domingo, 26 de março de 2023

13 Reasons Why (2017 - ?)

O suicídio é o último tabu. Já repararam que não se fala em suicídio nas notícias? As estatísticas do suicídio são guardadas a sete chaves. Porquê? Porque fizeram um estudo no século passado que relaciona notícias de suicídio com um aumento de tentativas. Os media adoptaram esta atitude de “mãezinhas” e é proibido falar do assunto. Eu discordo completamente. A política de silêncio faz com que as pessoas em risco se sintam ainda mais isoladas e anormais. Além disso, se se considera que fazer um aborto é ter “controlo sobre o próprio corpo”, o suicídio é um direito ainda maior. Não há maior controlo sobre a própria vida do que lhe pôr termo. Mas achei bem explicar isto dos suicídios e dos media.
É daqui que vem a controvérsia acerca desta série em que uma adolescente se suicida e deixa 13 gravações em cassete a explicar a sequência de eventos que a levou a essa decisão. E ela deixou as explicações em cassete “para não ser fácil” ouvi-las, como ela diz, para implicar esforço da parte de quem as recebe.
Hannah é uma jovem linda que se acha feia e invisível, para começar. As primeiras K7s são sobre coisas quase insignificantes. Sim, Hannah foi alvo de bullying, mas quem não foi alvo de bullying na escola? Só os bullies, e talvez nem isso. Gera-se uma mentalidade de alcateia: se não caças connosco és uma presa também. Toda a gente passou por isso.
De seguida, um amigo tem a estúpida ideia de a incluir numa lista de “melhor” e “pior” como “melhor rabo da escola”. Sei que há muitas raparigas verdadeiramente invisíveis, numa altura da vida em que atrair alguém romanticamente é um caso de vida ou morte, que adorariam ser o “melhor rabo da escola”. Mas Hannah está convencida de que todos pensam nela como “a rapariga fácil” e fica bastante magoada.
A princípio podemos pensar que não são razões para ninguém se matar, mas à medida que a história avança começamos a saber de coisas muito mais graves que se acumulam às coisinhas pequeninas. Ao mesmo tempo, os pais de Hannah têm problemas financeiros. É preciso nunca descurar esta parte. Muitos adultos cometem suicídio por causa de dinheiro (ou da falta dele).
Gostei que a série não tenha evitado a cena do suicídio propriamente dito. Mostra como Hanna morreu sozinha, em dor, no frio, em lágrimas. Não é exactamente algo de muito apetecível e duvido que algum adolescente se sinta tentado a imitá-la.
O que me tocou mais foi a angústia dos pais, que de repente perderam uma filha e não percebem porquê. Mas houve momentos em que Hannah disse coisas que ecoaram perfeitamente, coisas que eu própria pensei. Como quando ela diz “já nada me interessa na vida, e aqueles que amo ficariam muito melhor sem mim”. Estes são pensamentos depressivos que pediam intervenção profissional imediata, mas Hannah não a teve. Na verdade, muita gente pensa que os miúdos dizem isto para chamar a atenção. O pior mesmo é quando os miúdos se isolam e deixam de falar sobre o assunto. Foi o que Hannah acabou por fazer.
Tirando Hannah, o protagonista da história é Clay, seu quase-namorado, a quem as K7s são entregues por último. Clay quer justiça, mas desconhece que os outros implicados (de forma mais ou menos grave) se estão a organizar numa autêntica conspiração para o desacreditar (e a Hannah) de modo a protegerem os seus próprios segredos.
Na adolescência é tudo um caso de vida ou de morte e 5 minutos duram anos. Tudo é para sempre. Gostei desta representação realista de meia dúzia de miúdos a aprender a navegar a vida. Clay, por exemplo, no início parece ter uma mentalidade de 13 anos. Pelo fim da série, não sendo ainda adulto (e não obstante continuar a ver o mundo a preto e branco) parece ter amadurecido 10 anos.
Recomendo “13 Reasons Why” mas achei que muitos episódios se debruçaram demais sobre personagens secundários que não nos interessavam assim tanto. Talvez por isto a série tenha durado mais três temporadas.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 1 vez

 

domingo, 19 de março de 2023

Macbeth (2015)

Tomorrow, and tomorrow, and tomorrow,
Creeps in this petty pace from day to day,
To the last syllable of recorded time;
And all our yesterdays have lighted fools
The way to dusty death. Out, out, brief candle!
Life's but a walking shadow, a poor player,
That struts and frets his hour upon the stage,
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing.

in "Macbeth"


Confesso que não era fã de William Shakespeare até um dia ver a peça abreviada “Hamlet”. Nem era um filme nem nada, era só uma peça de uma hora e meia, toda a gente vestida em roupa moderna. Os diálogos foram reduzidos ao mínimo. E fez-se luz! “Hamlet” é a minha peça preferida.
Mas aqui não estamos a falar de “Hamlet” mas de ”Macbeth”, outra peça intemporal do Bardo. Uma peça amaldiçoada, cujo nome os actores não pronunciam nos bastidores porque dá azar.
Esta adaptação em forma de filme pode muito bem ser a introdução ao mundo de Shakespeare para quem não o conhece. A linguagem é arcaica, mas quase não se nota graças às interpretações que falam por si. Os diálogos foram reduzidos ao indispensável. A cinematografia é bela e trágica, como se esperaria. Gostei da cena famosa em que Lady Macbeth (a mulher ambiciosa que incentiva o marido a iniciar um reino de atrocidades) acaba a tentar lavar o sangue dos punhais com que este subiu ao trono através do assassinato. Gostei dos problemas de consciência que atormentam Macbeth, pelo menos a princípio, cada vez mais abandonados à medida que este mergulha no abismo. Gostei da culpa manifestada nos fantasmas que o perseguem por todo o lado.
Gostei principalmente das três bruxas, aqui tão etéreas como sombrias, que apresentam um mistério: nada de caldeirões, nada de gargalhadas. Uma delas traz um bebé ao colo. Uma criança (bruxa também) acompanha-as.
Recomendo a toda a gente que julga não gostar de Shakespeare.

18 em 20 (porque só faltou um bocadinho “assim”)


domingo, 12 de março de 2023

The Handmaid’s Tale [quarta e quinta temporadas]

[contém spoilers]

[Primeiras duas temporadas]

[Terceira temporada]

“O pânico é um desperdício de energia.”
Assistir a “The Handmaid’s Tale” é difícil. Das quatro pessoas que faziam críticas que eu lia desde o início da série, só uma delas não desistiu. Pior do que a violência física talvez seja mesmo a violência psicológica que o espectador tem de suportar tal como os personagens. Eu, no entanto, considero esta série educativa e até mesmo inspiradora, um abre-olhos, um kit de sobrevivência para quem não gosta de enterrar a cabeça na areia. Por exemplo, quando June e Luke são capturados e muito possivelmente vão ser executados, e June lhe diz quando ele se está a passar: “O pânico é um desperdício de energia.” June tem experiência com situações extremas e já percebeu que em Gilead o importante é manter sempre a cabeça fria (“keep your shit together”, como Moira lhe diz) para poder agir no caso de surgir uma mínima hipótese de fuga. Não adianta entrar em pânico. Acontecerá o que tiver de acontecer.
“O pânico é um desperdício de energia.” Vou assimilar esta lição de vida e não me esquecer dela.
“We only wanted to make the world better. Better never means better for everyone. It always means worse for some.”, diz Fred logo na primeira temporada. Nos regimes totalitários, a primeira coisa a ser proibida são os livros. Gilead não é excepção. Chamo a atenção para o nº da porta de Emily em Toronto: 451, o que certamente também não é um detalhe inocente.
No último episódio da terceira temporada, num flashback, June recorda o início de Gilead. Vemos mulheres serem presas e separadas. Vemos doentes e deficientes mentais serem levados para parte incerta. Vemos mulheres nuas a serem examinadas em contentores, recordando os campos de concentração nazis. A partir da terceira temporada (que já ultrapassa o livro de Margaret Atwood) a série começou a estabelecer cada vez mais paralelos deste tipo, a começar com o símbolo de Gilead, que não sei bem o que é mas dá a entender que é uma pomba de asas abertas. Parece mais a águia nazi, especialmente nas longas faixas negras que acompanham os procedimentos oficiais. A presença constante dos soldados a falar indistintamente ao rádio, os cães a ladrar, os adornos subliminares em forma de suástica nas portas das Jezebels e até nos canteiros da escola de Hannah, acentuam esta imagética da 2ª Guerra Mundial. Custa-me menos ver “The Handmaid’s Tale”, porque afinal é ficção, do que a assistir a documentários do que aconteceu na realidade.

Com esta ninguém contava
Mais uma vez, não esperava voltar a escrever sobre “The Handmaid’s Tale” tão cedo mas os acontecimentos no enredo já começam a ser demais para a crítica final.
A grande “bomba” da quarta temporada é sem dúvida a gravidez de Serena Joy. Como eu dizia, o casamento dos Waterfords já estava de pantanas antes da chegada de Offred e eles simplesmente já não tentavam. Ambos julgavam que o outro era estéril. Na última noite que passaram juntos, quando Serena o ia entregar aos americanos, aconteceu o improvável. A gravidez de Serena vem acentuar ainda mais que tudo o que Offred passou foi em vão.
Mas finalmente conseguimos ter uma certeza sobre a personagem: a maior ambição na vida de Serena era mesmo ser mãe, isso não era fachada. Vemo-la ajoelhada na capela do estabelecimento prisional do Tribunal Criminal Internacional, a agradecer a Deus por mais uma semana de gravidez sem perder o bebé. Isto é sincero. Serena faria tudo para ter uma criança, inclusive roubá-la à mãe. E não seria a única. Ainda antes de Gilead, quando June dá à luz Hannah, uma estranha entra na maternidade e tenta roubar o bebé. É preciso ter em mente que foi esta crise de natalidade que esteve na origem do regime de Gilead. Com esta gravidez, Serena consegue esquecer a sua obsessão com Nichole (o que já era doentio).
A quarta temporada é também aquela em que vimos June transformar-se num monstro. Depois de uma tentativa de fuga falhada, June é recapturada e desta vez a Tia Lydia propõe uma inovação para as Servas mais insubmissas, uma “Colónia de Madalenas” onde estas podem trabalhar no campo e receber os Comandantes para a Cerimónia mensal. Ou seja, uma quinta de procriação. As servas em causa não chegam a ir para lá porque conseguem fugir de vez (ou morrer pelo caminho). June é resgatada no cenário de guerra de Chicago (que me recordou o mundo apocalíptico de “The Walking Dead”) por Moira, que ali se encontrava com uma ONG humanitária. “Resgatada” não é bem o termo. Moira quase teve de a arrastar dali para fora porque June continuava a recusar sair de Gilead sem Hannah.
Enfim, June está no Canadá, junto de Luke, Moira e Nichole, mas é uma estranha que eles já não reconhecem. Na sua deposição ao representante do governo americano no exílio, Mark Tuello, June acusa Serena Joy de ser um monstro, uma sociopata narcisista e uma grande actriz. Pergunto-me se neste caso não estará a chamar roto ao nu. Sim, compreendo muito bem que June tenha regressado de Gilead um monstro de raiva e fúria, com a culpa de ter falhado (não ter conseguido libertar Hannah) e a culpa de todo o sangue nas suas mãos (por esta altura June já foi a causadora de tantas mortes como o número de pessoas que salvou, o que é um balanço complicado, mas por outro lado quem se mete na Resistência já sabe ao que se arrisca) a acrescer à frustração. E sim, acredito que Serena Joy seja um monstro, mas um outro tipo de flor venenosa: a fanática religiosa. Ainda não estou convencida da sua sociopatia porque quando Eden foi executada (temporadas atrás) Serena ficou tão impressionada que decidiu tomar uma posição pelas mulheres e raparigas de Gilead, o que lhe custou um dedo. Isto demonstra empatia.
June, por outro lado, está completamente descontrolada. Depois de uma magnífica cena em que June depõe contra Fred em tribunal (aconselho a reparar em como a câmara se vai movendo na direcção dela, tão devagar que nem se nota), com toda a compostura e coerência, Fred faz um acordo com o governo americano para revelar os segredos de Gilead em troca da sua liberdade. June perde a cabeça. Ou ganha-a, é difícil tecer julgamentos, e consegue aliciar as mulheres do seu grupo de terapia a darem vazão a toda a raiva que tentam ultrapassar. June não quer ultrapassar a raiva, quer usá-la. E com alguma sorte que a pôs no caminho das pessoas certas, consegue o que quer.
Ao primeiro visionamento, pensei que o que acontece a Fred é um barbarismo sádico, mas ao segundo visionamento mudei de ideias. Temporadas atrás, Fred dá uma tareia de cinto a Serena que não era obrigado a dar (pela lei de Gilead, isto é). No meio de tantas atrocidades em “The Handmaid’s Tale” aquilo passou-me quase despercebido (e Serena até merecia levar uma tareia, se bem que não do marido nem naquelas circunstâncias). Detestei Fred, e descobri que era possível detestá-lo ainda mais. E agora temos a confirmação de Serena de que Fred não era assim mas mudou quando o poder lhe subiu à cabeça. Como eu desconfiava. Logo, Fred não passa de um homem desprezível e só teve aquilo que mereceu.
Da primeira vez que conseguiu fugir, June quase rompeu a orelha para arrancar a etiqueta vermelha de “mulher fértil” que lhe foi colocada como se fosse gado. É curioso e intrigante que após chegar ao Canadá June não tire a etiqueta e continue a usar a cor vermelha típica das servas. Interpreto esse comportamento como o de alguém que desta vez não está disposto a deixar Gilead para trás, que quer usar a raiva contra Gilead para continuar a lutar.

Rita
Não cheguei a falar muito das Marthas. As Marthas são as criadas (escravas) de Gilead. Rita Blue é uma delas e consegue escapar. Não ter sido uma Serva não significa que esteja menos traumatizada. Tudo o que quer é esquecer um passado em que era considerada propriedade, “registada e tudo”, como ela diz. No meio de tantos horrores, foi um prazer vê-la sozinha a deliciar-se com um sushi que não teve de cozinhar ela própria no seu apartamento em Toronto. Rita é das personagens mais simpáticas e teve um fim feliz. Bem, esperemos.

Pactos com o Diabo
Também não falei muito das Tias. As Tias são a Gestapo no feminino, basicamente. São elas que determinam a vida de todas as outras mulheres, até as das Esposas. A Tia Lydia é um monstro de sadismo com muitos traumas pessoais a transformarem-na noutra fanática religiosa com um bastão de electrocutar gado na mão. Duvido que esta personagem consiga alguma vez redimir-se. Mas há progressos. Lydia desenvolveu um carinho especial pela Serva Janine e decide tratar as mulheres sob sua guarda com maior compaixão. As definições de “carinho” e “compaixão” de Lydia não são iguais às nossas, mas é melhor do que nada.
Quase afastada devido a um ataque contra si (Emily espetou-lhe uma faca nas costas, e bem merecida), Lydia encontra-se na necessidade de fazer uma aliança com alguém que antes desprezava, o Comandante Lawrence. Também a situação dele é periclitante, mas neste pacto improvável ambos decidem “corrigir Gilead” no que está mal. Finalmente percebemos que Lawrence foi vítima das utopias que escreveu e que nunca deviam ter passado de ficção. Lawrence odeia Gilead. A sua última invenção é a ilha de New Bethlehem, sem as regras de Gilead, sem Servas nem enforcamentos e sem proibição de ler, para atrair os refugiados de volta. Curiosamente, a ideia quase consegue convencer June (aliciada pela proximidade de Hannah), que abre os olhos a tempo.

Por esta altura, dois movimentos curiosos começam a desenvolver-se no Canadá sem que estejam aparentemente relacionados. Um deles é religioso e apoia os Waterfords. Em suma, as pessoas ficam fascinadas com Serena e a sua gravidez miraculosa. Não é de espantar. A crise de natalidade é real. Serena é uma mulher bonita, alta, carismática, boa oradora quando a deixam abrir a boca, uma Grace Kelly encantadora. Os casais inférteis podem naturalmente pensar, em desespero de causa, que se Gilead consegue uma gravidez de uma “mulher estéril” eles também deviam fazer o mesmo, fechando os olhos a todas as atrocidades. O imperativo biológico de procriar é muito forte.
O outro movimento é talvez ainda mais preocupante. Se a princípio os refugiados de Gilead eram bem-vindos, agora uma contra-corrente de canadianos começa a querê-los fora do país.
Sabendo isto tudo, Serena dirige-se a Gilead onde se sente em casa para fazer propostas, e leva patadas atrás de patadas. Mas uma fanática não desiste, e Serena ajudou a conceber Gilead, excepto quando…

Pacto de duas diabas
O episódio mais marcante da quinta temporada, se não da série toda, no entanto, é “No Man's Land”. June e Luke fazem uma incursão por terras de ninguém (em busca de informação sobre Hannah) onde June é capturada para ser executada em Gilead ou pelo caminho. Entretanto, Serena é enviada para um Centro de Informação de Gilead em Toronto, tipo uma embaixadora informal, mas o Centro é depressa fechado. Ficamos a saber que Gilead tem gente rica e poderosa do seu lado no Canadá, e Serena vê-se “refugiada” na casa dos Wheelers. É um paralelo com os Waterfords, porque Mrs. Wheeler prende Serena na propriedade e tenciona roubar-lhe o bebé. Pela primeira vez, Serena sabe o que é ser uma Serva, e não gosta nada.
Conseguindo convencer Mr. Wheeler de que quer ser ela a matar June, consegue fugir da mansão, já em trabalho de parto. E assim as duas inimigas confrontam-se em pleno matagal, sozinhas. Muito contra a sua vontade, June ajuda Serena a ter o filho. A solidariedade feminina sobrepõe-se ao ódio. Esta série não é sobre a infertilidade; pelo contrário, o tema principal é a maternidade.
Este foi um dos melhores episódios que eu já vi na vida, por todas as razões e mais alguma, e especialmente pelo realismo com que se desenrola o parto. Se Elisabeth Moss faz um papelão quando teve de dar à luz Nichole sozinha, Yvonne Strahovski não lhe fica atrás. Se Serena Joy merecia ajuda? Talvez não, mas June é incapaz de virar as costas a outra mulher em dificuldades. Talvez agora, que Serena está em muito maus lençóis, June consiga seguir em frente e dar a vingança por terminada.

O fim está próximo
O que podemos esperar da última temporada? Eu gostava de ver a redenção de alguns personagens. Mas não quero, NÃO QUERO, ver o apaixonado Nick Blaine na Parede, nem Luke, ou, pior ainda, a pobre Janine (a quem saiu a sorte grande ao ser colocada na casa de Lawrence e não percebeu a oportunidade que deitou fora. Se ao menos June lhe tivesse contado mais coisas…) Lawrence e Lydia podem muito bem acabar na Parede, se bem que eu preferisse uma redenção. Mas é possível redimir Lydia? Duvido. E Serena Joy, terá finalmente a epifania de perceber que o seu papel é ajudar a derrubar Gilead, da mesma forma que derrubou o governo dos Estados Unidos? E o desgraçado Mark Tuello, que tem um fraquinho romântico por Serena, terá alguma sorte?
Por último, e June? Esta é uma mulher capaz de tudo para resgatar a filha Hannah. Será que vamos ter um final feliz… ou não? Isto é “The Handmais’s Tale”, não esqueçamos. June já gastou toda a sorte que tinha.

ESTA SÉRIE MERECE SER VISTA: 3 vezes

domingo, 5 de março de 2023

Unfriended: Dark Web / Desprotegido: Dark Web (2018)


Moral da história: nunca roubem um computador, mesmo que seja um portátil esquecido há meses na secção de perdidos e achados. Nunca se sabe a quem pertenceu e as porcarias que vêm lá dentro. É o que acontece ao protagonista, aliciado por um portátil muito melhor do que o dele a quem o dono nunca mais vinha reclamar.
O início do filme é chato, admito. Apenas um grupo de amigos no Skype a jogar um jogo qualquer. Mas de repente o protagonista recebe uma mensagem ameaçadora: TENS O MEU COMPUTADOR! QUERO-O DE VOLTA!
O protagonista até está na disposição de o devolver, mas o caso complica-se. Alguém lhe pirateia o computador e o transporta para a Dark Web, onde o protagonista percebe que está metido com um grupo de serial killers contratados que matam para satisfazer os caprichos sádicos de uma clientela pagante. (Vi um episódio assim em “Mentes Criminosas”.) E ponha-se sádico nisto, sádico a nível de “Saw”.
Nesta altura, por momentos, pensei que raio de hacker de meia-tigela, metido nestas actividades criminosas, seria parvo o bastante para perder o portátil num cyber-café qualquer. Mas também isto tem uma razão.
A partir daqui os acontecimentos sucedem-se muito depressa. Todos os amigos no Skype são pirateados e monitorizados, dos computadores aos telefones. Se alguém chamar a polícia, alguém morre. Saindo do mundo virtual, subitamente o perigo é bem real e iminente.
No fundo, este é mais um daqueles filmes de “matar adolescentes” adaptado às novas tecnologias aparentemente inofensivas que todos nós usamos. Até cairmos numa rede criminosa da Dark Web…
Aconselho vivamente e não me responsabilizo pelos pesadelos que possa causar. “Unfriended: Dark Web” é um filme de terror que não nos vai sair da cabeça.

15 em 20