domingo, 30 de abril de 2023

Mary Queen of Scots (2018)


Boa dramatização histórica da vida de Mary Stuart, Mary I da Escócia. Mary, católica, foi criada em França para fugir aos conflitos entre católicos e protestantes (veja-se “Os Tudors”). Ao regressar, Mary promulga o direito a praticar ambas as religiões (o que enfurece os protestantes) e arranja um casamento que lhe dê descendentes (com sucesso). O grande problema de Mary é mesmo a sua prima Elizabeth, rainha de Inglaterra (filha de Henrique VIII e Ana Bolena). Mary tenta estabelecer boas relações com Elizabeth, mas sendo esta neta de Henrique VII (pai de Henrique VIII) e sendo Mary bisneta do mesmo (neta de Margaret Tudor, irmã de Henrique VIII), com a agravante de Elizabeth não ser incontestavelmente reconhecida por todos os nobres como herdeira ao trono de Inglaterra uma vez que o casamento com Ana Bolena foi anulado, o grande problema de Mary foi mesmo ser uma herdeira legítima aos tronos da Inglaterra e da Escócia. Ainda por cima católica, numa altura em que cabeças eram cortadas devido à religião que professavam, e para cúmulo mãe de um príncipe herdeiro que ainda tem mais direito à coroa (igualmente por parte do pai) do que Mary e Elizabeth juntas (quando Elizabeth nunca casou nem teve filhos), o seu fim não se augurava famoso. O surpreendente foi Elizabeth não a ter mandado matar mais cedo. É mesmo entendido que Elizabeth não queria mandar matar a prima porque abriria o precedente da execução de uma rainha soberana. E no entanto…
O filme dá-nos a perspectiva de Mary e faz-nos empatizar com ela. Não está provado que Mary conspirasse contra a prima, mas as influências nas duas cortes selaram-lhe o destino. Aliás, dou os parabéns ao filme por não querer explorar os aspectos mais horripilantes da execução de Mary, mas quem quiser saber o que realmente se passou pode consultar AQUI.
Em geral, uma boa reprodução histórica, mas, como já disse aquando de “Os Miseráveis”, tenho bastantes queixas em relação à inclusão de actores negros e asiáticos como membros importantes da corte. Isto não tem nada a ver com racismo, embora para os Americanos tudo tenha a ver com racismo, o que leva à inclusão de “diversidade” onde esta não existe historicamente. O título é “Mary Queen of Scots”, e não Mary Queen of Fairies. Na corte destes tempos o único lugar de um negro era o de escravo (nunca um embaixador ou uma aia da rainha, que eram todas escolhidas das famílias mais nobres e influentes ‒ novamente, veja-se “Os Tudors”) e um/a asiático/a só teria lugar como criatura exótica para entretenimento. Aliás, isto era quando os japoneses coziam vivos quaisquer ocidentais que pusessem os pés no Japão, tomem lá para verdade histórica. Nunca, jamais, outras raças teriam lugar na corte. O que havia muito nas cortes europeias eram anões: como bobos.
Esta é uma adaptação histórica e qualquer desvio racial é faltar à verdade e projectar uma realidade que nunca existiu em prol de ideologias modernas que nada têm a ver com os tempos retratados. Gosto pouco de fanatismos (como os fanatismos religiosos daqueles tempos) e não posso compactuar com estes fanatismos raciais. À época não havia tolerância, nem racial, nem sexual, nem sequer religiosa. Esta é que é a verdade histórica. Isto é a Europa do século XVI, não é a América do século XXI.
Por causa destes elementos mirabolantes, só posso dar

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