Os vampiros atacam e é o fim!... da nossa paciência
Confesso. Nunca gostei desta série. Desde o primeiro episódio, o avião misterioso cheio de passageiros infectados, torci logo o nariz. Misturar ficção científica e sobrenatural não é uma boa ideia! E antes que alguém diga que é só um vírus, recordo aquelas primeiras cenas do Mestre a deslocar-se pelo ar, desafiando as leis da gravidade. Lá se foi a ficção científica pela janela. É como digo sempre: ficção científica e sobrenatural não funciona! Em “Lost”, uma das melhores séries de todos os tempos, também tentaram, e não se enterraram muito na tentativa, mas não os levou muito longe.
“The Strain” não é sequer uma boa série. Tudo se tornou mais claro quando li numa crítica que “The Strain” foi pensada para ser o “The Walking Dead” lá do canal deles. O que faz sentido, comercialmente. Se os zombies estão na moda, vamos arranjar uns vampiros zombiescos e fazer o mesmo. Aliás, até não é ideia original que o vampiro mais pareça um morto-vivo (do velhinho “Nosferatu” ao moderno “30 Dias de Noite”) e não é por isso que as coisas não funcionam.
“The Strain” até podia resultar. Durante os dois ou três primeiros episódios, até foi resultando. Os cientistas caídos em desgraça, o exterminador, a hacker arrependida, o velho lobo solitário Setrakian, todos juntos na luta contra a grande conspiração vampírica. Faltava só juntar-lhes o ex-delinquente e a equipa estaria completa. (Ainda estamos à espera! Talvez lá para a quinta temporada!)
Ora bem, inacreditavelmente, com todos os ingredientes do que podia ser uma boa série de terror/acção (e nem estou a falar no Quinlan!), de repente as coisas começam a arrastar-se. Não acontecem. Os episódios começam a ser uma seca. Nem me estou a queixar da vida sentimental dos personagens. Há quem não goste de “telenovelas”, mas a mim não me chateiam nada se contribuírem para o desenvolver da acção.
A grande verdade é que a série começou a encher chouriços. E começou a enchê-los logo na primeira temporada. Cheira-me, de outros casos semelhantes, que a série foi renovada para uma segunda temporada e os autores não tinham material relevante para tantos episódios. Pior ainda, já temos a confirmação de que a série foi renovada para uma terceira temporada (!!!), o que é absolutamente espantoso! A segunda já se arrasta a passo de caracol, como será uma terceira? Até a pouca acção que vai aparecendo é um sucessivo adiamento do confronto, que quase acontece mas não acontece, e entretanto Nova York está cheia de vampiros mas pouca gente parece importar-se, e os vampiros também não têm muita pressa... É inacreditável que uma série com todos estes elementos consiga causar bocejos.
Eu vejo, continuo a ver e continuarei a ver até ao fim, mas só devido a uma compulsão obsessiva e patológica que me impele a ver tudo o que tenha vampiros, mesmo que seja muito mau, mesmo que seja só para dizer mal. (É uma doença. Incurável.) Estamos quase no final da segunda temporada e não nutro esperanças de que a série melhore. Não prevejo que se torne mais interessante. Não recomendo a ninguém senão fanáticos de vampiros.
Góticos maltratados, pior do que nos clichés
“The Strain” é afronta que chegue à paciência de qualquer mortal, mas não posso terminar sem referir a grande afronta que é o rockstar pseudo-gótico Bolivar da primeira temporada (quando ainda é humano) que afinal até nem tem o cabelo comprido e usa peruca! Peruca?! A sério? É esta a ideia que circula dos góticos? É que nem faz sentido. O homem nem sequer era careca. Usava a peruca por cima do cabelo curto (o que é uma óptima maneira de ficar careca mais cedo). Diz o poseur, a certa altura, que só anda na cena para engatar miúdas. Até podia ser verosímil se o fulano demonstrasse alguma simpatia pela cena gótica mas, não sendo careca, usando uma peruca para fingir que tem cabelo comprido, que simpatia poderá ter pela cena gótica e pelas miúdas góticas? Não lhe seria muito mais vantajoso dedicar-se a outro tipo de música onde a oferta de gajas não é só mais abundante como mais do agrado do fulano? Justin Bieber, por aí? Não papava logo muito mais gajas?! Não faz sentido nenhum.
E góticos de peruca metaleira, nunca vi tal! Já vi extensões, já vi perucas setecentistas à Lestat, mas peruca metaleira?! Ainda é menos verosímil do que o vírus vampírico! Palavra de honra, de onde é que esta gente tira estas ideias?
O mais ridículo é que Bolivar continua a usar a peruca depois de ser vampiro, depois de perder a personalidade, depois de lhe ter caído o cabelo, depois de lhe terem caído... outras coisas.
Góticos muito maltratados, nesta série, muito maltratados! Por ignorância dos autores? Para gozar com os góticos? Ou, pelo contrário, para tentar interessar uma audiência gótica? Bem, não goza com os góticos porque Bolivar é um poseur! Não interessa a audiências góticas porque nenhum gótico ou gótica poderia respeitar um gajo que usa peruca metaleira por cima do cabelo normal. É muito lame. Os góticos não mereciam isto.
E os amantes de vampiros não mereciam esta série.
Ah, quase me esquecia! O Mestre é um boneco de plástico!
Sinceramente, não há paciência.
Sinceramente, não há paciência.