segunda-feira, 29 de novembro de 2004
domingo, 28 de novembro de 2004
The Village (2004) e a América
É difícil não falar deste filme sem descrever a história, por isso se não querem saber o melhor é não lerem o resto.
MAS TÊM A CERTEZA QUE NÃO QUEREM SABER?
E se alguém vos privasse do direito de escolher se querem saber ou não? É sobre isso que este filme trata.
Um grupo de iluminados decide criar uma comunidade à parte - nos nossos dias - em que se diaboliza a sociedade como a conhecemos hoje. A fuga perfeita da escravidão do dinheiro e da ameaça do crime. Uma espécie de comunidade Amish como podemos ver em "A Testemunha". Só que, para forçar os jovens nascidos nessa comunidade a permanecerem lá, os anciãos da aldeia vão muito mais longe do que ameaçar os paroquianos com as penas do inferno. Inventam monstros, vestem-se de monstros, tornam-se monstros. Estes "monstros" vivem na floresta e esfolam pequenos animais. As "provas" aparecem. As pessoas têm medo. As pessoas acreditam que os monstros existem, até porque já os viram.
Tudo isto mascarado das "boas intenções" de proteger os inocentes nascidos na aldeia da terrível tentação de procurar o mundo exterior, nem que seja por mera curiosidade. O medo paralisa-os e não conseguem passar pela floresta.
No entanto, os jovens sabem que existe um mundo lá fora onde a tecnologia está mais desenvolvida. Tal como numa típica sociedade Amish, rejeitam a inovação pelo bem estar geral da sua pequena comunidade.
Até ao dia em que alguém morre por falta de medicamentos. E até ao dia em que alguém pode de facto salvar uma vida se apenas vencer o medo de atravessar a floresta recheada de monstros - que não existem. (Note-se a semelhança com o filme "A Praia", só que com uma decisão diferente, a de salvar uma vida mesmo pondo em risco a comunidade.)
Os verdadeiros "monstros", os anciãos da aldeia, permitem que uma rapariga cega conheça a verdade sobre a farsa e que seja ela a atravessar a floresta. Aqui ela tem culpa pois, a certa altura, ela sabe a verdade e cala-se. Podia ter partilhado a verdade com os jovens que se atreveram a acompanhá-la no princípio da jornada mas, duplamente cega (e tão monstruosa como os seus "criadores"), cala-se e permite que os outros continuem na ignorância. Este pequeno momento de verdade poderia ter evitado uma tragédia, e outra, e outra, e todas as tragédias que se seguem a uma mentira. Não há ninguém neste filme mais culpado do que ela.
O que me preocupa é que, sendo criada numa mentira, ela idolatre de tal modo os seus modelos que não é capaz de os desmascarar. Prefere alimentar a farsa. Não sente a desilusão. Não consegue encarar a desilusão? Quão cego se pode ser, é a pergunta?
Na sequência de filmes como este, e "A Testemunha" e "A Praia" e toda a série "Ficheiros Secretos", começo a chegar à conclusão que algo de grave se passa na América, algo de grave de que estes produtos cinematográficos são um espelho.
(Bem, confesso, falar com as pessoas também me abriu os olhos. Porque alguns de nós não estão cegos.)
O tema é recorrente. The truth is out there. Nós nem temos tradução que lhe chegue, o que significa qualquer coisa. "A verdade está lá fora", ou "a verdade anda por aí" não chegam para descrever o sentimento de terror que é o facto de a verdade estar "lá fora" mas ninguém saber qual é a verdade. O terror de viver numa sociedade baseada em monstros imaginários que a sustentam. O terror de algumas pessoas conhecerem a verdade e não a quererem revelar para o "bem comum". A teoria da conspiração sem um Agent Mulder.
O verdadeiro terror. Ou apenas o estado das coisas antes da escuridão total que é o correr da cortina e o instaurar da tirania do "bem comum". Sabemos bem onde vai dar. O muro só caiu há 15 anos.
Coitadinha da mãe do senhor ministro!!!
A sugestão...
Por Helena Sacadura Cabral
Economista
Lá fora, o Presidente Bush ganhou as eleições, Arafat morreu e iniciou-se uma sucessão política que está longe de ser pacífica. O dólar desceu e o euro está cada vez mais forte.
Por cá, o ministro das Finanças, que, como eu, é hipertenso, dá uma contribuição para a subida da minha pressão arterial.
Primeiro, foi o meu PPR, cujos benefícios foram à vida. Depois, foi a prometida baixa de impostos que, afinal, só parcialmente se fará sentir em 2005. O resto fica para 2006, quando nem eu nem ele sabemos se continuamos em funções. No meu caso funções vitais, dado que, com a idade que tenho, ninguém me garante que esteja viva nessa data. Funções governativas no caso do ministro, que, entretanto, podem deixar de existir
Agora são os direitos de autor, dos quais vivo, que se irão esfumar como o vento, a partir de certo limite. Ora sendo Portugal um país conhecido pela sua enorme apetência pelas artes e literaturas, é de crer que a medida traga os melhores resultados!
A cumular tão «agradáveis surpresas» junta-se, no momento, a minha ignorância sobre o que vai acontecer à chamada «casa de residência de família». De facto, o domicílio filial cujo aluguer é há 47 anos nosso corre o risco de deixar de o ser.
E onde, à falta de obras do senhorio, fui realizando, a expensas próprias, algumas melhorias. Que de nada me servirão, dado não ter solicitado ao amigo que as foi executando as indispensáveis facturas, tão do gosto do dr. Bagão Félix.
Mas nem tudo é mau neste reino de fantasia, já que o patrão das nossas finanças sabe velar pela juventude dos futuros reformados. Aos quais, agora, sugere um lifting cerebral através do sistema «trabalho e reforma a meio tempo». O qual permitirá aos excelsos avós deste país participar, «graciosamente» (de gratuito, claro), na educação dos seus netos, cuidando deles no «meio tempo» em que não trabalham!
Surpreendida com tanta bondade, cogito no que pensará o dr. Félix, quando chegar à minha idade
É que eu comecei a trabalhar aos 13 anos, tive filhos sem direito a férias de parto e sou do tempo em que os sábados não eram dias de descanso.
Ou seja, o meu activo laboral tem, seguramente, mais anos do que a idade do senhor ministro.
Em face de tudo isto comecei a fazer reduções. A empregada doméstica passou de meio tempo a um quarto dele. Isto é, deixou de vir todas as manhãs e passou a vir, apenas, duas.
O coupé dos meus encantos, comprado há três anos, foi despachado rapidamente e substituído por um modelo utilitário. Tão utilitário que, com o actual preço da gasolina, nem sempre sei se o devo usar.
No ano passado publiquei um livro de cozinha. Prevendo a dimensão da crise, inclui-lhe um sugestivo capítulo de aproveitamentos.
Este ano, acabo de lançar um livro de dietas. Numa tentativa de adaptar o corpo às dificuldades e manter a tensão arterial nos seus limites.
Por tudo isto, sugiro ao senhor ministro que siga o meu exemplo. Porque, se assim não ficar hipotenso, pelo menos irá contribuir para minorar os prejuízos que, pela sua mão, eu já sofri!
Gostei principalmente da parte do coupé. Coitadinha. O que será desta terceira idade? Qualquer dia até têm que andar de transporte público.
Ou, salvo seja, dispensar definitivamente a empregada doméstica.
Eu espero que a senhora esteja a ser tão sarcástica quanto eu, ou temos o caldo entornado, mas uma coisa é certa, quando os ricos começam a apertar o cinto o que será dos pobres?
Eu sugiro que os comamos a eles. (Já são muitos filmes de terror...)
sábado, 27 de novembro de 2004
Eternidade
E se Deus criou o universo, quem criou Deus? Como começou Deus?
Já repararam, apesar de sermos mortais e termos vidas limitadas, nós conseguimos compreender a noção de eternidade no sentido de não ter fim. Conseguimos compreender a noção de algo viver para sempre, ser imortal, não morrer.
Mas não conseguimos compreender a noção de não algo não ter princípio.
Porquê? Porque é que não conseguimos conceber que algo não tenha tido nunca um princípio?
Respondam, respondam, respondam!
quarta-feira, 24 de novembro de 2004
Estou a ficar estúpida
Os volumes e volumes de cultura que fui adquirindo ao longo do meu percurso educativo e nos variados media estão-se a varrer como itens apagados de um disco rígido.
No call centre (porque é assim que se escreve à inglesa, e não call center, à americana), no outro dia, um gajo disse-me que uma palavra da morada levava um "chapéuzinho" e eu fui incapaz de me lembrar, durante a meia hora seguinte, que o "chapéuzinho" se chama acento circunflexo. E sei que circunflexo leva também um acento, mas não me lembro de qual nem de onde.
Estou a emburrecer ao contactar com família, chefes, patrões, clientes, que não sabem escrever, falar ou interpretar o que lêem.
Costuma dizer-se "junta-te aos bons e serás como eles; junta-te aos maus e serás pior que eles".
A programação televisiva - Castelos Brancos de ignorância (já repararam que ele não sabe falar inglês e no entanto viveu na América, a besta?!? Como é que é possível que não tenha aprendido a conjugar os verbos? Onde é que arranjou o dinheiro, a traficar diamantes?), telenovelas brasileiras e portuguesas de enredo duvidoso, filmes de porrada, também não ajudam à manutenção do pouco que se aprende na escola.
Infelizmente, nem os amigos escapam. A comunidade gótica, mesmo sendo em média mais culta do que o resto das idênticas camadas juvenis, não escapa à onda de ignorância que alastra (e é glorificada) pelo país. Temo ser muitas vezes discriminada por não dar erros de português - porque ninguém quer empregar um intelecto superior ao do chefe, obviamente.
Estamos reduzidos ao triunfo da mediocridade.
Ainda hoje, nesta vergonhosa entrevista que Santana Lopes deu a Judite de Sousa, o próprio primeiro ministro não conseguiu articular duas ideias coerentes uma atrás da outra.
É a isto que estamos reduzidos? Sim, vou votar "sim" no referendo da Constituição Europeia porque pior não podemos ficar.
O que é mais interessante é que a minha estupidificação pode, a longo prazo, vir a ser recompensada com uma promoção que há uns anos atrás era impensável. Tenho ainda que me fazer/ficar/fingir mais estúpida. Para meu próprio benefício.
Não sei se sabem mas na América, por exemplo, as pessoas com melhores notas no liceu entram nas melhores universidades (e têm bolsas de estudo que lhes permitem sair de casa dos pais para estudar) e as pessoas são de facto recrutadas pelo mérito que exibiram nessas mesmas melhores universidades. Ou seja, a educação vale a pena. Em Portugal, já não vale a pena estudar.
Não me admira, portanto, que os clientes que telefonam para o call centre leiam um "S" ou um "Q" e digam "C", porque não reconhecem as letras. Estamos reduzidos a isto. Mas não é porque sejam estúpidos. É porque são, até, mais inteligentes do que eu. Perceberam, a tempo, que estudar era uma perda de tempo.
Só mais uma nota:
Os cursos que nós tiramos em Portugal não valem a ponta de um corno na Europa porque, pura e simplesmente, não valem a ponta de um corno. E na Europa há padrões de qualidade muito sérios. Por outro lado, se o curso for tirado, por exemplo, num colégio inglês ou francês, já tem garantia de qualidade no estrangeiro.
Era para nos fazer pensar.
Mas...
Mais uma nota:
Convém a políticos como os nossos que as massas ignorantes continuem ignorantes pois de outra forma teriam de se esforçar mais para ganhar os votos que, de outra maneira, lhes escapariam.
Há sempre aquela camada de reformados que votam no governo porque vão ter (ou tiveram) um aumento de 200 escudos na pensãozita. Que bom!
Eh bien.
Les cigarettes
Não ames tanto o mundo. Não estou a brincar, tambem.
GOldmundo | 21.11.04
No sentido em que, se eu não amasse tanto o mundo não me sentia tão mal por fazer parte dele?
Isso só pode advir de quem tem saúde...
Infelizmente, ou felizmente, tal já não é verdade. Estou doente. Tive pneumonia no ano passado e acho que estou a caminhar para outra, embora este ano me tenha "portado" muito melhor.
Mas mantenho a ideia original. Quanto mais cedo, melhor. Et alors?
Tentando responder à tua pergunta favorita... É considerada letal uma dose de 60mg de nicotina... basta olhar para o maço que tens aí ao lado e... fazer as contas para ver quantos cigarros tens que fumar ao mesmo tempo e na sua totalidade, para morreres (cerca de 60 no meu caso)
Obrigada pela resposta. É então uma questão de ter boca para tantos cigarros. (Ai as piadas porcas que podiam sair daqui mas... não saem.)
hmmm... porque não estupidificarmos e tornarmo-nos banais? Rose*
Black Rose
Tenho a sensação de que isso me está a acontecer. A estupidificação, não a banalidade. Mas mais sobre isso noutro post.
Cá estamos chegados ao momento preferido de quem pensa que diz muito ao mundo mas que afinal não passa de uma vulgar pessoa que como todos os outros não tem coragem para o adeus final.
Era mais fácil e eficaz com uma arma de fogo.
Não conheço, neste momento, gente da Buraca que me arranje uma fusca barata. Mas não está posto de lado.
Não, espera, até está, por causa do karma e essa treta da reincarnação em que eu acredito. O suicídio é proibido porque é uma fuga ao karma que nos foi designado.
De modo que ambas as minhas religiões não permitem.
O que não significa que em circunstâncias desesperadas não se recorram a medidas desesperadas.
Obrigada por me lembrares que afinal não preciso de acabar debaixo da ponte.
Já me sinto muito melhor. A sério.
Deus
Eu acredito em Deus porque as minhas preces já foram respondidas. De outra forma seria mais uma agnóstica.
A minha experiência nada tem de segundas intenções. Fiquei contente por ter despertado o debate. Só isso. Quero despertar o debate sobre assuntos não muito discutidos.
domingo, 21 de novembro de 2004
Boas notícias
Um em cada dois fumadores vai morrer por causa do tabaco. (...) quem morre por causa do tabaco morre, em média, 15 anos mais cedo do que o previsível para pessoas saudáveis da mesma idade e sexo.
Óptimo!
É um prazer acrescido ao prazer de fumar saber que vou deixar esta merda de mundo 15 anos mais cedo do que seria previsto se fosse saudável, da mesma idade e sexo.
Agora, pergunta de algibeira: o que tenho de fazer para morrer... digamos... 30 anos mais cedo?
E a minha pergunta preferida: Quantos cigarros tenho de fumar hoje para morrer amanhã?
E não, não estou a brincar. É muito a sério.
quinta-feira, 18 de novembro de 2004
Acreditas em Deus? Sim, não, porquê?
Gostava de vos ver a falar.
A primeira pergunta está no título.
Acreditas em Deus? Sim, não, porquê?...
quarta-feira, 17 de novembro de 2004
Pensamento do dia
Não sejas pobre. O que quer que tenhas, gasta menos. A pobreza é grande inimiga da felicidade: destrói a liberdade, faz algumas virtudes impraticáveis e outras extremamente difíceis.
Samuel Johnson
terça-feira, 16 de novembro de 2004
Pundit, guru, musa...
You Are a Pundit Blogger! |
Your blog is smart, insightful, and always a quality read. Truly appreciated by many, surpassed by only a few. |
Que acham?
"Van Helsing" (2004)
Quem é Gabriel Van Helsing? É um imortal que esteve na batalha de Masada, entre judeus e romanos, nos anos 70 da nossa era. Não, não nos anos 1970. Nos anos 70 d.C.
Entretanto, amnésico, foi parar à porta do Vaticano, onde uma ordem monástica o encarregou de matar vampiros e outras criaturas do mal como o pobre Dr. Jekyl (o tal do Mr. Hyde), lobisomens e coisas assim.
Deste modo, Van Helsing é despachado para a Transilvânia onde tem que matar um Conde Drácula amigo do Dr. Frankenstein (e ele próprio muito semelhante ao cientista louco) que tem três esposas encantadoras quando não se transformam em morcego cinzento e, com a ajuda delas, uma descendência de monstros incubados em casulos (como no "Alien", olha que "coincidência", os monstros até são semelhantes...) a quem tem que dar vida através de uma descarga eléctrica para a qual necessita também da presença do pobre monstro criado pelo já referido Dr. Frankenstein. Tudo isto no século XIX.
Parece confuso mas o mais intrigante continua a ser a identidade do próprio Van Helsing, que é imortal mas ninguém explica porquê.
Se não fosse o próprio Drácula a chamá-lo por Gabriel, seria apenas Van Helsing. Mais uma facada no conteúdo. Se bem que estes filmes não se vêem pelo conteúdo mas pela fotografia, de modo que "em Roma sê Romano".
Van Helsing.
O nosso original Conde Drácula Franskenstein da Cunha & Silva. (É impressão minha ou é muito parecido com o Bono?)
Os três mosqueteiros: Van Helsing, a boazona e o frade - ajudem-me, quem é que também tinha a ajuda de um frade esperto?... Além de Romeu.
No meio desta salada de referências em que se recontam velhas histórias, o que me desperta mais a atenção, desde o princípio, é a semelhança deste herói com o senhor Carl McCoy, vocalista dos Fields of the Nephilim.
Ora vejam:
Van Helsing
Fields of the Nephilim
Clasificação de 1 a 20: Daria 11, porque as animações 3D parecem de facto animações 3D e os lobisomens não metem medo, mas dou 12 porque o Conde Drácula é atraente e carismático. Tenho para mim que estou a ser demasiado generosa.
"Queen of the Damned" - o filme
(Uma das cenas não inseridas.)
O filme "A Rainha dos Malditos" ("Queen of the Damned", 2002) tencionava ser a adaptação do livro com o mesmo nome da série Vampire Chronicles de Anne Rice. Estrondoso fracasso. Qualquer semelhança parece coincidência.
A história segundo o livro: Lestat acorda de um sono de 60 anos, torna-se numa estrela rock e através da sua música tenta chamar os outros vampiros dispersos pelo mundo. Este chamamento acorda Akasha, a primeira de todos os vampiros, em cujo corpo está o espírito primordial que os mantém vivos. A destruição de Akasha significa a destruição de todos os vampiros descendentes desse espírito primordial. Akasha, rainha egípcia de há mais de 6000 mil anos, decide voltar com um plano: tomar Lestat como seu consorte, eliminar da Terra a maioria dos homens (por acreditar que a guerra e a ganância são causadas pelo ímpeto masculino) e instituir na Terra uma nova religião em que ela e Lestat seriam adorados como deuses.
Lestat não aceita mas não tem força suficiente para se revoltar. Só depois de consumir o sangue de Akasha é que se torna no vampiro poderoso dos livros seguintes. Antes, não era sequer capaz de voar.
O destino de Akasha cruza-se com o de duas gémeas, Maharet e Mekare, suas contemporâneas, que assistiram à transformação da rainha e foram transformadas também em vampiro por um dos servos antes leais de Akasha, Kayman, exactamente com o propósito de a combater em plena igualdade, uma vez que Akasha já demonstrava (na verdade, ainda em vida mortal) as suas tendências ditatoriais. São as gémeas que acabam por destruir Akasha e uma delas, Mekare, toma para si o espírito primordial, tornando-a assim na nova Rainha dos Malditos e impedindo que toda a descendência acabe com Akasha.
Durante a sua vida mortal, Maharet tem uma filha que por sua vez se torna mãe, e assim continuamente, até que 6000 anos depois, nos nossos dias, Maharet toma conta de uma Grande Família humana, espalhada por todos os pontos do mundo. Maharet vive para a protecção dessa sua família humana. Jesse, que vem a ter uma papel mais importante no filme do que no livro, é uma descendente de Maharet e membro da Talamasca, organização que estuda os fenómenos paranormais, incluindo os vampiros. É assim que a sua curiosidade é despertada pelo vampiro Lestat que ela julga poder dizer-lhe alguma coisa sobre a sua própria família (Jesse é órfã). No livro, Jesse e Lestat nunca chegam a falar-se.
O filme
Onde começar a dissecar as chocantes diferenças? Lestat não é criado por Marius mas sim por um vampiro louco chamado Magnus que se imola no fogo após a tranformação de Lestat.
A cena comovente que sustenta todo o filme (a morte da cigana na praia) nunca acontece. O violino de Lestat não é dessa cigana mas é sim o violino do seu amigo Nicholas, que também pôs fim à vida pelo fogo pouco depois de Lestat o ter transformado em vampiro.
O violino, fio da meada de todo o filme, é destruído por Enkil (rei e legítimo marido de Akasha) quando Lestat acorda a sua rainha ao tocar para ela, no século XVIII, e sim, coincidente com a acção no filme, quando se encontra em casa de Marius algures numa ilha no Mediterrâneo.
Logo, adeus violino. Uma das primeiras cenas do filme, em que Lestat se levanta do túmulo com o violino na mão, é inventada.
Lestat também não cria Jesse. É Maharet que cria Jesse quando esta se encontra à beira da morte. Lestat e Jesse só se encontram por breves instantes quando este está em palco a cantar no famoso único concerto da banda O Vampiro Lestat, e nem chegam a conversar. Lestat nunca esteve sequer num bar da Vampire Connection. É Louis quem o informa de que a rede de bares onde os vampiros se encontram existe, e que é frequentada por góticos.
Por falar em Louis, não entra sequer no filme.
Por falar no concerto, o ataque dos vampiros que querem destruir Lestat não acontece durante o concerto e Lestat e Marius não são vampiros mestres de karate. Isso é outro filme e chama-se "Blade". O ataque dos vampiros dá-se depois do concerto. Lestat e Louis estão a sair do recinto, de carro, quando são atacados, e Gabrielle, mãe natural de Lestat, aparece ao volante e ajuda-os a fugir. A própria Akasha não se faz anunciar senão na primeiras horas da madrugada do dia seguinte ao concerto. Não, não aparece em palco como no filme, longe disso.
Ah, e os vampiros Riceanos são conhecidos por não deixarem cair uma gota de sangue. Toda aquela encenação de leão após uma caçada serve apenas para alimentar o cliché. Os rugidos e o som de asas de morcego durante o voo, idem.
Algumas das cenas filmadas foram pura e simplesmente removidas do filme e agora divulgadas em DVD, como por exemplo as cenas em que os imortais antigos são apresentados. O que faz uma confusão desgraçada a qualquer pobre mortal que veja o filme sem ter lido o livro. Armand, Pandora, Kayman, Mael e Maharet estão no concerto, mas ninguém os apresenta. Logo, ninguém sabe quem eles são. Ademais, embora tenha sido uma opção do realizador para os "mostrar" antigos sem gastar palavras e tempo, estes vampiros aparecem envelhecidos, o que não se passa no livro. A sua aparência é tão jovem como a dos vampiros mais recentes.
E por falar em aparência, a suprema heresia do filme, para os fãs incondicionais, é que Lestat é louro, Marius também é de um louro nórdico e tem cabelos longos, Armand é arruivado, não louro, e tanto Maharet como Jesse são puramente ruivas como só as ruivas naturais podem ser. Nos dias que correm, custa apenas uma hora e uma embalagem de Garnier... Não se perdia nada em manter os personagens iguais a si próprios...
Por falar em personagens, Mekare, a gémea que de facto se torna na nova Rainha dos Malditos, não é vista nem achada.
Uma parte importante do livro, a relação - muitas vezes erótica - entre Armand e Daniel (o entrevistador de Louis) é completamente ignorada. Agora, isso sim, merecia um filme exclusivamente dedicado aos dois. Se o livro vale a pena, a ambos o deve.
As comparações ao "Corvo" são mais que muitas e bem fundadas. Os diálogos são de um embrutecimento atroz ("Boo!", "Boo back!") que dá dor de alma. A cena de pancadaria vampírica durante o concerto... Um disparate. Uma descaracterização completa dos vampiros de Anne Rice que actuam através do poder da mente.
O próprio Lestat (Stuart Townsend, na imagem) representa um Lestat arrogante, adolescente e afectado, à la Corvo, um rebelde com causa e angústia juvenil. O teenager revoltado com os pais. Sobra de verdade a arrogância, que é muito pouco comparado ao Lestat desesperado e determinado a reencontrar os amigos que perdeu durante os seus dois séculos de existência, após tomar consciência, através do relato do vampiro Louis, que ambos foram separados por uma teia de mentiras e imcompreensão para a qual muito contribuiu o vampiro Armand.
É um filme a pensar na audiência gótica - basta olhar para os "personagens" que vão ao concerto - e especialmente na audiência gótica americana, alimentada no biberão da MTV. Todo o filme parece um videoclip. Recorda-me um outro filme de vampiros feito de propósito para a minha geração de adolescentes, "The Lost Boys" (tradução "Os Rapazes da Noite"), com Kiefer Shuterland, em que se invocava a imagem de Jim Morrison a torto e a direito e de onde saiu uma das melhores versões de "People are Strange" que todos os tempos, assinada pelos Echo and the Bunnymen.
Também não era para pensar, apenas para ver. Tal como este "Queen of the Damned".
A banda sonora
Se o filme é para góticos...
É difícil não gostar da banda sonora. Confesso que entre os dois - filme e som - fiquei com aquela tristeza de existir que só um ambiente gótico pode evocar.
"Not Meant For Me", "Forsaken", "Redeemer" (com a colaboração de Marilyn Manson), "Slept So Long" e "Cold" já são clássicos.
Vale a pena adquirir a banda sonora mesmo sem ver o filme porque, afinal, o filme vive dela como os vampiros vivem de sangue.
12 em 20, porque Stuart Townsend é muito bom... actor.
Piada: Estados Unidos do Canada
We are formally requesting your assistance. Our country has been takenover by right-wing fundamentalists, and there does not appear to be an end in sight. We are hereby requesting to join your union, where rational thought seems to have gone after it fled our country.
Attached is a pretty map of what our new greater nation will look like.
Please help us extend your borders a little further south.
Sincerely,
The Blue States
PS. Though we be not large in landmass, we are the economic engine of the country and could certainly help propel Canada to superpower status.
segunda-feira, 15 de novembro de 2004
Poema de Klatuu Niktos
GÓTICA
Dedicado à autora deste blog.
Tu, as muitas cartas do Tarot ainda de rosto
Deitado na toalha sumptuosa de treva
Que é a mesa vil e sangrenta do mundo.
Tu, um fogo de crueldade íntima
Que abre clareiras na floresta uivante
Onde nada, ninguém arrisca já a coragem
De um passo. Tu, a filha sempiterna
Que um dia roubou a roupa à morte.
Tu e o teu cabelo devorado pela loucura.
Tu, que não gostas de ti e, ícone
À dor, escondes no seio um coração
Onde caberiam todas as crianças sem mãe.
Tu, a puta maldita e santa que dormiria
Com o leproso só porque isso é proibido.
Tu, o corpo cansado, a boca ávida,
Tu, os olhos sempre espantados com a morte
E ressurreição do Sol, a alvura da Lua,
A canção da Noite. Tu, a borboleta nocturna,
Tantas vezes fútil, que trocaria a virgindade
Por um vestido, viciada na negra luz
Que a atrai e queima. Tu, és minha irmã.
Klatuu Niktos, 31 de Outubro de 2004, Halloween.
PS: As minhas desculpas por só ter publicado agora
PS2: Qualquer semelhança entre o poema e a realidade é pura coincidência, mas não é isso que importa aqui. A poesia é também imaginação.
quarta-feira, 10 de novembro de 2004
sábado, 6 de novembro de 2004
Teste infantil (com boneco para enfeitar o blog)
Your Beauty lies
in Mystery. Captivating, mysterious and alone. You are the girl in the little
black number that no one seems to know,
the eternal mystery girl. You make it a point to never let anyone know more about you than you want them to
and do a very good job of it.
You're there one minute and gone the next leaving them in
wonder of who you really are.
A mature and normally calm individual, quiet and enjoy spending many hours of the day on your own,
most likely preferring night
to day.
You love the dark and some may find you a bit strange.
You seem to be rather distant and cold
making hard for people to get close to you, though you probably like the distance they usually keep.
You probably wear make-up, but
concentrate more around your eyes than anything.
You know the effect you have
and enjoy keeping people in wonder.
Some Things
That Represent You:
Element:
Dark, Water Animal: Panther Color:
Black, Maroon, Dark
Tones Song: In The Shadows by The Rasmus
Expression:
Sly Smile
Gemstone:
Black Diamond Mythological Creature: Demon,
Vampire Sign:
Scorpio Planet: Venus
Hair Color: Black Eye Color:
Garnet
Quote:
"In the shadows for all time."
Where Does Your Beauty Lie? ..::Amazing Pictures And Ten Detailed Results::.. All Fixed!
brought to you by Quizilla
Teste não tão infantil (mas também com boneco)
You've come upon a Rough Stretch.
Can you make it through? You've come upon hard times. Things aren't looking so good to you and your life has seem to collapse into a downward spiral. You've lost your way and can't seem to find the right path to take.
You are probably depressed and feeling lonely as you've lost sight of those who love you. You may wander through this road with a few others like you and are able to comfort them as they comfort you, but it is not enough. You've lost something, maybe someone close, and with it you lost your faith in life.
You're probably confused and unsure what to do next. But the way will become clear eventually. It always does. This stretch that lies before you seems never-ending and not worth traveling. But don't let yourself fall, you may have stumbled upon this, but pick yourself up as best you can and hold on to that little bit of faith you have.
The road isn't as endless as it seems. All things, good and bad must come to and end. This too shall pass and you'll be amazed at what good lay beyond it if you just find the strength within yourself to try and make it.
What Path Do You Take In Life? [X]For Guys and Gals! Pics and Lengthy Results.[X]
brought to you by Quizilla
quinta-feira, 4 de novembro de 2004
Exorcismo
I have nightmares
thinking about
getting together with you
Violent Femmes
Nightmares
Eu também já fui humana. Houve uma altura na minha vida em que o amor era importante. Não, em que o amor era tudo. Não havia mundo para mim sem o amor e a pessoa que eu amava.
Não há grande doença sem grande cura. Quando acabou, descobri-me imunizada.
Actualmente não procuro, não penso nisso, não me preocupa minimamente.
Mas é principalmente nas alturas de maior ansiedade que tenho o sonho em que o encontro, em que conversamos e tentamos voltar a ficar juntos. Como sempre, vêm ao de cima as nossas diferenças inconciliáveis e acabamos a discutir. Ou pior, ficamos juntos mas contrariados, como se estivéssemos condenados a partilhar a vida um do outro. Acordar é um alívio. E quando acordo nem acredito que sonhei...
... contigo.
Passam-se semanas e semanas, direi mesmo meses e meses, em que não me lembro que exististe. Às vezes são as palavras dos outros, quando falam de amor, que me obrigam a pensar em ti. De outro modo nem sei do que raio estão a falar. E olha que é um esforço de memória ter de me recordar de ti, daquilo que significava ficar contigo, do que eu sentia por ti.
Não percebo porque apareces nos meus sonhos. É mais uma versão dos sonhos em que estou em conflito, e desses tenho muitos. Mas não percebo porque hás-de aparecer nos meus sonhos se estás tão definitivamente enterrado. Não sei onde moras nem com quem. Possivelmente podia passar por ti na rua e não te conhecer.
E tu, tenho a certeza de que tu podes até reconhecer a minha cara mas a pessoa... a pessoa que tu conheceste já não existe. Tenho a certeza que poderias até estar a ler este blog e não me reconhecerias.
De modo que o que vou fazer é arriscado. Mas não te imagino a ler blogs, nem coisa nenhuma. Imagino-te demasiado ocupado a fazer dinheiro, que foi aquilo que sempre amaste.
(Por falar nisso, já compraste uma vivenda para a mamã? Não, claro que não. Cá se fazem, cá se pagam.)
Tu é que disseste que gostavas desta canção, lembras-te?
Nesse preciso momento em que o disseste, eu tive um mau pressentimento. Não podias gostar desta canção! Não tinhas experiência para gostar desta canção! A não ser, talvez, em imaginação. Terias já imaginado tudo? Actualmente eu presto tanta atenção a esses pequenos pormenores que antes de me apaixonar já me desiludi. Nessa altura ignorava os meus pressentimentos. Agora não. Mas nessa altura, por amor a ti, ignorava-os.
Cá está a tua canção. Nunca te neguei as pequenas vontades:
Do you remember chalk hearts melting on a playground wall
Do you remember dawn escapes from moon washed college hall
Do you remember the cherry blossom in the market square
Do you remember I thought it was confetti in our hair
By the way didn't I break your heart?
Please excuse me, I never meant to break your heart
So sorry, I never meant to break your heart
But you broke mine
Kayleigh is it too late to say I'm sorry?
And Kayleigh could we get it together again?
I just can't go on pretending that it came to a natural end
Kayleigh, oh I never thought I'd miss you
And Kayleigh I thought that we'd always be friends
We said our love would last forever
So how did it come to this bitter end?
Do you remember barefoot on the lawn with shooting stars
Do you remember loving on the floor in Belsize Park
Do you remember dancing in stilettoes in the snow
Do you remember you never understood I had to go
By the way, didn't I break your heart
Please excuse me, I never meant to break your heart
So sorry, I never meant to break your heart
But you broke mine
Kayleigh I just wanna say I'm sorry
But Kayleigh I'm too scared to pick up the phone
To hear you've found another lover to patch up our broken home
Kayleigh I'm still trying to write that love song
Kayleigh it's more important to me now you're gone
Maybe it will prove that we were right
Or ever prove that I was wrong
Marillion
Kayleigh
Passados mais de dez anos, agora posso dizer com toda a segurança que eu tinha razão.
Não que importe. Bem, a parte de ser substituída por um apartamento foi venenosa, acredita, e o veneno foi fatal. A pessoa que tu conheceste, de facto, morreu.
A pessoa que eu sou hoje jamais trocaria duas palavras contigo.
Nem imaginas a quantidade de "tus" que tenho encontrado por aí aos pontapés!
Como tu sabes tão bem, nesta vida há os que se compram e os que se vendem. Eu prefiro ficar fora do mercado. É uma opção. Não se venham depois chorar. Não tenho pena nenhuma.
Um apartamento vale o que vale. E ainda por cima tende a desvalorizar-se. É tudo uma questão de investimento.
Há pessoas que se metem no mercado de valores. Consequentemente, também se desvalorizam, certo? É apenas óbvio. Pessoa, mercadoria, valor, troca, compra, venda, transacção, contrato a termo certo.
Eh bien.
Agora me lembro. O meu número de telefone mudou. Nem sequer existe. Agora tenho telemóvel e e-mail. Coisas que não existiam no nosso tempo. Coisas muito mais práticas, de facto.
Talvez queiras saber a minha morada?
So if you want my address it's number one at the end of the bar
Where I sit with the broken angels clutching at straws and nursing our scars
Blame it on me, blame it on me,
Sugar mice in the rain
Marillion
Sugar Mice
Sim, podes culpar-me a mim. Eu sempre fui fria por fora. Actualmente não perderia cinco minutos a explicar-te que é para dentro que deves olhar. E não estou a falar do número de assoalhadas. Mas, se quiseres continuar a metáfora - espera, tu não sabes o que é uma metáfora! - a comparação, dizia eu, qualquer casa em ruínas tem mais dignidade que um andar novo nos subúrbios. Principalmente quando não foi adquirida a subir em escadas de cadáveres.
Lembras-te? Palavras tuas: "Quanto maior o monte de cadáveres, mais alto se sobe".
Agora que já falei de ti, espero que desapareças. Da minha mente já saíste há muito tempo. Agora sai dos meus sonhos. Não apareças nem nem num cameo role como vendedor de gelados na praia. É mesmo para saíres.
quarta-feira, 3 de novembro de 2004
terça-feira, 2 de novembro de 2004
Descoberta
Um organismo mais gordo, por outro lado, pesa mais e custa mais a movimentar-se.
Ou seja, a ingestão de alimentos não ajuda ao exercício das nossas actividades diárias como correr atrás de um autocarro.
Isto acontece assim quer se seja fumador ou não fumador. Tive ambas as experiências em primeira mão.
Comer é um disparate.
"A lenda do cavaleiro sem cabeça" ("Sleepy Hollow")
Fiquei decepcionada.
Pouca história, efeitos especiais rídiculos (aquela cena do crânio que volta a ter carne...), muita acção, muito pontapé, muita perseguição...
Fiquei mesmo decepcionada. Tão decepcionada que nem consigo classificar o filme de 1 a 20. Vou esperar para ver de novo.