terça-feira, 2 de abril de 2024

Witch Hunt / Caça às Bruxas (2021)

Numa América dos nossos dias onde a bruxaria é ilegal e as bruxas sofrem pena de morte, uma adolescente tem de decidir de que lado está.
“Witch Hunt” é muito melhor do que devia ser, nem que seja pela tentação despropositada de lhe meter “sustos” à filme de terror, quando o terror aqui é a perseguição e a execução sumária (inclusive na fogueira) de mulheres inocentes só porque fazem magia. Sim, a magia é sobrenatural, mas isto só funcionaria se o filme mostrasse uma bruxa que usasse a magia para fazer o mal. Como as bruxas são representadas como inofensivas, o que nos incomoda é uma perseguição implacável a lembrar os piores regimes totalitários de que há memória onde as minorias são exterminadas. Por exemplo, nesta sociedade faz-se mesmo o teste da água: todas as jovens de certa idade são imersas numa piscina: se flutuarem é porque são bruxas. Pelo menos aqui, ao contrário de outros tempos, as raparigas estão atadas a uma cadeira mas têm direito a um tubo de oxigénio. Mesmo assim, algumas entram em pânico e afogam-se. Nenhuma flutua. São estes os momentos de terror, os momentos de fanatismo absurdo.
Mas “Witch Hunt” conta com um trunfo, a actriz Elizabeth Mitchell (a Juliet de “Lost”), que é a mãe da adolescente em causa e faz parte de uma Resistência para ajudar as mulheres acusadas a fugir do país. Elizabeth Mitchell ilumina o écran no momento em que aparece. (Por exemplo, quando diz a uma vizinha que na sua opinião “até deviam ter construído um muro mais alto”, é uma piada política que nem parece cómica.) Assim que vemos a Juliet de “Lost” pensamos logo que ela vai salvar tudo porque é uma durona. Mas salvará mesmo?
Uma das dicas que nos é dada é o apelido da miúda (muito óbvio para quem sabe alguma coisa dos julgamentos de Salem). Outra é o fascínio de algumas raparigas pelo filme “Thelma & Louise”. O próprio final quer fazer uma homenagem a este clássico (à mistura com ”Harry Potter”, não sei), mas não correu muito bem.
As verdadeiras cenas de tensão são aquelas tiradas da vida real, em que pessoas perseguidas são transportadas às escondidas na mala do carro e aparece alguém que o manda parar. São bruxas, mas podiam ser judeus, ou outra minoria qualquer a fugir ao extermínio.

13 em 20 (porque o fim não esteve à altura da premissa)

 

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