domingo, 26 de setembro de 2021

Season of the Witch / Época das Bruxas (2011)

Há filmes maus e há filmes péssimos. E depois há destes, em que actores conceituados como Nicolas Cage e Ron Perlman aceitam participar porque têm contas para pagar.
O filme nem começa muito mal e parece uma coisa de época: no século XIV, perante um surto de Peste Negra, algumas mulheres são enforcadas como bruxas (porque as bruxas são sempre as causadoras da Peste Negra, como se sabe). Ao mesmo tempo, dois ex-Cruzados (Cage e Perlman) desertam das Cruzadas, chocados com a ganância e a mortandade a que assistem em nome da fé. Até aqui tudo bem, até parece um filme histórico e sério.
Mas, subitamente, as tais bruxas, não apenas enforcadas como de seguida afogadas (não fosse o Diabo tecê-las) são pescadas do rio pelo padre caça-bruxas, e não é que o Diabo “as teceu” mesmo e ainda estavam vivas? Vivas e com aspecto malévolo. O padre tem de pronunciar uma reza de um livro raro para que morram de vez, mas uma delas é demasiado poderosa e pega fogo ao livro. Só existe um outro exemplar do livro, num mosteiro recôndito, e é aqui que os cavaleiros ex-Cruzados são recrutados para acompanhar o caçador de bruxas e a bruxa (fechada numa carroça de grades, evidentemente) ao tal mosteiro milagroso.
No caminho, a bruxa demonstra mesmo poderes maléficos. Ou seja, lá se vai o filme histórico por água abaixo e começa algo de sobrenatural, uma reviravolta que não cai muito bem.
Mas há pior. Tenho mesmo de contar, para explicar porque é que é tão mau. Não se preocupem com os spoilers, um filme deste calibre nem merece que lhe respeitem os spoilers, e se calhar até é mais humorístico com eles. Todos os clichés aqui acontecem. O mais irritante, para mim, foi quando a bruxa, numa escura floresta (porque estas coisas metem sempre uma floresta escura e sinistra)  invoca uma alcateia de lobos para atacarem os seus captores. Mas não contente com os lobos propriamente ditos, transforma-os em lobis-lobos. Não estou a brincar, é preciso ver para acreditar. Se calhar queriam “monstrificar” os lobos para a gente não ter pena quando os matassem? Sei lá, já acredito em tudo.
Mas isto não acaba aqui. Ao chegarem ao tal mosteiro, apercebem-se de que saber onde este ficava foi sempre o objectivo da bruxa também. Para destruir o livro de vez. Porque a bruxa… A bruxa é o Diabo!
A peste chegou antes e os nossos heróis deparam-se com um mosteiro cheio de monges mortos. Mas o Diabo ressuscita-os e temos o quê? Monges zombies por todo o lado! Quando os nossos Cruzados não conseguem descobrir como matar os monges zombies, até temos a frase clássica: “Na cabeça! Atinge-os na cabeça!”.
Finalmente, o padre caçador de bruxas percebe que transportaram o Diabo até ao mosteiro onde está o único livro que… não percebi muito bem… e desata a fazer um exorcismo. A falta que ali faziam Sam e Dean (do “Sobrenatural”, para as almas desorientadas que desconhecem), que sabem o exorcismo de cor, porque o Diabo está-lhe sempre a arrancar o livro das mãos. O fim é à Exorcista, com o sacrifício do costume e a libertação da miudinha das garras do Mal, mas com muita porrada à mistura.
Espero que Nicolas Cage e Ron Perlman tenham conseguido pagar as contas, porque de resto o filme não serve para nada. Péssimo, mau, péssimo. Um daqueles filmes que nunca devia ter visto a luz do dia. Mas temos lobis-lobos, monges zombies, uma bruxa que afinal era só possessa, e muita espadeirada. Talvez alguém se divirta a ver isto. Eu nem isso.

10 em 20 (para não dar negativa)
 

 

domingo, 12 de setembro de 2021

“Elysion”, um livro de D. D. Maio, finalmente disponível!


“Elysion”, um livro de D. D. Maio, encontra-se disponível em papel e ebook (formato epub).

Link: www.bubok.pt/livros/266740/Elysion

Sinopse
Quanto tempo pode durar a felicidade? 
Ainda é verão, paraíso breve. Reena e o imperador encontram-se no jardim do novo palácio para debaterem filosofia. Depressa a conversa se volta para o passado. Eric, o imperador, sempre pensou que tinha travado uma guerra para sobreviver. Na verdade, o que queria era despeitar o seu pai.
Reena só queria ser uma rapariga como as outras.
Axel só queria ser alguém.
Camilla e Alexander queriam o que não podiam ter.
Gherrard e Sunya já tinham tudo o que queriam.
Hildegaard, sem nada querer, conseguiu esvaziar a sua vida.
Rosa só desejava um lar onde pertencer.
Rurik queria de volta o lar que perdera.
Kelma queria escapar para lá do seu horizonte.
Selma queria poder.
Elena queria vingança.

“Elysion” é um drama no género Low Fantasy, romântico, filosófico e psicológico, com elementos sobrenaturais.
A acção passa-se após “Nepenthos”, “Miasma” e “Solstício”, mas “Elysion” pode ser lido como livro autónomo.


ELYSION
© 2021 D. D. Maio
Formato papel: 170 x 235 mm
Nº de páginas: 456
ISBN: 978-84-685-6114-1
Bubok, print on demand
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Formato ebook em epub
ISBN: 978-84-685-6113-4

Disponível em www.bubok.pt

www.bubok.pt/livros/266740/Elysion

Contacto: d.d.maio.email@gmail.com
Página: ddmaio.blogspot.com





domingo, 5 de setembro de 2021

Das Boot / O Submarino [2018 - 2020]

“Das Boot” é uma série de grande qualidade dramática passada na França ocupada durante a Segunda Guerra Mundial. Ao contrário do habitual, a história é-nos apresentada principalmente através da perspectiva da tripulação dos submarinos alemães, não dos Nazis, porque muitos não o eram, mas do soldado comum que quer cumprir o seu dever para com a pátria tal como jurou fazer ao alistar-se.
“Das Boot” é uma série de guerra, sem dúvida, mas não se esgota por aí. A história assenta em três temas principais: os dilemas enfrentados pela tripulação do/s submarino/s, a opressão sobre os cidadãos da França ocupada, e a Resistência.
Frank Strasser é um operador de rádio recrutado à última hora para a viagem inaugural do submarino U-612. Strasser não pode recusar um comando directo, mas a verdade é que o jovem tinha outros planos, que incluíam a aquisição de passaportes falsos e a deserção. Pouco antes da partida, chega a La Rochelle a irmã de Frank, Simone Strasser, tradutora de ligação entre a polícia e o agente da Gestapo Hagen Forster. Frank confessa à irmã que tem uma filha com uma francesa judia e é absolutamente necessário retirá-las da França.
Na ausência do irmão, Simone envolve-se assim no submundo da ocupação, onde o inspector da polícia, Pierre Duval, oficialmente colaborador, colabora o menos possível, e a Resistência se movimenta em tentativas de sabotagem. Simone encontra-se numa situação precária quando o agente Forster se interessa por ela com intenções românticas, e esta tenta tirar partido dessa atracção de modo a fornecer informação à Resistência, um jogo perigoso que lhe pode custar a vida.
Pelo segundo episódio de “Das Boot” eu já estava completamente agarrada, a lamentar ter adiado tanto dar uma oportunidade a esta série no género Drama de Guerra. É que, geralmente, os dramas de guerra são insuportavelmente aborrecidos e não passam de momentos de acção uns atrás dos outros (tácticas, mapas, batalhas, sabotagens, explosões, tiroteios, bombardeamentos…) e de conversas entre hierarquias em que cada um puxa dos seus galões. “Das Boot” também é isso, mas é muito mais do que isso. Por exemplo, a primeira cena da série é de cortar à faca, quando vemos um submarino ser afundado e acompanhamos todo o terror da tripulação a perecer no fundo do mar. Não é nada levezinho.
Outra cena espectacular, mas realista, é o confronto de dois submarinos alemães, com ambos os capitães a tentarem infligir o máximo dano um ao outro sem se destruírem também. E mesmo assim...
Mas aqui o que importa são os dramas pessoais, o que leva as pessoas a escolherem de uma maneira e não de outra, muitas vezes em situações em que não existe uma boa escolha.
É preciso não esquecer que é uma série de guerra. A maior parte dos finais não são felizes. Mesmo tendo isto em conta, não gostei da maneira como descartaram Simone no primeiro episódio da segunda temporada, quase como se tivesse sido a actriz a pedir para sair (e se calhar até foi). Simone é uma heroína a sério, uma heroína de guerra, daquelas que recebem medalhas com honras militares. Se era para ser assim, mais valia ter tido um final épico à sua altura na primeira temporada. Sinto que fomos levados em erro, ou o argumento teve de mudar à última da hora.
Na segunda temporada, a enfermeira Margot Bostal junta-se oficialmente à Resistência e tenta salvar uma família judia passando a fronteira para Espanha. O inspector Duval, farto de colaborar, tenta ajudar também. O agente Forster não é nada parvo e desconfia de ambos. Recruta um meliante francês sem escrúpulos e coloca-o a fazer o trabalho sujo que Duval se recusa a fazer. Duval tenta avisar este anti-patriota de que os alemães o vão atirar aos lobos. Resposta: “Eu é que sou o lobo, auuu, auuu!” Sempre houve “espertalhões” (para não lhes chamar pior) que se aproveitam da situação junto do regime opressor pelo estatuto e pelo poder. Este é um destes. Nunca acabam bem.
Esta série foi patrocinada com fundos europeus. Por uma vez, os fundos europeus foram bem aplicados… Apesar de passar na AMC, “Das Boot” é falado em três línguas: alemão, francês e inglês, conforme os personagens, o que se torna muitíssimo realista e raro de encontrar (geralmente todos falam inglês).
Todas as personagens em “Das Boot” são interessantes e complexas, mas, na minha opinião, nenhuma é mais intrigante do que o agente Hagen Forster. Tudo o que ele deseja, como diz a Simone quando andava a tentar cortejá-la, é comprar uma quinta em França (até já a comprou), casar e ter filhos, enfim, levar uma vida pacata que não se coaduna com o facto de andar a perseguir judeus. Mas parece-me que ele ainda não se apercebeu disso. Depois da lavagem cerebral do nazismo, Forster está completamente convencido de que o regime Nazi é a sociedade ideal. Tão bom agente ele é que na segunda temporada um superior do Partido Nazi vem expressamente convidá-lo para comandar um campo de extermínio no Leste. Quando Forster olha para os planos de construção do campo e estranha o local onde vai ficar o crematório, o outro nazi comenta que foi uma solução genial, ou não foi? Aqui, pela primeira vez, pelo instante petrificado no olhar de Forster, compreendemos que ele não sabia ainda da “solução final”, e que fica chocado. Mas não deixa transparecer mais nada, porque o superior lhe diz que não é um convite que se possa recusar, uma vez que Forster está tão bem visto pelas chefias do Partido. Forster está demasiado envolvido na sua carreira ambiciosa para mudar de ideias, ou não estará? O final é ambíguo, pelo que não é um spoiler. O superior diz-lhe que Forster devia andar de uniforme em vez de roupa à civil. No último momento, depois de alguns acontecimentos marcantes, vimos Forster a dobrar e arrumar o uniforme dentro de uma mala bem fechada, indicando que vai partir para algum lado. Decidiu aceitar a posição no campo de extermínio, ou rompeu definitivamente com o Partido Nazi? Do que vimos nos últimos episódios, ambas as hipóteses são possíveis.
“Das Boot” é inspirado nos livros  de Lothar-Günther Buchheim, “Das Boot” e “Die Festung”.
Esta é uma série a não perder e tenciono ver de novo assim que voltar a passar na AMC.”Das Boot” é tão bom que quase compararia a série a “The Terror”, mas sem sobrenatural. Porque, afinal, quem é que precisa de monstros quando temos Nazis?