sábado, 19 de fevereiro de 2005

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005

Os meus amigos e os inimigos deles

Ou... porque passo o fim de ano sozinha a maior parte das vezes.

Veio uma recente situação recordar-me do que dá ter amigos muitos diferentes uns dos outros.
Passo a explicar. Quando alguém tem diversos interesses na vida, e mesmo quando esses interesses parecem incompatíveis entre si, acontece que uma pessoa se move em diversos círculos do mundo, às vezes até mesmo entre classes sociais.
Desses contactos, aparecem inevitáveis amizades com quem se partilha do interesse comum. E até aqui tudo bem.
A porca torce o rabo quando, por alturas de festarola, uma destas criaturas de interesss diversos (para não dizer eu) decide juntar os amigos. E aí percebo - aliás, já percebi há muitos anos - que estes só têm uma coisa em comum, que é o facto de conhecerem determinada pessoa (para não dizer eu).
Certo ano, tive mesmo o dilema de escolher entre dois grupos.
À medida que os anos passam, os grupos com que me relaciono vão-se tornando cada vez mais numerosos e a variedade de amigos incompatíveis aumenta exponencialmente.
Isto é apenas uma constatação. Algo que acontece. Alguns de nós têm um grupo e pertencem a esse grupo durante toda a vida. Outros, dispersam-se. Eu sou dos que se dispersam.

Vem isto a propósito... Não, deixá-lo. Era só para dizer que estou habituada ao fenómeno e que o lamento e que o compreendo mas que nada posso - ou melhor, quero - fazer contra ele.

Eh bien. Como diria o vampiro Lestat, esse poço de sabedoria.

Porque me lêem, leitores?

Vem isto a propósito do comentário do Klatuu que... Esqueçam. Se não leram, não leiam. Não vos quero influenciar.
Gostava que me dissessem porque me lêem.
Esta pergunta, curiosamente, já foi feita há tempos noutro blog que eu frequento (e também não vou dizer qual para também não vos influenciar) e lamento que tenha dado uma resposta perfeitamente a despachar. Ainda não estava na fase filosófica que me tem atacado nos últimos tempos.
Digam, mas não façam como eu. Digam-no de forma inteligente.

Porque vêm aqui?

Your Seduction Style





Your Seduction Style: The Charismatic





You're beyond seductive, you're downright magnetic!
You life live and approach seduction on a grand scale.
You have an inner self confidence and energy that most people lack
It's these talents that make you seem extraordinary - and you truly are!


terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

O dilema

O que fazer? Se o PP tiver uma votação mais expressiva, a coligação continua no poder.
Segundo a última sondagem de que tenho conhecimento,


Admitindo que os quase 7% de inquiridos não irão votar, a distribuição dos votos seria a seguinte: PS – 44,5%, PSD – 31,3%, CDS-PP – 7,4%, CDU – 6,9% e BE – 6,4%.


Muito pouca margem de manobra para votar com o coração em vez de votar com a cabeça. Não quero a responsabilidade de eleger Santana Lopes e de o manter como primeiro ministro. Mesmo que isso signifique ter de votar (contra a vontade) numa opção em que não acredito mas em que, mesmo assim, acredito mais do que a opção actual. A única opção é votar PS.
Os votos emocionais podem ficar para a próxima. Existiu um factor de azar para Paulo Portas que foi o facto de Durão Barroso ter abandonado o governo antes de tempo e deixar o partido abandonado à solução em que os portugueses não votaram. Má hora para o PP.
Em caso de dúvida, não vou votar em quem quero mas contra quem não quero.
Vou ficar à espera das sondagens. Até domingo é vindima.

O debate
1) Fez-se sentir a falta da voz da CDU. Um infortúnio assim o ditou e Jerónimo de Sousa ficou afónico. É pena mas é destas coisas que se faz a História.
2) Santana Lopes é um homem humano. Ninguém o nega. Simplesmente não tem a mínima capacidade para ser primeiro ministro. Não há pior defeito do que não ser capaz de se ver ao espelho.
3) Sócrates... A incógnita a que a maioria dos portugueses quer entregar o país. Terá capacidade, não terá? Ainda não vi a prova, nem por palavras nem por actos. Há algo de trágico e fatalista nesta tendência portuguesa de votar no Mistério.
4) O Bloco de Esquerda deu um passo maior que as pernas e nem acredita no que lhe aconteceu. Sobressaindo do meio da mediocridade, teve o destino que era suposto, ser projectado para a governação, mas esse nunca foi o objectivo e de repente todas as fragilidades da utopia se revelam na sua impossibilidade. É agora um partido à espera de uma redefinição.
5) Paulo Portas é o homem certo no partido errado. Apesar das suas ambições é-lhe impossível, até por hábito de voto dos portugueses, chegar a primeiro ministro à frente do CDS-PP. O partido está demasiado conotado com a ditadura embora essa identificação automática se tenha tornado injusta e o partido se tenha renovado de tal maneira que um dos seus fundadores, Freitas do Amaral, aconselha o voto no PS. Prova de que tudo muda e, nos dias de hoje, tudo muda muito depressa.

sábado, 12 de fevereiro de 2005

Estranhos

Já não condeno as pessoas por não me compreenderem. Esse tempo já passou. Às vezes gostava que não tentassem compreender porque não acertam, e isso perturba-me. Tem-me perturbado muito nos últimos tempos. Não me refiro ao blog. Refiro-me a pessoas que me conhecem e tinham obrigação de me conhecer - e não conhecem. Porquê? Porque não me conhecem? Se sabem tudo sobre mim, porque não me conhecem? Será desinteresse, será preguiça? Será culpa minha? Muito provavelmente.
O que é que eu tenho de tão secreto? Falarei demais? Impedirei as pessoas de fazerem perguntas? Ou será apenas aquela sensação tão bem conhecida da infância, em que havia aquela distância entre mim e as outras crianças e os adultos eram demasiado crescidos? Aquela sensação familiar de ser muito crescida para a idade e de ter pouca idade para os crescidos?
Continuarei a ser invejada pelos mais novos por ser admirada pelos mais velhos? Como por ter "muito bom" na redacção da 4ª classe?
Mas não percebem como estou perdida no meio, e sozinha? Não, "sozinha" é uma palavra demasiado banalizada. "Isolada" é mais o caso.
Lembro-me que na adolescência tentei explicar aos da minha idade exactamente o que se passava, e o que sentia, mas verifiquei que a falta de experiências não os deixava perceber. Hoje algumas pessoas chegam ao sítio onde eu estive há 10 anos e dizem-me "Vê lá, estou aqui". E eu digo: "Também estive aí". Depois descrevo o lugar.
Depois percebem que "estou além". O que não percebem é que também estou "aquém" de qualquer lugar.
Fiquei perdida. Entre mundos.

Porco à moda do Goldmundo

Porque não é toda a gente que consegue escrever assim e que de facto assim o escreve, aqui fica a transcrição, por sua vez já transcrita no blog homenageado, do que se escreveu na Ribeira Negra a propósito do Tapornumporco.

Tapor

Devo ao nome improvável de Aloïsio Montoya (com quem polemizei amargamente em Paris no rescaldo da segundo colóquio Sternberg sobre os desaparecidos manuscritos warburguianos) a última zanga com a inquieta Isabel Torrijo, e o primeiro encontro com a minha obsessão pelos espelhos quebrados de Coimbra. Cismava o sábio de Siracusa (tive nas mãos a edição veneziana da sua Hepteromachia Philoctaica, na obscura loja de Sesimbra a que me atraíra um vistoso e inútil catálogo de José Cebola) que huius in adventum iam nunc et Caspia regna responsis horrent divum, e no entanto nunca vislumbrei tão nitidamente o horror do familiar conceito de biblioteca como naquela tarde em que, procurando sonolentamente na net não sei que versos esquecidos do gongórico Canotillo - talvez o sublime soneto Se tu, magra Heritrópia, sempre foste - encontrei a denominação obscena do impostor repetidamente associada a um blog coimbrão que se murmurava ser mantido por muitos para ser, apenas, as faces incompletas do Único.



Desviei-me por um instante - nunca o lamentarei o suficiente - da doce música do autor da Cariátide Justíssima para contemplar a ligação que o acaso permitira ao plagiador de von Sttautfeld para com a desconhecida sigla TAPOR. Recordo-me, como num sonho, de percorrer textos impossíveis assinados por Dervixe (julguei reconhecer o estilo do meu amigo Luciano de Freitas) e comentários de Mangas que apenas pareceriam espontâneos a quem não conhecesse profundamente as catorze regras que sustentam o I Ching. Recuei perante o gnóstico cinismo de Manolete. Assombrei-me junto às imagens barrocas de Mefistófeles. Lembrei-me então de que, na terceira conjunção dos mistérios órficos, TAPOR era o nome secreto do deus estilhaçado, pronunciado apenas pela boca da mais jovem das sacerdotisas. (.......................)



Em Nova Delhi, num Setembro feito de nevoeiro e de remorsos, quis vislumbrar a esguia silhueta de Automotora. Garantiram-me nesse ano, em Buenos Aires, que o neto de Pedro Hernandez fora desafiado por Grunfo no coração do Barrio Limpio, depois de uma noite ineteira de jogo e de complacência. A própria Isabel Torrijo (....................)



A simplicidade é a marca maior do labirinto, o inacabado a marca das mãos unicamente humanas. Com as mesmas letras de TAPOR tu dizes TRAPO e TROPA, e com isso o infeliz Humberto Segovia morreu acreditando que encontrara Coimbra, quando afinal só cruzara a insidiosa Toledo. A palavra PARTO evocava desagradáveis reminiscências a Leopoldo Fugavilla, e o chileno desistiu da busca a um passo do que poderia ter sido a nossa glória e a sua maldição. Coube-me a mim, humilde funcionário da Segunda Repartición de Pesos y Medidas da Provincia de Guardanapos, adivinhar a verdade escondida na PORTA férrea. Nos trinta anos seguintes continuei a carimbar os sobrescritos e a copiar diligentemente os relatórios quotidianos de Laura Tyniosa. Pesa-me agora, que vou morrer, não partilhar o segredo dos espelhos. Compreendi o TAPOR, e quem sabe tu poderás (...............)

Posted by: Goldmundo

Mais comentários

Porque eu não resisto...

Primeiro que tudo, estou completamente esclerosada ou não foi Marx quem introduziu o conceito de massas e elites?



A esmagadora maioria dos cidadãos não vota num partido só por um assunto, e dizer o contrário é ignorar 100 anos de investigação em Ciência Política. Quando questionados sobre os programas e propostas partidários, as respostas dos cidadãos inquiridos levam-nos a concluir que estes votam em "cabaz": gostam de umas propostas, não gostam de outras, são indiferentes à maioria. Fazem a média das propostas e votam no partido que apresenta o melhor (ou menos mau) conjunto de propostas.
Fernando


Exactamente.


Acho toda esta discussão absolutamente extraordinária.
Goldmundo


Já somos dois.


Caríssima... ñ comentei a tua intenção de voto, pq em nada me surpreendeu... o PP é neste momento tb o partido q está a capitalizar com os deprimidos em massa q as condições actuais do País produzem como as pobres das galinhas são exploradas no seus ovos! Eu detesto conservadores cristãos... os seus vícios, políticos e ñ só, são-me insuportáveis! Mas ñ penses q se o País desse uma volta (para um regime com um maior critério de qualidade, exigência, rigor e desígnio... é um eufemismo, claro!)... eu gastaria balas com o senhor Portas... Não! Colocá-lo-ia frente a um muro... e dp tentaria acertar-lhe... atirando-lhe repetidamente com o Sócrates, o Santana, o analfabeto da CDU, o Louçã, o Sampaio, etc, etc, até q o referido senhor desmaiasse de feminina síncope!
KLATUU


Tinha mais ou menos a ideia de que seria a tua posição.
Começo a conhecer-te. Be afraid, be very afraid. Ahahah!


esta gótika pra além de ser uma vaca tótó ainda apaga as criticas do people que lhe diz as verdades...................és mesmo triste ó gotikas
PP vais votar no PP? deves mesmo ser chanfrada dops cornos ó minha...................va lá apaga lá ..lolol k eu fico tão chateado...
sportbilly


Diz lá outra vez, o que é que era mesmo?... Ah, que eu apago os comentários.

Twist of fate

Tenho um emprego novo. Com contrato e regalias socais e isso tudo. Na minha área. Mais ou menos.
(Estou tão cansada!)
Como é que isto aconteceu? Reviravolta no destino.

Foi de repente. Aquelas coisas que nos acontecem sem a gente saber como. A mim está sempre a acontecer. Às vezes até percebo as pessoas que dizem que a certeza da mudança é tudo o que nos resta para continuar a ter esperança.

domingo, 6 de fevereiro de 2005

Eleições II

Bem, confesso que estava com medo de vir aqui depois do post sobre a minha intenção de voto. Mas fiquei surpreendida. Estava à espera de uma saraivada de críticas sem justificação. Surpreenderam-me, leitores.
De modo que vou responder aos comentários mais relevantes aqui, como forma de fazer um post explicativo e partilhar algumas coisas mais.

Vale a pena passar algum tempo debaixo da cama para depois explodir neste tsunami de coerência e lucidez *aplausos*.

De Jesus Rocks


Sabes que sou assim. Nos últimos dias, por exemplo, estive escondida debaixo da cama por razões que ainda não estou preparada para revelar. Mas não, não foi por causa do debate.
Agradeço as tuas palavras.

O teu voto deve ter em conta, além da pessoa que queres empossar para ser primeiro ministro, o programa do respectivo partido. O problema de votar no PP é que se tiver bastantes votos existe outra vez a possibilidade de se coligar com o PSD, e quem é que está neste momento a encabeçar este último? O nosso "amigo" que devia ter o autocolante na penca em Alcântara em vez do Portas. Eu não voto no PP porque não é a minha ideologia, além disso vou votar no partido que quero ver representado na assembleia e não no candidato a primeiro ministro, até porque este partido serve para estar na oposição. BE para que não haja confusões.
Beren


Pela minha análise fria e distanciada da situação política e pelas sondagens sobre a intenção de voto dos portugueses, não há possibilidade de o PSD ganhar. (Valha-nos Deus!)
Aliás, já votei no PP nas eleições anteriores exactamente para não permitir de modo algum que o PSD tivesse maioria absoluta.
Quanto ao Bloco de Esquerda, é um partido que admiro pessoalmente e no qual votei - ainda era o PSR, Partido Socialista Revolucionário - quando não conseguia eleger um único deputado. Nos anos 90, percebi que o PSR devia ter representação parlamentar e votei neles. Apostei neles. Se o Bloco de Esquerda hoje tem representação parlamentar, deve-o a pessoas que acreditaram neles quando ninguém acreditava.
O meu voto é estratégico. Acho muito bem que votes no Bloco de Esquerda, como eu também já votei. Mas neste momento acho que o país precisa de outras prioridades bem mais urgentes do que os direitos das minorias, por muito respeito que tenha pelos direitos das minorias. Acho que já estão comprometidos os direitos da maioria.
Talvez seja um pouco verdade que há medida que se envelhece há uma tendência para passar da esquerda para a direita. Eu também não acreditava, nos tempos em que votava no PSR. Mas isto acontece.
Actualmente, não voto em ideologias mas em pessoas. O nosso país não tem essa tradição mas é assim que eu voto. O único partido em que nunca votei foi no PSD. Nunca houve um candidato que me agradasse, um único! Confesso que o PSD é um partido que me dá nos nervos, a mim pessoalmente. E pronto, não há nada a fazer. É um partido de que de facto não gosto. Nem do partido nem dos candidatos.

Estou em choque. Vais votar CDS-PP. No homem que te vai meter na prisão se tiveres que vir a abortar e n tiveres dinheiro para ir lá fora. No que pôs Portugal na guerra sob pretexto duma mentira e que tem causado a morte de milhares de civis. Naquele que andou de feira em feira a prometer a convergência das pensões com o salário mínimo nacional. Que depois chegou ao poleiro e n cumpriu com a palavra. Naquele que AJUDOU A QUE SE ULTRAPASSASSE PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL, o meio milhão de desempregados. Está bem. És crescidinha para teres consciência. Sugiro-te que se continuares no call center, te lembres do senhor em quem votaste dia 20 de Fevereiro. Saudações fraternas BLOQUISTAS
Rita


Cara Rita,
sobre o teu primeiro ponto, o direito a abortar, tenho a dizer apenas isto: houve um referendo. Eu fui votar. A maioria dos eleitores não se deu a esse trabalho.
Votei não. Votei não porque acho que uma vida começa no útero. Votei como me ditava a consciência. Mas votei.
Nunca, nunca!, me passou pela cabeça que o "não" ia ganhar.
Mas, mesmo que passasse, não deixava de votar não. O aborto não é, ao contrário do que muita gente pensa, um método contraceptivo fora de horas. Há que haver responsabilidade.
Mas não quero transformar isto num discurso sobre o aborto. Até porque se sou contra o aborto, sou totalmente pelo direito à eutanásia com o consentimento da pessoa em causa. Vou mais longe. Sou a favor do suicídio assistido.
Parece-te uma contradição? Paciência. Para mim são duas coisas completamente distintas. O feto não pode pronunciar-se. O adulto pode. Aqui está a diferença.
Isto é para te mostrar que por votar numa pessoa não sou obrigada - era só o que faltava! - a concordar com todas as suas ideias. Por exemplo:

No que pôs Portugal na guerra sob pretexto duma mentira e que tem causado a morte de milhares de civis.

Isso foi um erro crasso e inadmissível. Discordo totalmente dessa opção, como deves imaginar depois do meu post a elogiar Zapatero por ter retirado as tropas do Iraque.
Mas o que está feito está feito.
Vou fechar os olhos? Sim, vou. Porque também votei no Presidente que impediu que o exército fosse mobilizado para o Iraque. A nossa presença no Iraque, meia dúzia de GNRs, foi mais marketing que outra coisa.
Sei o que faço. O nosso sistema misto parlamentar/presidencial permite-nos escolher um poder que contrarie e contrabalance o outro. Foi o que eu fiz. Como os analistas costumam dizer, "não pôr os ovos todos no mesmo saco". Porque se o saco cai, partem-se todos.

Naquele que andou de feira em feira a prometer a convergência das pensões com o salário mínimo nacional. Que depois chegou ao poleiro e n cumpriu com a palavra.

Todos prometem isso. Ninguém cumpre porque ninguém pdoe cumprir. Porque a situação económica está tão caótica que isso não pode ser cumprido.
Por outro lado, quem é que acabou com o SMO (Serviço Militar Obrigatório)? Então não é que foi o próprio Paulo Portas?
Sabes ou não sabes como o SMO era um flagelo para os jovens da minha geração? E, do mais irónico que possa haver, foi o ministro do Dia da Defesa Nacional que deixou o seu nome escrito junto com o fim do SMO, contra o qual eu estou a lutar desde que me lembro. Eu e o PSR!
É como eu digo, a situação é anómala. A direita cumpre as promessas da esquerda.

Naquele que AJUDOU A QUE SE ULTRAPASSASSE PELA PRIMEIRA VEZ EM PORTUGAL, o meio milhão de desempregados. Está bem. És crescidinha para teres consciência. Sugiro-te que se continuares no call center, te lembres do senhor em quem votaste dia 20 de Fevereiro.

Culpar o CDS-PP por uma situação gerada por todos os partidos que estiveram no poder nos últimos 10 anos (já nem falo nos 30) é simplesmente injusto. A nossa situação económica é grave e não era de esperar outra coisa senão o aumento do desemprego. E acredito que vai continuar a aumentar, seja qual for o partido que estiver no governo. Porque, a verdade é essa, o Estado não é um Salvador. É preciso que a economia crie emprego por si própria. Já aqui expliquei as razões porque acho que a nossa economia está a atrofiar. Grande parte da culpa é do Estado, mas não é . Grande parte da culpa é da mentalidade. O que o Estado pode fazer é cultivar uma política de mérito.
Por exemplo, começando por não abolir exames no Ensino. Pedir exigência, não facilitismo. E o facilitismo tem sido a opção do Estado, em todos os domínios. Os resultados estão à vista.

Saudações fraternas BLOQUISTAS

Não me identifico com partidos por isso não posso retribuir com saudações de direita ou de esquerda. (Aposto que também deves estar admirada por eu ter votado no PSR quando era altura disso.)
Mando-te saudações góticas.

Quanto às cunhas. Já tinha estado a pensar nisso, e sempre achei que há dois tipos de cunhas: as "cunhas boas" e as "cunhas más". As más, as que realmente corroem a sociedade, são aquelas em que se favorece o primo ou a sobrinha não sei de quem, sem que a pessoa em causa tenha feito nada para merecer o posto; as "boas" são aquelas em que se dá o posto preferencialmente a uma pessoa porque se a conhece e se sabe como trabalha e do que é capaz, mesmo não tendo o melhor curriculum de entre os candidatos.

(...)

badoo


As que tu chamas "cunhas boas" não são cunhas. Se eu tiver uma empresa e te conhecer e te contratar porque conheço o teu trabalho, não te estou a contratar por cunha.
Agora, de repente, apercebi-me que não existe uma noção clara do que é uma cunha. Uma cunha é quando se pede a alguém: "arranja um emprego para esta pessoa". Não pelo trabalho da pessoa, mas por ser essa pessoa. Por ser familiar, amigo, não interessando as suas habilitações e capacidades. Simplesmente porque a pessoa precisa de trabalhar e não consegue arranjar emprego sem a "cunha". Sem os "conhecimentos".
Estas pessoas, por terem conhecimentos, passam à frente das outras todas (tendo mérito ou não). Ou seja, arranjamos emprego graças aos nossos conhecimentos, não ao nosso mérito. É isso que eu acho inaceitável, ter de depender da simpatia alheia para conseguir alguma coisa da vida. Ter de fazer "amigos" que não são amigos. Fingir. Fazer teatro. Tudo isso me dá voltas ao estômago. Vai completamente contra o meu carácter.

Sou totalmente contra qualquer cunha, o lugar deve pertencer a quem tiver melhor competência lidar com ele. Agora se o facto de conheceres a pessoa te ajudar a ver quem tem mais competência já concordo contigo. Eu sei que é difícil porque as pessoas são nossas amigas e só queremos o bem para elas mas não podemos ceder, a falta de competência é um grande problema no nosso país. Basta ver por exemplo a contrução civil em que muitas das casas são mal construtivas apenas porque não se evitam coisas tão simples não deixar fendas nas juntas de dilatação, por exemplo. Não eu não estou nessa área, mas tenho os olhos abertos.
Beren


A falta de competência vem da falta de formação de qualidade. Pede-me para pôr um tijolo e eu ponho-o mal. Porque nunca tive formação. E isto acontece em todas as empresas.
A educação em Portugal não presta. Não há exigência. Os próprios alunos e os pais dos alunos recusam a exigência. Querem o facilitismo. O resultado está à vista.
As empresas não apostam em formação. Quando a pessoa fica desempregada, fica também desactualizada e não tem competência para arranjar outro emprego. Porque passou 10 ou 20 anos a fazer uma coisa e apenas essa coisa.
É particularmente grave o que se passa nos sectores da pesca, da agricultura, dos têxteis. Nos têxteis vai ser uma razia.
As empresas pensam que a curto prazo não gastam dinheiro em formação mas esquecem-se de que a longo prazo vão precisar de pessoas qualificadas e não vão ter.
Nessa altura, vão contratar-me para pôr um tijolo e o tijolo vai ficar mal posto.

Na área da construção, principalmente, existe ainda um monstro mais diabólico que é a falta de fiscalização. A impunidade completa e total. Se o prédio cair, os inquilinos vão queixar-se à companhia de seguros. A companhia de seguros vai evitar pagar.
O caso vai para tribunal. Arrasta-se anos e anos até que prescreve. Ganha a parte mais forte por inércia do sistema.
Os cidadãos não têm direito à Justiça.
Tudo isto está relacionado com a situação pantanosa do país porque ninguém tem coragem de mexer nos interesses estabelecidos. E se ninguém mexe, não muda nada. Estagna. Apodrece. Foi o que aconteceu.
Não sou a única a dizê-lo. Há anos que o diagnóstico está feito.
Mas as pessoas estão distraídas a ver a bola. Só se apercebem quando o tecto lhes cai em cima (figurativamente). E, mesmo assim, se ainda tiverem a televisão a funcionar, são capazes de esperar pelo fim do jogo para se decidirem a fazer qualquer coisa! Ah. Ah. Ah.
É tão típico da condição humana.


(...)
Não contraries os teus ideais. A não ser que com eles [ideais de direita] te identifiques, o voto em branco é sempre uma manifestação da tua vontade. Ao contrário do não-voto, da alienação a esse acto de liberdade de expressão perante quem nos [des]governa!

(...) porque tem mérito e acredita no mérito (...)
O Hitler também teve o seu mérito, e não creio que isso seja motivo para admirá-lo... =(
eu mesma

(...)

Não se tem nada a perder [ou quase nada]. Ora, a meu ver, o difícil está no desafio de fazê-lo sem a tal base. O mérito está todo aí!!

E a título de exemplo...

Catarina Eufémia




Votar em branco é que não. É preferível votar no menos mau do que votar em branco ou não votar sequer. Votar em branco é como não votar. É um protesto, muito bem, mas quem é que liga a esse protesto? Como diria o outro, "Ninguém."
Inútil. Um voto completamente inútil.
Se as pessoas continuarem a demitir-se do acto de voto, qualquer dia temos uma ditadura. Em vez de votarem meia dúzia, não vota ninguém. Sempre se poupa dinheiro em eleições. (Isto, meus amigos, foi sarcasmo. Para os que não perceberam. Hoje em dia há que ter muito cuidado com as palavras.)

Comparar alguém da nossa democracia ao Hitler é injusto e demagógico. E se houver comparações a fazer, serei a primeira a apontá-las, não te preocupes. Estou atenta, muito atenta.

Quanto à pobre Catarina Eufémia, tenho de discordar de ti. Não existe grande mérito em arriscar tudo quando não se tem nada (ou muito pouco) a perder. Existe coragem? Claro que sim. Mas se a "Catarina Eufémia" dos nossos dias estiver entretida a ver a Quinta das Celebridades não se dá ao trabalho de ir para o campo protestar. A não ser, mais uma vez insisto, que não tenha sequer televisão. Aí, sim, começa a perceber que tem de ir protestar e arriscar tudo.
Ah, a alienação das massas é tão perigosa!

Deves ser completamente chanfrada dos cornos não? Depois de um discurso de independência e de estar acima da cunha e do favor ir votar no Paulo Portas, o que é a completa negação da subversão ao sistema. Se a maioria dos outros for como tu estamos bem lixados.
Acosta


Sim, sim, estava à espera de comentários destes.
A subversão do sistema, no meu entender, é mudar alguma coisa. A maioria dos outros não é como eu e tem memória curta e acredita numa coisa chamada "voto útil". Mas chegámos a uma situação em que é intolerável votar nos maiores partidos que acabam por fazer, ambos, o mesmo. Em que acaba por não haver diferença. Talvez seja a mudança necessária, votar nos pequenos partidos.
Não vejo mesmo o que é que o Paulo Portas tem a ver com cunhas. Se está no poder, ao contrário do nosso actual primeiro ministro, foi porque conseguiu votos suficientes para ter força para fazer uma coligação. O nosso actual primeiro ministro foi uma aberração da democracia, um imprevisto que não devia acontecer.
Paulo Portas é um político. A única coisa que pode fazer neste momento é distanciar-se o mais possível do PSD, mas, nunca esqueçamos, a função de um político é chegar ao poder. Não é ser santo.

O debate
Confesso que o debate entre Sócrates e Santana me provocou uma reacção inesperada. A certa altura senti-me constrangida por ver Santana ser cilindrado por Sócrates. Confesso, tive tanta pena do homem que por altura do intervalo preferia que dessem o debate por encerrado. Que tirassem o homem dali. É como pôr um aluno de 18 valores a competir com um aluno que passa à rasca. Nem sequer é justo.
Fiquei surpreendida com Sócrates. Não esperava tanto. Tive pena de Santana. De modo que nem lhe vou chamar palhaço outra vez, porque tenho coração.
Houve uma parte, contudo, que enterrou definitivamente o Santana. E o Sócrates também. Disse Santana, referindo-se a Portugal: "... um país que vive do turismo..."
E Sócrates deixou passar esta. DEIXOU PASSAR ESTA.
Ou seja, para ambos, já estamos condenados a ser o hotel da Europa. Nem sequer dão luta. O país vai ser uma pensão. O país já vive do turismo.
Acabe-se pois com a agricultura e com os nabos gigantes do Entroncamento, acabe-se com a pesca, acabe-se coma indústria, acabe-se com tudo menos com o comércio. Não se produza nada. Venda-se tudo. Seja o país uma grande Feira da Ladra.
Empregue-se a Catarina Eufémia no El Corte Inglés.
É isto que os portugueses querem? É mesmo isto? Eu não quero.