domingo, 1 de junho de 2025

The Outsider (2020)

O que parecia ser um crime de pedofilia... não é o que parece.
Como já disse aqui muitas vezes, gosto de ver filmes e séries sem saber nada sobre eles. Comecei a ver "The Outsider" e pensei: "Olha, parece uma história de Stephen King." Imaginem a minha surpresa quando, nos créditos, apareceu "baseado num romance de Stephen King". Estou a ficar uma perita em Stephen King.
Não posso dizer muito sobre a história por causa dos spoilers, mas é sobre o Papão. E também não revelei nada porque todas as histórias de terror são sobre o Papão, como o próprio autor nos ensinou. O enredo desenrola-se mais como um policial (muitas impressões digitais, muito ADN, muitas entrevistas a suspeitos) do que como um filme de terror. Não há aqui criaturas assustadoras nem grandes efeitos especiais, é tudo muito contido.
Às vezes foi difícil acompanhar a série porque tem demasiados personagens, o que é típico de Stephen King. Como estas personagens só lá estão para desempenhar um papel, sem serem desenvolvidas, ninguém quer saber delas para nada. Foi por isso que não percebi qual foi o atirador que matou um suspeito num momento crucial: não tive tempo de lhe conhecer a cara, muito menos o nome. Há outra passagem igualmente frustrante, quando morre a mãe da primeira vítima. Tive de fazer batota e ir à internet pesquisar o que é que aconteceu à mulher. Parece que teve um ataque cardíaco. O que eu vi foi a mulher a prantear e cair de joelhos no chão, como faz uma pessoa que pranteia, não vi ataque cardíaco nenhum. Esta perplexidade, e outras do género que se repetem durante a série, não me deixou apreciar o enredo sem voltar atrás e ver de novo. Aliás, só percebi tudo ao segundo visionamento.
Outro momento de grande perplexidade foi quando está um personagem na prisão e os outros reclusos querem fazer-lhe a folha porque é um "assassino de crianças", mas depois este personagem desaparece e voltamos à prisão com outro personagem que caiu ali de pára-quedas e que eu julguei um membro do gangue que queria fazer a folha ao primeiro, mas afinal não tinha nada a ver com a cena anterior e fiquei muito confusa.
Noutra passagem, e isto vai soar um bocadinho cómico, a entidade malévola faz um escravo que vai a uma loja de ferragens e electricidade comprar candeeiros. Este escravo também tem de ir caçar veados para a entidade e deixa os veados e os candeeiros no meio da floresta. Confesso que este foi o momento de maior perplexidade de todos. Candeeiros no meio da floresta, sem estarem ligados a nada?!.. Tive de ver segunda vez para perceber que o escravo também estava a comprar geradores e gasóleo. Mas que raio de monstro tem medo do escuro? Só entendi isto no último episódio, e mesmo assim estou convencida de que o monstro podia ter arranjado sítio melhor onde morar.
Não faço ideia se eles estavam a seguir a estrutura do livro, mas se estavam deviam ter adaptado melhor. Foi por isso que em "Pet Sematary" tiveram de eliminar a mulher de Judd, que não estava ali a fazer nada. Stephen King, às vezes, não se lembra que as personagens só interessam se causarem impacto, e esta adaptação esqueceu-se de nos dar tempo de chegar a conhecê-las. Se é do livro ou da série, não faço ideia, mas às vezes não percebi exactamente o que estava a acontecer e como é que as personagens tinham chegado do ponto A ao ponto B.
Apesar disto tudo, "The Outsider" é uma boa série, melhor do que "It", e devo dizer que o final me recordou muito de "It" na versão adulta (isto é, com adultos em vez de miúdos). Confesso que não gostei de "It", mas "The Outsider" pareceu-me a versão melhorada, mais realista, muito mais credível do que "It". Recomendo.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 2 vezes (quem perceber tudo à primeira tem os meus parabéns)

PARA QUEM GOSTA DE: Stephen King, terror, It, policial


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