Roubado do Goldmundo:
Nome: Secreto
Idade: do Gelo
Altura: Já sou grande.
Estado civil: Fora de prazo.
Naturalidade: Demasiada.
Profissão: Mentirosa a soldo.
Morada: Inferno
quarta-feira, 12 de julho de 2006
Da independência dos povos
A mim me parece que a independência dos povos está também ligada à mesma vontade de ser independente que dá nos adolescentes saudáveis que crescem, querem sair de casa dos pais e governar a sua vida sozinhos. O mesmo se passa com um país. Qual é o homem ou mulher que depois de ter estabelecido a sua vida independente abandona a sua casa e parte para tentar a sorte noutro lado?
Quase diria que isto me custa a entender nos portugueses, mas vendo bem a questão até não é assim tão difícil de explicar.
Aqui há tempos, quando me queixei da minha vida, da falta de oportunidades, perguntaram amigos e desconhecidos: mas não podes emigrar? Por acaso até não posso, já não tenho idade nem saúde para isso (como fizeram duas primas minhas, mais novas do que eu, que apanharam tempos em que já não há esperança), mas a verdade é que nunca quis emigrar. A verdade é que sempre quis estar aqui, fazer a vida aqui, lutar pelo que quero aqui.
Não sei se isto será patriotismo ou apenas teimosia ou apenas o simples facto de gostar do clima. Poderá ser tudo. Não interessa, hoje o assunto não sou eu.
A mim não me parece que qualquer povo possa ser independente sem um pouco que seja de patriotismo.
Vê-se que desde o descobrimento do Brasil o português desatou a imigrar. Com isso concidiu, a apenas um século de distância, a ocupação filipina de Portugal, que sugou os cofres do reino. Alguém acabou defenestrado. Mas pelos vistos não bastou. Os vícios estavam tão instalados que a nação nunca mais se endireitou. Ficou desde aí curvada, a fazer vénias ao estrangeiro. Depois dos espanhóis, aos franceses, depois aos ingleses, mais recentemente à Europa toda.
A solução para muitos portugueses que não encontraram oportunidades, principalmente os mais pobres, tem sido, há séculos, a partida, seja para a América, para a Europa, para África ou para o Brasil.
A pátria está moribunda e o povo parte. Mas que raio de solução é esta?! Eu compreendo a solução. É uma fuga desesperada de quem percebe que não consegue mudar o país, demasiado enfermo para escapar da doença que lhe corrói os ossos (por alguma razão se lhe chama corrupção), e não vê outra alternativa senão tentar a sorte num país a sério ou oferecer os seus préstimos qualificados aos países menos desenvolvidos. É a solução de quem desiste de lutar pelo próprio país. Mas que é uma solução terceiro mundista, é. É exemplo de país desenvolvido? Não. Veja-se a África e o Brasil. São exemplo de qualidade de vida e direitos e garantias dos cidadãos? Com todo o respeito que me merecem, não, não são, por razões que todos sabemos, com a corrupção estatal (e o povo mantido em ignorância e miséria) à cabeça da lista.
Pergunte-se a um francês se em face de perigo para a pátria, a abandona? Pergunte-se a um inglês se pensa imigrar. A um alemão, pergunte-se-lhe se com a pátria ameaçada pensa em fugir para o estrangeiro. Pergunte-se a um americano se quer a nacionalidade de outro país. Por último, para não ir muito longe, pergunte-se a um espanhol se abandona Espanha. Tenho de responder a estas perguntas de retórica?
O facto é este. Queremos ser como um país do terceiro mundo, que só existe para ser explorado pelos reis da repúblicas das bananas, ou queremos ter um país a sério, como os países que acabei de citar? Qual é o nosso modelo? Teremos um modelo? Queremos mesmo continuar a ser um país? Ou mais vale integrarmo-nos como província de Espanha, essa sim, um país a sério?
(Talvez a Espanha não nos aceite. Podemos sempre perguntar aos Estados Unidos se lhes dá jeito mais um estado. A posição geo-estratégica até é boa, quem sabe temos sorte?)
Era bom que alguém perguntasse isto aos portugueses nas próximas eleições. Há-de chegar o momento em que o povo está preparado para ouvir a dura verdade. É uma questão de tempo.
Enquanto o povo não se afirmar e decidir, a minha única esperança é de a União Europeia faça de Portugal o que os nacionais não fizeram, senão um país a sério pelo menos uma província europeia a sério.
E o país, o que quer? É preciso que o país pense mas custa a pensar, esta gente! É preciso que saiba o que quer e páre de votar à esquerda e à direita a quem lhe promete esmolas. É preciso prestar mais atenção e ter memória mais longa. É preciso ser mais inteligente. É preciso ser mais corajoso e encarar os problemas de frente em vez de fugir deles para os braços do primeiro vendedor de banha da cobra que apareça na rua a dar ilusões. Está na hora de crescer, ser independente, governar a vida sozinho, sair dos cueiros sujos que já tem idade para ser homenzinho.
Quase diria que isto me custa a entender nos portugueses, mas vendo bem a questão até não é assim tão difícil de explicar.
Aqui há tempos, quando me queixei da minha vida, da falta de oportunidades, perguntaram amigos e desconhecidos: mas não podes emigrar? Por acaso até não posso, já não tenho idade nem saúde para isso (como fizeram duas primas minhas, mais novas do que eu, que apanharam tempos em que já não há esperança), mas a verdade é que nunca quis emigrar. A verdade é que sempre quis estar aqui, fazer a vida aqui, lutar pelo que quero aqui.
Não sei se isto será patriotismo ou apenas teimosia ou apenas o simples facto de gostar do clima. Poderá ser tudo. Não interessa, hoje o assunto não sou eu.
A mim não me parece que qualquer povo possa ser independente sem um pouco que seja de patriotismo.
Vê-se que desde o descobrimento do Brasil o português desatou a imigrar. Com isso concidiu, a apenas um século de distância, a ocupação filipina de Portugal, que sugou os cofres do reino. Alguém acabou defenestrado. Mas pelos vistos não bastou. Os vícios estavam tão instalados que a nação nunca mais se endireitou. Ficou desde aí curvada, a fazer vénias ao estrangeiro. Depois dos espanhóis, aos franceses, depois aos ingleses, mais recentemente à Europa toda.
A solução para muitos portugueses que não encontraram oportunidades, principalmente os mais pobres, tem sido, há séculos, a partida, seja para a América, para a Europa, para África ou para o Brasil.
A pátria está moribunda e o povo parte. Mas que raio de solução é esta?! Eu compreendo a solução. É uma fuga desesperada de quem percebe que não consegue mudar o país, demasiado enfermo para escapar da doença que lhe corrói os ossos (por alguma razão se lhe chama corrupção), e não vê outra alternativa senão tentar a sorte num país a sério ou oferecer os seus préstimos qualificados aos países menos desenvolvidos. É a solução de quem desiste de lutar pelo próprio país. Mas que é uma solução terceiro mundista, é. É exemplo de país desenvolvido? Não. Veja-se a África e o Brasil. São exemplo de qualidade de vida e direitos e garantias dos cidadãos? Com todo o respeito que me merecem, não, não são, por razões que todos sabemos, com a corrupção estatal (e o povo mantido em ignorância e miséria) à cabeça da lista.
Pergunte-se a um francês se em face de perigo para a pátria, a abandona? Pergunte-se a um inglês se pensa imigrar. A um alemão, pergunte-se-lhe se com a pátria ameaçada pensa em fugir para o estrangeiro. Pergunte-se a um americano se quer a nacionalidade de outro país. Por último, para não ir muito longe, pergunte-se a um espanhol se abandona Espanha. Tenho de responder a estas perguntas de retórica?
O facto é este. Queremos ser como um país do terceiro mundo, que só existe para ser explorado pelos reis da repúblicas das bananas, ou queremos ter um país a sério, como os países que acabei de citar? Qual é o nosso modelo? Teremos um modelo? Queremos mesmo continuar a ser um país? Ou mais vale integrarmo-nos como província de Espanha, essa sim, um país a sério?
(Talvez a Espanha não nos aceite. Podemos sempre perguntar aos Estados Unidos se lhes dá jeito mais um estado. A posição geo-estratégica até é boa, quem sabe temos sorte?)
Era bom que alguém perguntasse isto aos portugueses nas próximas eleições. Há-de chegar o momento em que o povo está preparado para ouvir a dura verdade. É uma questão de tempo.
Enquanto o povo não se afirmar e decidir, a minha única esperança é de a União Europeia faça de Portugal o que os nacionais não fizeram, senão um país a sério pelo menos uma província europeia a sério.
E o país, o que quer? É preciso que o país pense mas custa a pensar, esta gente! É preciso que saiba o que quer e páre de votar à esquerda e à direita a quem lhe promete esmolas. É preciso prestar mais atenção e ter memória mais longa. É preciso ser mais inteligente. É preciso ser mais corajoso e encarar os problemas de frente em vez de fugir deles para os braços do primeiro vendedor de banha da cobra que apareça na rua a dar ilusões. Está na hora de crescer, ser independente, governar a vida sozinho, sair dos cueiros sujos que já tem idade para ser homenzinho.
"Lost", o estado do mundo
"Lost" ("Perdidos") é uma perfeita metáfora para o estado do mundo actual. "Lost" está para os anos 2000 tal como "Twin Peaks" para os 80 e "X-Files" para os 90. Em "Twin Peaks", durante anos de relativo optimismo, David Lynch teve tempo e oportunidade para se lançar na análise do inimigo interior, o perigo que pode morar na porta ao lado, a ameaça latente que vive escondida tanto numa pequena como grande comunidade de seres humanos que gostam de se julgar civilizados. Os anos 90, com a crescente inquietação e o inevitável pessimismo, ficou marcado por conspirações mais ou menos alienígenas, mais ou menos governamentais, mas a atenção estava ainda num inimigo invísivel, indeterminado, que tanto podia ser um extraterrestre ou o sinistro homem do cigarro. Mas tudo era uma nuvem de fumo. Se em "Twin Peaks" se perguntava "Quem matou Laura Palmer?", apontando o dedo ao serial killer (que afinal era um ser sobrenatural), já em "The X-Files" se sabia que "the truth is out there", mas a verdade nunca seria conhecida, embora se quisesse acreditar no lema da série, "I want to believe". Ambas as séries expressam o mesmo medo, o mesmo perigo, mas a ameaça é latente, não absolutamente real. Em "Lost", a ameaça é real, ou assim o parece. No princípio do milénio, pós-terrorismo, um grupo de pessoas sobrevive à queda de um avião numa ilha paradisíaca que lembra o Jardim do Éden antes da Queda, a Terra bíblica e prometida, mas nada de edénico existe nesta ilha. Com as pessoas chegam também as drogas, as armas, a guerra, mas também os polícias e os ladrões, os bons e os vilões, os homens e mulheres de fé. O mundo inteiro está condensado naquele microcosmos em que a sobrevivência do ser humano é realmente ameaçada, em que se pode perder a vida num segundo pela razão mais disparatada como um estranho urso polar à solta. Tudo é possível. Até a conspiração já ensaiada nos "Ficheiros Secretos", mas sem extraterrestres. O perigo é bem real e vem dos "Outros" habitantes da ilha, bem de carne e osso, bem humanos, cujas intenções não se conhece nem à maneira de os deter, tal qual o terrorismo. Não admira que num destes últimos episódios Jack tenha perguntado "quanto tempo demora a treinar um exército?".
É essa a pergunta dos dias de hoje, "quanto tempo demora a treinar um exército?", e já não "quem matou Laura Palmer?" ou "o que aconteceu em Roswell?". O mundo tem preocupações mais urgentes e perigosas com que se assustar, não há tempo a perder com serial killers e as profundezas da psique humana, com extraterrestes e longínqua vida noutros planetas. O mundo de "Lost" é paralelo mas é este mesmo, sem tirar nem pôr. Um mundo em que a preocupação é sobreviver mais um dia, à escassez e à guerra, mas um mundo de valores abalados, em que alguns se agarram à fé como última alternativa à destruição iminente e outros preferem fingir que a vida continua e não se passa nada. A humanidade a regressar aos seus estados mais primitivos, entre o tribalismo e a crença cega, entre o individualismo, o descalabro da família tradicional e a imperiosa necessidade de refazer os elos sociais perante a ameaça à espécie. A própria espécie humana vista como rato num labirinto, presa, por suprema ironia, na própria experiência que criou. A grande experiência de Deus no Jardim do Éden, afinal, terá sido tão inventada pela necessidade de acreditar em alguma coisa como é real o armagedão de que se suspeita se não se carregar na tecla de um computador do tempo da guerra fria. Deus, afinal, não existe. A experiência do Éden foi sempre fruto da imaginação do homem, que agora colhe o castigo de querer provar do fruto de todo o conhecimento, nascido na árvore do Bem e do Mal. É o mundo perdido, sem rumo, assustado, sem valores, sem fé, sem ter para onde fugir: tudo isso significa a palavra "lost".
sexta-feira, 7 de julho de 2006
Nota sobre o mundial, a selecção e a alienação
Compreendo aqueles que se preocupam com a alienação do povo através do futebol. Mas não me parece que venha mal ao mundo por ver um jogo, ou vários, e no meu caso não vi mais porque não tenho tv cabo, pois gosto bastante de asistir à luta entre selecções. Não só a portuguesa nem a brasileira nem a que está mais perto. Gosto bastante da Holanda. Emociono-me com a República Checa. Torci pelos suiços.
O mal está no exagero, na incapacidade de não perceber que aquilo é só um jogo, uma distracção como qualquer outra. Ver o jogo é como ir a um concerto rock, ou ir à praia, ou no caso dos góticos, ir curtir a depressão para o bar que der mais jeito.
Enquanto o futebol alegrar alguém, é bom sinal. É sinal de que a miséria ainda não está generalizada. Porque sim, há miséria em Portugal, e as bandeiras que devíamos estar a pôr nas janelas, como sugeriu um outro blogger que aprecio, deveriam ser bandeiras negras da fome, se o povo não fosse pobre mas envergonhado.
Também já o ando aqui a dizer há dois anos e tal. É preciso vencer a vergonha. É preciso auto-estima. Não uma auto-estima delirante, à Sócrates e seu séquito, que é um optimismo irrealista, mas uma auto-estima que derive do auto conhecimento, do admitir as falhas e as qualidades, do gostar de nós como somos. Isto tanto é verdade no campo individual como no campo colectivo. Já dizia o outro, a nação precisa de um psicólogo. Urgentemente.
O mal está no exagero, na incapacidade de não perceber que aquilo é só um jogo, uma distracção como qualquer outra. Ver o jogo é como ir a um concerto rock, ou ir à praia, ou no caso dos góticos, ir curtir a depressão para o bar que der mais jeito.
Enquanto o futebol alegrar alguém, é bom sinal. É sinal de que a miséria ainda não está generalizada. Porque sim, há miséria em Portugal, e as bandeiras que devíamos estar a pôr nas janelas, como sugeriu um outro blogger que aprecio, deveriam ser bandeiras negras da fome, se o povo não fosse pobre mas envergonhado.
Também já o ando aqui a dizer há dois anos e tal. É preciso vencer a vergonha. É preciso auto-estima. Não uma auto-estima delirante, à Sócrates e seu séquito, que é um optimismo irrealista, mas uma auto-estima que derive do auto conhecimento, do admitir as falhas e as qualidades, do gostar de nós como somos. Isto tanto é verdade no campo individual como no campo colectivo. Já dizia o outro, a nação precisa de um psicólogo. Urgentemente.
Da cobardia
Dos comentários anteriores:
Já não me recordo, mas sou capaz de tê-lo dito aqui há um par de anos. Hoje, mais esclarecida, porque nunca deixei de acompanhar e analisar o fenómeno, não é com grande surpresa que vejo os portugueses a serem obrigados a ir ter filhos em solo espanhol. (Isto não é nacionalismo pacóvio, é apenas a constatação de que o Estado se demitiu de providenciar os direitos essenciais a alguns dos seus cidadãos, como o direito de nascer no próprio país, empurrando-os para fora desde a nascença. Se o que não dá lucro fecha, o Estado está a fechar. É o fim do Estado. É o fim da independência. Voilá.)
Hoje a minha visão do fenómeno é diferente. Não culpo tanto a falta de miolo cerebral mas mais a cobardia. Os portugueses são cobardes DEMAIS! Atrevo-me mesmo a dizer que a Europa toda é (cada vez mais, a cada dia que passa) cobarde mas os portugueses são campeões.
E como eu disse nos comentários abaixo, a cobardia excessiva não é uma característica inteligente para quem almeje ser independente, seja uma pessoa seja um país. A cobardia excessiva leva ao contrário, a subserviência. E é a subserviência, o "come e cala-te" que cada vez mais os grupos económicos e políticos obrigam a nação a engolir, estimulando o "dividir para reinar".
Enquanto forem promovidos valores individualistas, o safe-se quem puder, o chico-espertismo, a lei da selva, não saíremos do caos.
Este estado de espírito dos portugueses tem sido não só incentivado como orquestrado pelo poder político desde os anos pós-revolução. (Não que eu tenha nada contra o 25 de Abril mas as verdades são para ser ditas). Perdeu-se a unidade nacional e começou o cada um por si. Ora, não é assim que uma sociedade, que um povo, sai de uma crise. Diz-nos a história. Recordem o império romano e como ele caiu por divisões internas.
Os portugueses têm passado anos demais a puxar a brasa à sua própria sardinha, em vez de estarem todos de volta do fogareiro a manter o fogo aceso para que chegue para todos. Assim, estamos a chegar a uma altura em que a maioria não come nada!
Convém aos grandes, aos que comem, não deixar os pequenos aproximar-se do fogareiro. Se a princípio o povo não reagia porque não percebia (a tal burrice), agora tem medo de perder o pouco que lhe resta. Mas vai perder se não se unir.
Pensemos nisto. Uma cidade sitiada pelo inimigo. Duas soluções. A solução portuguesa: vou fugir a pôr-me a milhas e salvar a pele - mas perde a pátria, e perde tudo! A solução inteligente: vamos unir-nos e combater para proteger o que é nosso.
É na altura de lutar que o povo falha, porque é cobarde. E tudo fazem para que continue cobarde, desde a estupidificação à escravatura.
Alguns de nós viram o tempo a chegar e andam a lutar, como eu, sozinha, há uma carrada de anos. Não faço ideia se esta luta vai servir para alguma coisa. Não depende só dos poucos que querem abrir os olhos aos cegos para que vejam.
Quando eu dizia há tempos que os portugueses precisam de amar-se uns aos outros, começa por aqui. Deixar o egoísmo pelo bem de todos. Colaborar em vez de trapacear. Perceber que sem união o país deixa de existir. E aí sim, sobrará a nação, que já não será uma "escumalha ingovernável" porque alguém se há-de encarregar de a explorar até ao tutano.
Estas palavras que deixo aqui humildemente num cantinho da blogosfera não deviam ser ditas por mim, mas pelo líder. E o que é o líder? É aquele que governa o povo. Não é aquele que se governa à custa do povo. E nos últimos dez anos temos tido líderes a governar-se à custa do povo e apostados em manter o povo quieto... e cobarde. (A cobardia não é só culpa dos portugueses, não senhor. Foi meio século de repressão para serem mansos, e os treinos continuam.)
Para que chegue a vontade de lutar, é preciso primeiro que haja a coragem de dizer a verdade aos portugueses. Coragem puxa coragem. Mas até agora a única coragem dos líderes é enriquecerem escandalosamente sem um pingo de vergonha na cara.
De uma vez por todas, e ando a dizer isto há dez anos mas na blogosfera apenas há dois e pouco, é preciso deixar de ser cobarde. Pelo bem de todos, pela salvação do que é nosso, para que todos comam sardinhas.
Pronto, já disse.
penso que algures no passado escreveste (e que vem a propósito das futebolices actuais)qualquer coisa do género:
"são burros (ou estupidos) demais para merecerem um país independente"
Já não me recordo, mas sou capaz de tê-lo dito aqui há um par de anos. Hoje, mais esclarecida, porque nunca deixei de acompanhar e analisar o fenómeno, não é com grande surpresa que vejo os portugueses a serem obrigados a ir ter filhos em solo espanhol. (Isto não é nacionalismo pacóvio, é apenas a constatação de que o Estado se demitiu de providenciar os direitos essenciais a alguns dos seus cidadãos, como o direito de nascer no próprio país, empurrando-os para fora desde a nascença. Se o que não dá lucro fecha, o Estado está a fechar. É o fim do Estado. É o fim da independência. Voilá.)
Hoje a minha visão do fenómeno é diferente. Não culpo tanto a falta de miolo cerebral mas mais a cobardia. Os portugueses são cobardes DEMAIS! Atrevo-me mesmo a dizer que a Europa toda é (cada vez mais, a cada dia que passa) cobarde mas os portugueses são campeões.
E como eu disse nos comentários abaixo, a cobardia excessiva não é uma característica inteligente para quem almeje ser independente, seja uma pessoa seja um país. A cobardia excessiva leva ao contrário, a subserviência. E é a subserviência, o "come e cala-te" que cada vez mais os grupos económicos e políticos obrigam a nação a engolir, estimulando o "dividir para reinar".
Enquanto forem promovidos valores individualistas, o safe-se quem puder, o chico-espertismo, a lei da selva, não saíremos do caos.
Este estado de espírito dos portugueses tem sido não só incentivado como orquestrado pelo poder político desde os anos pós-revolução. (Não que eu tenha nada contra o 25 de Abril mas as verdades são para ser ditas). Perdeu-se a unidade nacional e começou o cada um por si. Ora, não é assim que uma sociedade, que um povo, sai de uma crise. Diz-nos a história. Recordem o império romano e como ele caiu por divisões internas.
Os portugueses têm passado anos demais a puxar a brasa à sua própria sardinha, em vez de estarem todos de volta do fogareiro a manter o fogo aceso para que chegue para todos. Assim, estamos a chegar a uma altura em que a maioria não come nada!
Convém aos grandes, aos que comem, não deixar os pequenos aproximar-se do fogareiro. Se a princípio o povo não reagia porque não percebia (a tal burrice), agora tem medo de perder o pouco que lhe resta. Mas vai perder se não se unir.
Pensemos nisto. Uma cidade sitiada pelo inimigo. Duas soluções. A solução portuguesa: vou fugir a pôr-me a milhas e salvar a pele - mas perde a pátria, e perde tudo! A solução inteligente: vamos unir-nos e combater para proteger o que é nosso.
É na altura de lutar que o povo falha, porque é cobarde. E tudo fazem para que continue cobarde, desde a estupidificação à escravatura.
Alguns de nós viram o tempo a chegar e andam a lutar, como eu, sozinha, há uma carrada de anos. Não faço ideia se esta luta vai servir para alguma coisa. Não depende só dos poucos que querem abrir os olhos aos cegos para que vejam.
Quando eu dizia há tempos que os portugueses precisam de amar-se uns aos outros, começa por aqui. Deixar o egoísmo pelo bem de todos. Colaborar em vez de trapacear. Perceber que sem união o país deixa de existir. E aí sim, sobrará a nação, que já não será uma "escumalha ingovernável" porque alguém se há-de encarregar de a explorar até ao tutano.
Estas palavras que deixo aqui humildemente num cantinho da blogosfera não deviam ser ditas por mim, mas pelo líder. E o que é o líder? É aquele que governa o povo. Não é aquele que se governa à custa do povo. E nos últimos dez anos temos tido líderes a governar-se à custa do povo e apostados em manter o povo quieto... e cobarde. (A cobardia não é só culpa dos portugueses, não senhor. Foi meio século de repressão para serem mansos, e os treinos continuam.)
Para que chegue a vontade de lutar, é preciso primeiro que haja a coragem de dizer a verdade aos portugueses. Coragem puxa coragem. Mas até agora a única coragem dos líderes é enriquecerem escandalosamente sem um pingo de vergonha na cara.
De uma vez por todas, e ando a dizer isto há dez anos mas na blogosfera apenas há dois e pouco, é preciso deixar de ser cobarde. Pelo bem de todos, pela salvação do que é nosso, para que todos comam sardinhas.
Pronto, já disse.
quarta-feira, 5 de julho de 2006
Sabedorias várias
Citações
Everything moves toward their end.
Nick Cave
Com amigos destes, quem precisa de inimigos?
Autor desconhecido (?)
What fabulous lives you must lead, to come up with a question like that.
Andrew Eldritch
Só podes culpar os pais até aos 25 anos. A partir daí, a culpa é tua.
Autor desconhecido
Go ahead, punk, make my day.
"Dirty Harry"
Se tiveres dúvidas, foge.
Autor desconhecido
I don't necessarily agree with everything I think.
Andrew Eldritch
If you want ever to be promoted, make sure you're not irreplaceable.
Autor desconhecido
Se não tens nada de bom para dizer, não digas nada.
Autor desconhecido
Play dead has always been one of the best strategies to stay alive.
Autor desconhecido
Algumas das minhas próprias pérolas de sabedoria
Se fores apanhado a mentir, exige provas. Se não houver, nega até ao fim.
As coisas vão mal quando acordas a chorar.
Algumas pessoas fazem as coisas acontecer, algumas observam enquanto elas acontecem e algumas interrogam-se sobre o que aconteceu.
Sou das terceiras.
Antes de mentires, certifica-te que não és apanhado. Se não for possível, mais vale dizer a verdade.
Mentir é mau.
Às vezes, não mentir é pior.
Quando não souberes que direcção tomar, fica quieto até descobrires.
Se te obrigarem a dar um passo em frente e caíres num buraco, lembra-te: a culpa não foi tua.
Podes não gostar de mais ninguém. Mas se te dizes meu amigo é obrigatório que gostes de mim.
Everything moves toward their end.
Nick Cave
Com amigos destes, quem precisa de inimigos?
Autor desconhecido (?)
What fabulous lives you must lead, to come up with a question like that.
Andrew Eldritch
Só podes culpar os pais até aos 25 anos. A partir daí, a culpa é tua.
Autor desconhecido
Go ahead, punk, make my day.
"Dirty Harry"
Se tiveres dúvidas, foge.
Autor desconhecido
I don't necessarily agree with everything I think.
Andrew Eldritch
If you want ever to be promoted, make sure you're not irreplaceable.
Autor desconhecido
Se não tens nada de bom para dizer, não digas nada.
Autor desconhecido
Play dead has always been one of the best strategies to stay alive.
Autor desconhecido
Algumas das minhas próprias pérolas de sabedoria
Se fores apanhado a mentir, exige provas. Se não houver, nega até ao fim.
As coisas vão mal quando acordas a chorar.
Algumas pessoas fazem as coisas acontecer, algumas observam enquanto elas acontecem e algumas interrogam-se sobre o que aconteceu.
Sou das terceiras.
Antes de mentires, certifica-te que não és apanhado. Se não for possível, mais vale dizer a verdade.
Mentir é mau.
Às vezes, não mentir é pior.
Quando não souberes que direcção tomar, fica quieto até descobrires.
Se te obrigarem a dar um passo em frente e caíres num buraco, lembra-te: a culpa não foi tua.
Podes não gostar de mais ninguém. Mas se te dizes meu amigo é obrigatório que gostes de mim.
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