[contém spoilers]
Da primeira vez que vi este filme simplesmente não “bateu” como da segunda. Se calhar estava à espera de outra coisa. Este é um filme sobre a morte. E sobre a vida. E sobre a morte.
“Hereafter” conta as histórias paralelas de três personagens. A jornalista francesa Marie Lelay está de férias na Tailândia durante o tsunami de 2004. Apanhada pela onda assassina, Marie quase se afoga e tem uma experiência de quase-morte que vai mudar todos os seus interesses profissionais. Marie tencionava escrever um livro sobre Mitterrand, mas agora está obcecada em procurar provas da vida no Além, o que lhe vale a perplexidade e até alguma troça dos colegas.
Longe, nos Estados Unidos, George Lonegan é um vidente “a sério” que abandona essa carreira lucrativa para se empregar como trabalhador fabril porque já não aguenta que “a vida seja sobre a morte”, por muito que as pessoas insistam e lhe queiram dar dinheiro para o convencer a fazer uma leitura com os entes queridos falecidos.
Na Inglaterra, dois gémeos dos seus 11 ou 12 anos têm uma mãe toxicodependente e fazem tudo para a encobrir dos Serviços Sociais para que estes não os separem. Num acidente trágico, um dos gémeos morre atropelado e o outro, Marcus, é colocado à guarda de uma família de acolhimento. Mas Marcus não se conforma e rouba todos os tostões para consultar charlatães vários (na tentativa de contactar o irmão) que não se importam de extorquir dinheiro a uma criança. Marcus já descobriu George na internet, mas este está demasiado longe.
Encontram-se na Feira do Livro de Londres, onde Marie está a apresentar o livro sobre o Além que acaba de lançar. George foi despedido num downsizing da empresa para onde trabalhava e encontra-se em Londres para tirar tempo para pensar. Marcus dá com ele e persegue-o até conseguir falar novamente com o irmão, o que George faz porque tem pena do miúdo. A certa altura não se percebe se George ainda está a falar com o Além ou a “inventar”, quando diz a Marcus que o irmão o manda esquecê-lo e seguir em frente com a sua vida, mas seja como for foi comovente.
Em suma, é esta também a mensagem do filme: acredite-se ou não no Além, não adianta ficar obcecado com o assunto. O importante é seguir em frente, mesmo quando a vida é injusta. Afinal, eventualmente toda a gente vai descobrir se o Além existe ou não.
14 em 20
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