americans."
"How dreadful!" cried Lord Henry. "I can stand brute force, but brute reason is quite unbearable. There is something unfair about its use. It is hitting below the intellect."
"How dreadful!" cried Lord Henry. "I can stand brute force, but brute reason is quite unbearable. There is something unfair about its use. It is hitting below the intellect."
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The Picture of Dorian Gray
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"Some day, when you are old and wrinkled and ugly, when thought has seared your forehead with its lines, and passion branded your lips with its hideous fires, you will feel it, you will feel it terribly. Now, wherever you go, you charm the world. Will it always be so? . . . You have a wonderfully beautiful face, Mr. Gray. Don’t frown. You have. And beauty is a form of genius—is higher, indeed, than genius, as it needs no explanation. It is of the great facts of the world, like sunlight, or spring-time, or the reflection in dark waters of that silver shell we call the moon. It cannot be questioned. It has its divine right of sovereignty. It makes princes of those who have it. You smile? Ah! when you have lost it you won’t smile. . . . People say sometimes that beauty is only superficial. That may be so, but at least it is not so superficial as thought is. To me, beauty is the wonder of wonders. It is only shallow people who do not judge by appearances. The true mystery of the world is the visible, not the invisible. . . . Yes, Mr. Gray, the gods have been good to you. But what the gods give they quickly take away. You have only a few years in which to live really, perfectly, and fully. When your youth goes, your beauty will go with it, and then you will suddenly discover that there are no triumphs left for you, or have to content yourself with those mean triumphs that the memory of your past will make more bitter than defeats. Every month as it wanes brings you nearer to something dreadful. Time is jealous of you, and wars against your lilies and your roses. You will become sallow, and hollow-cheeked, and dull-eyed. You will suffer horribly. . . . Ah! realise your youth while you have it.
(...)
The common hill-flowers wither, but they blossom again. The laburnum will be as yellow next June as it is now. In a month there will be purple stars on the clematis, and year after year the green night of its leaves will hold its purple stars. But we never get back our youth. The pulse of joy that beats in us at twenty becomes sluggish. Our limbs fail, our senses rot. We degenerate into hideous puppets, haunted by the memory of the passions of which we were too much afraid, and the exquisite temptations that we had not the courage to yield to. Youth! Youth! There is absolutely nothing in the world but youth!"
(...)
The common hill-flowers wither, but they blossom again. The laburnum will be as yellow next June as it is now. In a month there will be purple stars on the clematis, and year after year the green night of its leaves will hold its purple stars. But we never get back our youth. The pulse of joy that beats in us at twenty becomes sluggish. Our limbs fail, our senses rot. We degenerate into hideous puppets, haunted by the memory of the passions of which we were too much afraid, and the exquisite temptations that we had not the courage to yield to. Youth! Youth! There is absolutely nothing in the world but youth!"
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terça-feira, 26 de agosto de 2008
Romance com a morte
Senhora Dona Morte dos dedos de veludo
Fecha-me estes olhos que já viram tudo
Florbela Espanca, sonetos
Lembro-me de ti. Estive no teu abraço durante horas.
Era frio, oh tão frio!, e cinzento.
Não vi nenhuma luz brilhante a chamar-me. Não vi ninguém à minha espera, nem Deus.
Também não cheguei a ver trevas, mas o cinzento tornava-se cada vez mais escuro.
Septicemia. Envenamento do sangue. Ouvi dizer que o fim era agonizante. Nada mais errado.
Fervia de febre. Já não sentia o frio, muito menos a dor. De olhos fechados parecia-me estar entre o cinzento do mar e o cinzento do céu. Ao som da música da minha alma, adormeci.
Foi uma violência quando me despertaram dos teus braços, e de olhos abertos me obrigaram a abandonar a paz com que docemente me levavas.
Nunca me esqueci de ti. Leva-me de volta.
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"Nothing can cure the soul but the senses, just as nothing can cure the senses but the soul."
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segunda-feira, 25 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"Now, the value of an idea has nothing whatsoever to do with the sincerity of the man who expresses it. Indeed, the probabilities are that the more insincere the man is, the more purely intellectual will the idea be, as in that case it will not be coloured by either his wants, his desires, or his prejudices."
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domingo, 24 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
«There is a fatality about all physical and intellectual distinction, the sort of fatality that seems to dog through history the faltering steps of kings. It is better not to be different from one’s fellows. The ugly and the stupid have the best of it in this world. They can sit at their ease and gape at the play. If they know nothing of victory, they are at least spared the knowledge of defeat. They live as we all should live—undisturbed, indifferent, and without disquiet. They neither bring ruin upon others, nor ever receive it from alien hands. Your rank and wealth, Harry; my brains, such as they are—my art, whatever it may be worth; Dorian Gray’s good looks—we shall all suffer for what the gods have given us, suffer terribly.”»
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The Picture of Dorian Gray
sábado, 23 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"Intellect is in itself a mode of exaggeration, and destroys the harmony of any face. The moment one sits down to think, one becomes all nose, or all forehead, or something horrid. Look at the successful men in any of the learned professions. How perfectly hideous they are! Except, of course, in the Church. But then in the Church they don’t think. A bishop keeps on saying at the age of eighty what he was told to say when he was a boy of eighteen, and as a natural consequence he always looks absolutely delightful."
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The Picture of Dorian Gray
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"It is silly of you, for there is only one thing in the world worse than being talked about, and that is not being talked about."
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The Picture of Dorian Gray
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
As frases mais fabulosas de "The Picture of Dorian Gray", por Oscar Wilde
"We can forgive a man for making a useful thing as long as he does not admire it. The only excuse for making a useless thing is that one admires it intensely. All art is quite useless."
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terça-feira, 19 de agosto de 2008
Operação Sara
Vejam as últimas fotos da Sara, já sem pontos
A Sara é uma cadelinha que teve uma doença terrível que lhe afectou os olhos e estes tiveram de ser retirados. Tenho acompanhado a recuperação, contribuí com o que pude, e agora já posso publicar aqui as últimas fotos. O antes e o depois. Nada disto era possível se não houvesse pessoas que amam os animais. Os animais não são objectos nem brinquedos. São uma responsabilidade, são amigos, são família.
Quem não percebe isto nunca viu os olhos de Deus.
A Sara é uma cadelinha que teve uma doença terrível que lhe afectou os olhos e estes tiveram de ser retirados. Tenho acompanhado a recuperação, contribuí com o que pude, e agora já posso publicar aqui as últimas fotos. O antes e o depois. Nada disto era possível se não houvesse pessoas que amam os animais. Os animais não são objectos nem brinquedos. São uma responsabilidade, são amigos, são família.
Quem não percebe isto nunca viu os olhos de Deus.
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domingo, 17 de agosto de 2008
Invejo-te.
A inveja não é o pecado que me trouxe ao inferno. Mas invejo-te.
Viveste depressa, viveste como quiseste. Partiste num orgasmo de heroína.
Nunca saberás o que é ser velho. O cabelo a cair. Os braços sem força. As pernas trémulas.
O teu rosto será sempre um rapazinho sorridente. Encantador.
Nunca te dirão que a tua arte não presta.
Nunca terás de te preocupar com maldades do mundo que nos matam lentamente. A todos.
Nunca terás crédito indexado à Euribor.
Nunca mais precisarás de gasolina.
Nunca saberás o que é mundo depois de 2001.
Não serás demasiado velho para arranjar emprego.
Não te perguntarão se tens habilitações a mais ou a menos para o supermercado.
Não serás preterido, nas obras, por escravos estrangeiros e mais baratos.
Não terás de emigrar para ser escravo tu também.
Nunca conhecerás a derrota de andar a estudar para nada.
Nunca conhecerás a frustração de seres rejeitado por experiência profissional a mais.
Partiste. Os teus pais choram-te.
Mas não é a ti que eles choram, sabias? Eles choram o filho ideal que nunca tiveram.
Sim, claro que sabias.
E choram o filho ideal que nunca iriam ter.
E isto também sabias, porque vias mais longe do que os outros.
E eles não percebem que morrer foi a melhor coisa que te aconteceu. Não sonham sequer que foi a melhor coisa que lhes aconteceu. Serás sempre o seu pequeno deus.
Invejo-te. Fui cobarde. Todos diziam que estavas errado e acreditei neles. Desculpa-me.
Lamento ter-te deixado. Não lamento teres-me deixado. Nunca teria coragem de te seguir.
Invejo-te tanto!
A inveja não é o pecado que me trouxe ao inferno. Mas invejo-te.
Viveste depressa, viveste como quiseste. Partiste num orgasmo de heroína.
Nunca saberás o que é ser velho. O cabelo a cair. Os braços sem força. As pernas trémulas.
O teu rosto será sempre um rapazinho sorridente. Encantador.
Nunca te dirão que a tua arte não presta.
Nunca terás de te preocupar com maldades do mundo que nos matam lentamente. A todos.
Nunca terás crédito indexado à Euribor.
Nunca mais precisarás de gasolina.
Nunca saberás o que é mundo depois de 2001.
Não serás demasiado velho para arranjar emprego.
Não te perguntarão se tens habilitações a mais ou a menos para o supermercado.
Não serás preterido, nas obras, por escravos estrangeiros e mais baratos.
Não terás de emigrar para ser escravo tu também.
Nunca conhecerás a derrota de andar a estudar para nada.
Nunca conhecerás a frustração de seres rejeitado por experiência profissional a mais.
Partiste. Os teus pais choram-te.
Mas não é a ti que eles choram, sabias? Eles choram o filho ideal que nunca tiveram.
Sim, claro que sabias.
E choram o filho ideal que nunca iriam ter.
E isto também sabias, porque vias mais longe do que os outros.
E eles não percebem que morrer foi a melhor coisa que te aconteceu. Não sonham sequer que foi a melhor coisa que lhes aconteceu. Serás sempre o seu pequeno deus.
Invejo-te. Fui cobarde. Todos diziam que estavas errado e acreditei neles. Desculpa-me.
Lamento ter-te deixado. Não lamento teres-me deixado. Nunca teria coragem de te seguir.
Invejo-te tanto!
sábado, 16 de agosto de 2008
Funeral party
Sozinha. Cada vez mais sozinha. Sinto que caminho sozinha como aquelas pessoas que nos documentários partem em grupo para a densa floresta mas por alguma razão se perdem e de repente se encontram longe e sem conseguir voltar.
Pegadas. Volto aqui vez após vez para deixar pegadas. Tal como aquelas pessoas perdidas nos documentários, na esperança de que em busca do meu resgate a equipa páre e grite: "Pegadas! Ela foi por aqui!"
Tal como nos documentários, mesmo que o fim seja um pântano de areias traiçoeiras, tenho esperança de que alguém reconstitua a história e diga: "Seguimos o rasto até aqui. A partir daqui, nunca mais foi vista. Supõe-se o que terá acontecido mas o corpo nunca foi encontrado."
Vou partilhar, com os meus assíduos leitores, uma espécie de capricho (ou fantasia, como desejarem). Gostava que, em caso da minha morte, comparecessem no funeral. É que há mais do que o meu narcisismo. Gostaria de fazer ali um gathering onde alguém de confiança distribuísse o meu espólio, aquilo que ainda me resta: livros, CDs, scrap books, artigos raros, recortes de jornais, coisas antigas. E assim saberia que iriam parar às mãos certas.
Agora que penso no assunto, não é preciso morrer para fazer isto. Seria apenas mais fácil por duas razões: a primeira, não sei se estou a cometer uma injustiça ao dar àquele o que devia ser desta; a segunda, não seria doloroso abrir mão do que guardei com tanto carinho.
Pegadas. Volto aqui vez após vez para deixar pegadas. Tal como aquelas pessoas perdidas nos documentários, na esperança de que em busca do meu resgate a equipa páre e grite: "Pegadas! Ela foi por aqui!"
Tal como nos documentários, mesmo que o fim seja um pântano de areias traiçoeiras, tenho esperança de que alguém reconstitua a história e diga: "Seguimos o rasto até aqui. A partir daqui, nunca mais foi vista. Supõe-se o que terá acontecido mas o corpo nunca foi encontrado."
Vou partilhar, com os meus assíduos leitores, uma espécie de capricho (ou fantasia, como desejarem). Gostava que, em caso da minha morte, comparecessem no funeral. É que há mais do que o meu narcisismo. Gostaria de fazer ali um gathering onde alguém de confiança distribuísse o meu espólio, aquilo que ainda me resta: livros, CDs, scrap books, artigos raros, recortes de jornais, coisas antigas. E assim saberia que iriam parar às mãos certas.
Agora que penso no assunto, não é preciso morrer para fazer isto. Seria apenas mais fácil por duas razões: a primeira, não sei se estou a cometer uma injustiça ao dar àquele o que devia ser desta; a segunda, não seria doloroso abrir mão do que guardei com tanto carinho.
Arte urbana
Ao lado deste cartaz estavam muitos mais, vandalizados com os grafittis do costume, até que passou por lá um artista e fez isto.
Por motivos de privacidade não digo onde está. Está aqui e basta.
Os meus parabéns ao artista anónimo. Isto não é vandalismo. Isto é arte sobre arte.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
História de uma pomba
Cheia de esperança, a pomba fez um ninho raso no nicho abrigado do portal de uma antiga igreja da velha parte da cidade. Não tem nome mas apraz-me chamar-lhe Eva. Aí, pôs dois ovinhos e deitou-se em cima, esperando. Durante umas duas semanas, sem exagero, vi a bichinha no seu longo aguardar, sobre os ovos, imóvel, como se fizesse parte da pedra daquele portal de Deus. Desconheço se saía para comer ou beber. Só a via à tarde e à noite.
Contra uma cidade que pune com coimas a tradição de dar milho aos pombos (mas hipócrita preserva a tradição bárbara de tortura ao touro no seu mais recente centro comercial), e que os considera uma praga, que gosta mais das suas estátuas e dos seus carros do que dos seus seres vivos, que os espalma debaixo dos pneus como se não tivessem tripas e crias para alimentar, nesta mesma cidade a corajosa Eva pôs dois ovinhos e esperou.
Não sei o que se passou. Ouvi dizer que a Câmara distribui (ou distrubuía) contraceptivo na comida de pombo para manter a sua população estável (ora aí está uma medida válida e humana). Terá sido por isso que não chocaram?
E os dias passaram e a esperançosa mãe abandonou o ninho. Os ovinhos não chocaram. A natureza não vingou na cidade fria como a pedra velha.
Hoje ali estão (dois, que só vi quando Eva se foi), prova de que o ser humano se tornou tão egoísta que merecia o mesmo destino: a fome, o esmagamento, e por fim a extinção.
Não revelo onde estão por medo de vandalismo. Exterminar tudo por onde passa é a especialidade do ser humano.
Vejam-nos apenas, aos dois ovinhos, pelo testemunho da minha lente. Não minto. Estão mesmo ali. A tentativa perdida de uma mãe como outra qualquer.
Mãe Eva, o teu pleito não está esquecido. Humanos até já tentaram exterminar humanos, e não conseguiram. Nem todos os humanos são menos que animais. Nem todos obedecem às leis desumanas do homem.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Música gótica: um bom exemplo [link actualizado]
Amigos, o Fernando chamou-me à atenção que o link não estava a funcionar. Dantes eu usava o alojamento Tripod para este mesmo fim mas parece que já não permite downloads directos.
Agora já funciona mas só vai estar acessível por 7 dias. Depois disso, podem sempre pedir-me para fazer o upload novamente.
Obrigada Fernando!
Obrigada Fernando!
LINK CORRECTO
In your breath
I feel the life
Stolen time
Before the end
In your eyes
I see the light
Fading fast
Like soft stars
In my arms
I hold the night
Forget your fear
I am here
As she grows cold
My thoughts are bright
I hold the night
I hold the night
Bright
It's a better way
How the sun does shine and the children play
Blood on my hands
Dust on my heart
Ash on my head
I'm torn apart
Bright
Here I wish to stay
Now this dream is mine
Night becomes day
"Night and Mourning (edit)", Regenerator, álbum "A Cat-Shaped Hole in my Heart", Projekt, 1999
Depois do último périplo pelas memórias da minha experiência particular no movimento gótico, quis graciosamente o destino que numa noite menos feliz desse por mim a ouvir este tema, não de propósito mas nem de propósito!, porque me fez também pensar "olha aqui está um bom exemplo do que é música gótica se o tivesse de dar".
Não é uma canção conhecida de nenhuma banda antiga ou recente. Também não é um clássico como "Alice" (Sisters of Mercy) ou "Reanimator" (Fields of the Nephilim) ou "Hallow Hills" (Bauhaus), do início dos anos 80. Pelo contrário, por ser um produto de 1999 é que a escolhi, como o delta resultante de muitos rios, não ignorando que qualquer dos clássicos é outro bom exemplo, mas um diamante em bruto, forçosamente em estado mais puro e não depurado dos complexos iniciais dos pioneiros. Esta foi uma das razões porque escolhi este tema em vez de outros, e o resto que me ajudem a explicar as musas.
Antes de mais, esta canção tem uma história. Faz parte do CD "A Cat-Shaped Hole in my Heart", com 14 músicas de vários artistas ligados à cena gótica (alguns de bandas originais, como os Black Tape for a Blue Girl, outros de artistas a solo ou parcerias diversas), um projecto de alerta para a realidade da leucemia felina com as receitas a reverter para um abrigo de animais. Todas as músicas são sobre gatos e a maioria um lamento pelos gatos que desapareceram da vida dos donos. Foi por todas estas razões que comprei o CD. Aliás, aconselharia vivamente a toda a gente que perdeu um animal de estimação mas o site original que está no CD já não existe portanto não tenho o link. Mesmo que não fosse sobre gatos, é um excelente CD.
Em cima está o link para download da música de que vos falo em especial (para ouvir, clicar com o botão direito do rato e fazer "save as"), e na Amazon ainda se pode encontrar o CD de vos falo, AQUI (a capa também é muito gira e o artwork interior idem).
Tal como a maioria das canções, esta fala do sofrimento inconformado do dono perante a morte da sua gata. Em meia dúzia de palavras: a gata morreu, ele lamenta-se, e no seu desespero imagina que a gata está num sítio muito melhor. Nada mais simples.
Vou agora explicar porque é que daria esta canção como exemplo de música gótica.
1) Em termos não muito técnicos (só admissíveis a um músico), o recurso descomplexado a todos os meios electrónicos ao dispor. Não ficaria surpreendida se toda a música tivesse sido composta num sintetizador, da caixa de ritmos ao piano. Não sou especialista mas parece-me que não há aqui nenhuma guitarra (o que é chato porque era apenas o que faltava para um exemplo mais que perfeito, mas não se pode ter tudo). Desde o início, a começar pelo conhecido Doktor Avalanche dos Sisters of Mercy, as bandas góticas nunca desprezaram o sintetizador para compensar a falta de elementos ou produzir o som pretendido sem necessitarem de uma orquestra em palco. Contudo, neste caso, embora não me pareça que exista, podia bem haver uma guitarra real ou digitalizada neste tema. O que interessa é ser facilmente transposto para qualquer palco, com os instrumentos reais ou sintetizados (se bem que para os Fields of the Nephilim pudesse ser um problema transportar um orgão de igreja em digressão). Apenas um instrumento é imprescindível: a voz. Nesta canção há uma voz masculina e uma voz feminina e ambas são fundamentais. A música gótica sempre foi um movimento de cantores e divas, possivelmente e exactamente pela ausência de mais instrumentos "reais". Existem, de facto, instrumentais, e instrumentais fabulosos, mas nada que se aproxime da canção gótica quando a voz está presente. Um exemplo do que digo: o famoso "Bela Lugosi's Dead" é em grande parte instrumental mas é inegável que entre ouvi-lo com ou sem a voz de Peter Murphy, nas suas parcas intervenções, a escolha deve ser bastante clara.
2) O tema. O melhor tema da canção gótica é a morte, seja em sentido literal (como neste caso) ou figurativo (quer a morte interior ou sentimental, quer a decadência individual ou social que anuncia o "fim" de qualquer coisa).
3) A letra. Para começar, o trocadilho (muito apreciado no género e também recentemente utilizado pelos Fields of the Nephilim no seu último álbum "Mourning Sun") entre a palavra "morning" (manhã) e "mourning" (luto). "Night and Mourning" é, portanto, a escuridão do luto e a sugestão da luz. A letra nunca fala de um gato, só diz "she" (ela). Podia tratar-se de um amor, de uma mãe, de uma criança. Sem o background do CD, só sabemos ao certo uma coisa: alguém muito importante morreu e o autor tenta, através do artifício narrativo de uma segunda voz, consolar-se com o pensamento de que para esse alguém uma nova vida começou, uma vida luminosa e para sempre longe da dor humana ("how the sun does shine and the children play"), a verdadeira vida do espírito. Liricamente fácil mas eficaz até às lágrimas. Como dizia acima, também é deste lirismo simples (nalguns apenas casos aparentemente simples) e ao mesmo tempo poderoso de que a música gótica se alimenta.
4) O crescendo épico. Musicalmente não necessita de muita explicação nem é exclusivo da música gótica (Wagner que o diga) mas está presente na maioria dos temas, e também neste.
5) O consolo. Na minha humilde opinião, o que distingue a temática gótica das outras correntes de música depressiva (que as há, desde os velhinhos Doors ao mais recente grunge -- e do emo não posso falar porque não tenho paciência para ouvir) é a consolação através da beleza da forma e do conteúdo. Já o tinha dito aqui uma vez. A música gótica pretende ser agradável apesar dos horror dos temas que aborda, da mesma forma que o ser humano tenta contornar a horrível verdade do cemitério com as mais belas esculturas de anjos. Este consolo, ou consolação, se preferirem, apenas aparentemente é cristão. Já o povo Neanderthal cobria as sepulturas de flores e nem temos a certeza se o povo Neanderthal pertence ao genoma humano (?). Aliás, até os elefantes são conhecidos pelos seus estranhos rituais nos "cemitérios" de ossos dos familiares da manada. De modo que, apesar da resolução deste tema em particular ser bastante místico ("foi para um lugar melhor"), não queria estar aqui a analisar demasiado a pré-história da coisa, apenas salientar que não é forçosamente cristã e basta por agora. Voltando à especificidade da temática gótica, ao contrário de outros estilos (como o metal e o grunge) que deixam um amargo vazio no ouvinte, o gótico, escapista na opinião de uns, místico na opinião de outros, tenta preenchê-lo de beleza não só na forma (a música) mas também no conteúdo (o lirismo com que aborda as realidades mais cruéis, como a morte): "Night becomes day".
E esta canção é um exemplo maravilhoso disto tudo.
Se ouvir mais alguma, para a consolação de nós todos, prometo que partilho.
sábado, 2 de agosto de 2008
The Happening (2008)
"The Happening", de M. Night Shyamalan, é um dos melhores filmes catástrofe que vi até hoje. Não é fantasioso e não enche o olho como "O Dia Depois de Amanhã", é certo, mas vai buscar o pior dos horrores, uma toxina que faz com que os seres humanos se suicidem, provocando o auto-extermínio da espécie (apenas outra espécie igual a tantas outras, nós é que julgamos que não) que mais prejudicou o planeta Terra durante uma existência mais curta do que a dos dinossauros.
Não vou revelar de onde provém a toxina (isso seria estragar todo o prazer do filme) mas vou adiantando que aqui não se encontram grandes efeitos especiais nem é preciso porque, às vezes, nada como ficarmos pelo "natural". Em algumas partes do mundo as abelhas já deram à sola, e isso é dizer muito.
A nível de private joke, contudo, não me contenho sem comentar que aposto tudo e mais alguma coisa que esta toxina não afectaria o cérebro dos góticos, uma vez que por sobrecarga neurológica já estariam completamente imunes. Ou estão realmente a ver um gótico pôr termo à vida devido a uma toxina quando há tantas mais razões para o fazer? Ridículo. E assim se cumpriria a profecia que os últimos seres vivos no planeta acabarão por ser as baratas... e os góticos.
Brincadeiras à parte...
16 em 20.
E vale muito a pena ver o filme.
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