terça-feira, 31 de outubro de 2006

Um dia...

Um dia o pesadelo vai acabar. A bem ou a mal.

domingo, 29 de outubro de 2006

"The Dracula Tape" de Fred Saberhagen

Um Drácula com um fino e seco sentido de humor? Hmmm. Sim. Vlad, para os amigos e amigas, de Fred Saberhagen.
Ao ler o clássico, "Drácula" de Bram Stoker, sempre me ficou atravessado que no meio de todas aquelas cartas e diários o protagonista não tivesse direito a voz própria. Parece que não fui a única. Fred Saberhagen, à semelhança de escritores como Anne Rice que contam a história na perspectiva do vampiro, decide relatar os acontecimentos na primeira pessoa.
Se no século XIX o importante era dar caça ao monstro, a ameaça externa que perturbava a paz dos vivos, no século XX descobriu-se que são os vivos que comem vivos os outros vivos. Não admira que agora os vampiros falem. Os monstros somos nós, não eles.
Aconselho vivamente este livro a todos os vampire lovers, porque aqui Drácula faz-nos rir mais do que pensar, e não se representa a si próprio como o desgraçadinho condenado - ele quer lá saber disso! - mas como um bon vivant do(s) século(s) passado(s) que não dispensa a companhia de uma bela mulher e os jogos de sedução de um eterno apaixonado.
Quanto a Van Helsing, o arqui-inimigo, é descrito como um fanático religioso, tão sádico como sexualmente reprimido, que tem por fetiche penetrar mulheres com estacas de madeira. Diz dele o protagonista: "Por alguma razão a sua mulher foi parar ao manicómio." Contudo, este Drácula não é um santo. A mulher dele, não tendo ido parar ao manicómio que não existia na altura, atirou-se da muralha do castelo, como conta o clássico.

Uma passagem:

But let the story go. In passing, you think, I have let out the real truth, and it proves to be just what my enemies have claimed. I have now confessed that I deliberately made that girl into a vampire.
Is it not so? you ask. And I answer, jovially enough, in a phrase that men have used to excuse everything from genocide to sexual oddity: Yes, and what's wrong with that?
Will you tell me that the mere existence of a vampire creates a blot of unexampled evil upon the earth? You would be in danger of becoming insulting if you said that to Count Dracula. But never mind personal considerations for the moment. The fact is that you are arguing in a circle. It is evil to be a vampire because they sometimes make other vampires who are by definition evil.
Mere reproduction has not been thought a crime for human beings, at least not till very recently. Why may not I enjoy the rights of other men?



Sobre Fred Saberhagen:

Saberhagen's Dracula novels are based on the premise that vampires are morally equal to normal humans: they have the power to do good or evil, it is their choice. The first in the series "The Dracula Tape" is the story of Bram Stoker's "Dracula" told from Dracula's point of view. As the continuation of the series makes obvious, in this version, Dracula survives the best efforts of Harker, Van Helsing and company, who are portrayed largely as bungling fools. In later novels Dracula interacts with other literary characters including Sherlock Holmes and Merlin.

Boas leituras.

ser ou não ser? não ser

1ª parte

Tem sido algum tempo o de silêncio. Tantas coisas se passaram dentro do tempo em que nada se passou, agora que me resta aprender a ser feliz na escravidão. (Também não foi fácil aprender a ser feliz na liberdade. Aprender a ser feliz não é fácil para ninguém; parece ser o destino do homem.)
Sinto as minhas energias esvaírem-se aos poucos, em fluido espesso, como se tivesse um vampiro colado ao pescoço noite e dia. O meu rosto cansado e envelhecido de profundas olheiras cadavéricas não conta história diferente. A idade, dizem, e com razão, é um estado de espírito.
Luto contra uma doença tão desconhecida quanto banal é a incompreensão. Noite em que consigo adormecer às 4 da manhã é uma vitória. Tudo o resto é mais perto da madrugada. Quis o destino brincar com as minhas ambições. Tenho andado a deitar sonhos para o lixo como quem arranca a pele. Não, não vos vou dizer que sonhos eram. Ninguém tem nada a ver com isso. O passado é um fantasma. O futuro é um fantasma. O meu presente é esperar pelo próximo copo de veneno. As minhas noites continuam a ser mais belas que os vossos dias.


2ª parte

A minha vida, toda ela, foi um manifesto contra a natureza. Mesmo as minhas ambições, até os meus sonhos, não tenho a certeza de os ter desejado ver realmente concretizados. Quando era muito pequena, tão cedo na infância que não me lembro exactamente quando, descobri que tudo morre e nunca mais me esqueci disso. Nem por um segundo. Nesse momento, a vida deixou de ter sentido. Se é para morrer mais tarde e voltar ao pó, mais vale morrer mais cedo. Se, pelo contrário, a vida é apenas uma passagem para outros reinos, não vejo a necessidade de ter andado por esta estrada. E de permanecer? Muito menos.
Contrariada porque não gosto do sítio onde me encontrei de olhos abertos, nunca cheguei a decidir se quero ser ou não ser alguma coisa aqui, eis a questão. Vou sendo, quando me apetece, deixo de ser quando me canso de brincar aos infernos.
Antes de adormecer, quando consigo a suficiente serenidade mental, e até mesmo a qualquer momento insuspeito de vigília, dou por mim a repetir "liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade, liberdade..." até me lembrar do que ela é.




How long have you been lost out here?
How did you come to lose your way?
When did you realise that you'll never be free?
When did you realise that you'll never be free?


Miranda Sex Garden, "Fairytales of Slavery"

sábado, 28 de outubro de 2006

Perdeu-se...

Perdeu-se auto-estima.
Quem a encontrar diga-lhe que volte para a dona. Faz muita falta.

Eu depois volto e digo qualquer coisa.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

sábado, 14 de outubro de 2006



David Delamare
Sleeping Mermaids

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Deus, como eu odeio o Outono!

Mas mais ainda, como eu odeio Outubro! A única coisa boa em Outubro é o Halloween e mesmo assim já é em Novembro.
Mês de merda!

Back in black

Um excelente artigo de 29 de Setembro no "The Guardian", se bem que mais cómico do que sério, sobre o início do movimento gótico no Reino Unido e a sua comercialização até aos dias de Marilyn Manson e Rammstein. O artigo deixa também a "ameaça" de que o gótico está na moda este Outono/Inverno (o que eu também já tinha visto em certas colecções de alta costura). *arrepios*
Alguns recortes:

Goth has returned to cast a long and dark shadow over rock music this summer and autumn. In August, the NME put the Horrors on the cover - a London band influenced by the Cramps who look like five grinning death's-heads. Other new acts such as Betty Curse and Dead Disco have put out CDs, and two compilations have claimed to bring together goth's forefathers. Goth has even reached the mainstream. Victoria Beckham and Colleen McLoughlin have recently dabbled in "goth chic" - faces made up to look pale, black lacy clothes and deathly nail varnish - though it's hard to imagine the Beckham and Rooney households rocking to Betty Curse, let alone the forgotten bands of the first wave of goth. It's a dramatic revival: barely a year ago, London's goth hangout, the Devonshire Arms, was saved from closure after a nationwide appeal to goths to boost its business.

In the 90s, goths all but disappeared as dance music became the dominant youth cult. The movement went underground and fractured into cyber goth, Christian goth, industrial goth, medieval goth and the latest sub-genre, zombie goth. Around the world, however, goth hit the mainstream. Goth crossbred with electronica and heavy metal in the form of Nine Inch Nails and Marilyn Manson. While the music of Nine Inch Nails owed more to the industrial-influenced music of Throbbing Gristle and Ministry, their subect matter (murder and trauma) and style (head-to-toe black leather) were unmistakably goth. Marilyn Manson, meanwhile, fused Alien Sex Fiend's electro-goth with Alice Cooper's theatrics and went to the arena circuit.