terça-feira, 22 de abril de 2025

The Wolf of Snow Hollow / O Lobo de Snow Hollow (2020)

Vi este filme uma vez e, confesso, achei uma cagada e apeteceu-me apagá-lo logo. Mas depois tive um pesadelo com a porcaria do filme. Uma vez que me tocou a nível inconsciente, decidi ver outra vez para perceber porque é que não gostei. E voltei a ter um pesadelo (já não sei se relacionado com o filme). Logo, “The Wolf of Snow Hollow” consegue algo que se calhar não queria conseguir tão bem: aterrorizar.
O próprio título indica, o filme é sobre um lobisomem. Na pacata cidade de montanha de Snow Hollow, crimes horrendos começam a acontecer todas as noites de Lua Cheia, sobressaltando os residentes, afastando os turistas da estância de esqui e colocando a diminuta força policial à beira de um ataque de nervos. O xerife é idoso e sofre do coração, mal se aguenta de pé mas não se quer reformar, os delegados encobrem-no, um deles é o seu filho John, candidato a suceder ao pai, o resto dos polícias andam às aranhas com os homicídios, a sua rotina é passar multas e dariam tudo para chamar o FBI mas o FBI não tem jurisdição. Em suma, o filme quer que nos concentremos mais nos polícias-baratas-tontas e nos problemas pessoais do delegado John (divorciado, ex-alcoólico, com uma filha adolescente na idade da rebeldia) do que no lobisomem propriamente dito e nos cadáveres horrivelmente mutilados que este deixa para trás.
Penso que sei o que o filme (e o realizador Jim Cummings, igualmente no papel de John) queria fazer aqui, e era outro “Fargo”. Mas “Fargo” acertou em tudo, “The Wolf of Snow Hollow” não acerta nem ao lado.
E porquê? Porque o filme queria ser cómico, ainda por cima, além de dramático, e exagerou na incompetência dos polícias e nos problemas pessoais do delegado John a ponto de não ter graça nenhuma. Sobrepujado por um caso que não sabe resolver, John volta a meter-se na bebida, grita por tudo e por nada e despede profissionais a torto e a direito, chega a andar à porrada com o especialista forense porque este não lhe fornece as provas que ele quer (o que é isto, a creche?), encobre o pai, discute com a mulher e a filha e até com a recepcionista da esquadra, e isto tudo quando ainda estava sóbrio. Na verdade, John é tão exaltado e histriónico que passei o filme todo a pensar que o lobisomem era ele até ao momento em que se confrontam frente a frente. (E talvez tivesse dado um filme melhor, na minha opinião.)
Por outro lado, as cenas dos crimes são demasiado arrepiantes e realistas para nos pôr num estado de espírito de achar graça. Numa cena, vemos o lobisomem arrancar o braço a uma mulher. Noutra, uma mãe com a filha de três anos no carro é aliciada para fora da viatura. É atacada pelo lobisomem e o seu primeiro instinto é fugir, mas corre para ele por causa da filha. Mais tarde vimos a saber que o lobisomem não se limitou a matar a mãe (o que é mostrado) como também a miudinha, que embora não seja mostrado é completamente trágico. Por contraponto, os delegados-baratas-tontas parecem mais interessados em não fazer 100% má figura do que no número de corpos que se vai avolumando.
“The Wolf of Snow Hollow” é demasiado aterrorizador para ser cómico e o drama não é engraçado, é ridículo. No meio desta salsada toda (uma salsada bastante sangrenta, por sinal), também não gostei do fim à Sherlock Holmes. Logo, estou muito dividida quanto aos méritos do filme. Como género de terror funciona, e de que maneira! (Assustou-me, deu-me pesadelos, e já não é qualquer lobisomem que consegue fazer isto.) O resto é que não tem ponta por onde se pegue. Jim Cummings devia dedicar-se apenas ao terror e fazia melhor.

Não sei que nota dar a isto. 

 

Sem comentários: